Direto do túnel do tempo (188)

Stock-Car - Tarumã - 1979 - Primeira CorridaRIO DE JANEIRO –  A foto acima pode não ser um primor, mas é histórica. É o registro da quadriculada para Affonso Giaffone, o primeiro vencedor da Stock Car em todos os tempos, no dia 22 de abril de 1979, em prova realizada no Autódromo de Tarumã, no Rio Grande do Sul.

A categoria surgiu, com o apoio da General Motors do Brasil, com os modelos Chevrolet Opala, já uma lenda das pistas brasileiras por conta do domínio nas provas de Divisão 1 a partir de 1976. Partindo do regulamento daquele campeonato, mas diminuindo o peso do carro, aumentando a taxa de compressão do motor e a potência do 250-S, mesmo com pneus radiais, a Stock Car atingia, já no começo do campeonato, respeitáveis 225 km/h de velocidade máxima.

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Na primeira prova, o grid foi modesto. Apenas 10 carros competiram, aumentando para onze com a chegada de ninguém menos que Ingo Hoffmann, que por lá permaneceria até se aposentar das pistas, com quase uma centena de triunfos e 12 títulos, um recorde bem difícil de ser batido. A categoria começou a mostrar sua força ainda naquele ano de 1979 e hoje, entre idas e vindas, altos e baixos, tornou-se uma das principais do automobilismo brasileiro.

A Stock Car está longe de ser comparada às referências do Turismo internacional, como quer fazer crer a Globo, que dá espaço à categoria em sua grade desde 2000 e divide as transmissões com o canal a cabo SporTV. Não há parâmetro de comparação com o DTM, com o V8 Supercars Australiano e, principalmente, com a Nascar, mesmo com os motores derivados da categoria estadunidense. Cada uma tem suas características, conceitos e regulamento. E tentar fazer paralelos entre elas é descabido.

A Stock Car é, sim, relevante, mas precisa deixar de ser refém de muitas coisas para que consiga, apesar de tanto tempo de existência, se consolidar como referência do esporte a motor.

Há 35 anos, direto do túnel do tempo.

Terceira coluna

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RIO DE JANEIRO – Fim de mês e ontem foi dia de publicação de mais uma Coluna Parabólica no site Grande Prêmio. Desta vez, o destaque vai para a corrida de duplas da Stock Car, seus erros e acertos. Falei também sobre Felipe Fraga, o jovem e talentoso piloto do Tocantins que escreveu seu nome na história da categoria.

O link está aqui. Boa leitura. E comentem, por favor!

Dionisio Pastore (1957-2014)

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RIO DE JANEIRO – Triste dia para o automobilismo brasileiro, com a notícia surpreendente e inesperada da morte de Dionisio Pastore, um dos maiores kartistas da história do país. Um infarto nos separou de seu convívio nesta quinta-feira. Ele tinha 56 anos.

Nascido em 1957 no estado de São Paulo, formou-se em arquitetura e urbanismo. Mas foi nas pistas onde pôde mostrar seu talento. Teve que esperar até 1970, quando completou 13 anos, para poder competir. Ficaria nas pistas por quase uma década e meia e nesse período, conquistou títulos do Campeonato Paulista e do Brasileiro, além de disputar por duas vezes o Mundial de Kart.

Como orgulho de toda uma vida, Pastore competiu contra os grandes craques da modalidade: Carol Figueiredo, Waltinho Travaglini, René Lotfi, Zeca Giaffone, Antônio Lopes, Toninho da Matta, Manfredo Holschauer, Mário Sérgio de Carvalho, um certo Ayrton Senna e gringos como Terry Fullerton, Mike Wilson e Peter Koene, entre outros.

No Superkart, categoria que competiu antes de se despedir das pistas no início dos anos 80, teve como adversários nomes como Emerson Fittipaldi, Maneco Combacau, Lian Duarte, Totó Porto, Paulo Carcasci, Oswaldo Negri, Túlio Meneghini e Renato Russo. Recentemente, Pastore voltara a se envolver com a velha paixão dos anos 70, atuando como chefe de equipe, organizador e piloto da categoria “Vintage Kart”.

A toda família e amigos de Dionisio Pastore, enviamos os mais sinceros votos de pêsames através deste blog.

Fúria Fenemê

tumblr_n088t3wCum1qcgmxso1_1280RIO DE JANEIRO – Este foi sem dúvida um dos carros que marcou a história do automobilismo brasileiro. Projeto de Toni Bianco, o Fúria vermelho número #26 correu com motor FNM 2 litros do JK durante o ano de 1970, sempre com excelentes resultados.

Quem desfilava sua competência a bordo do protótipo era Jayme Silva, que durante muito tempo foi piloto Simca, ao lado de Ciro Cayres, Fernando “Tôco” Martins e Pedro “Jaú” Aguera. A partir de 1968, com o fim da Simca no país, já que a marca francesa foi absorvida pela Chrysler, Jaime mudou para os carros da “Fenemê”, com mecânica italiana da Alfa Romeo.

Quando o Fúria, um herdeiro direto do conceito do protótipo Bino Ford, foi concebido, Jaime foi a escolha natural para guiá-lo nas corridas de média e curta duração, tendo Ugo Gallina como parceiro nas provas longas como os 1000 km de Brasília e as Mil Milhas.

Mas foi nos eventos em que Jayme guiou sozinho que o carro brilhou: o Fúria FNM foi 2º colocado nos 500 km de Interlagos após uma briga fortíssima com o Bino de Luiz Pereira Bueno, com direito à melhor volta da corrida, na média horária de 176,802 km/h. E na inauguração do Autódromo de Tarumã (foto acima), em 8 de novembro de 1970, Jaime derrotou não só o Bino do “Peroba” como também uma série de outros excelentes carros.

Jayme correu ainda com versões do Fúria equipadas com motores BMW e Lamborghini. E tempos depois, ao deixar o volante, se tornaria um dos mais respeitados preparadores do automobilismo brasileiro, fazendo motores campeões na Stock Car para os irmãos Giaffone.

Primorosa

tumblr_my1hjyZU7z1qcgmxso1_1280RIO DE JANEIRO – Concordo ipsis litteris com o que está escrito na lataria desse FNM JK 2150: uma atravessada primorosa no que parece ser Tarumã. Quem terá sido o autor dessa manobra a bordo desse carro, que eu considero um dos mais elegantes já construídos no país?

Cartas para a redação.

A união faz a força

1620344_661361980593310_1659536087_nRIO DE JANEIRO – Este é o logotipo – cortesia, aliás, do craque Bruno Mantovani – de um novo campeonato que, esperamos, traga fôlego para o combalido automobilismo brasileiro.

Todo mundo sabe de que forma terminou a última temporada do Brasileiro de Grã-Turismo, que foi travestido de Sul-Americano: um certame inacabado, repleto de incertezas com relação ao seu futuro e a categoria praticamente morta, entregue ao “Deus dará”.

Chegamos a imaginar que os carros dos sonhos estariam fora de nossas pistas em 2014, mas foi feito um trabalho de bastidores onde uma das personagens mais importantes nesse processo foi o sr. Johnny Weisz, que iniciou gestões para a sobrevivência do campeonato. Deu certo.

A união fez a força – perdoem pelo dito popular batidíssimo – e a presidente da Fórmula Truck Neusa Navarro Félix confirmou a parceria com o novo campeonato GT Pro, que terá um calendário de seis rodadas duplas e 12 corridas, começando em 17 e 18 de maio com a etapa programada para Interlagos, em São Paulo. Também haverá corridas em Goiânia, Guaporé, Cascavel, Brasília e mais um autódromo no Rio Grande do Sul  – Tarumã ou Santa Cruz do Sul, a definir.

Os fãs até podem não entender como duas categorias tão díspares de conceito poderão conviver nos mesmos autódromos neste ano. A situação do automobilismo brasileiro, repito, está longe de ser a melhor. Mas nem tudo está perdido: a Fórmula Truck agrega a ela o público da GT Pro e vice-versa. Todos sairão ganhando. É o que se espera a partir de agora.

Sucesso à GT Pro nessa união com a Truck. Que renda muitos frutos para todos!

Direto do túnel do tempo (158)

1551777_698040400230870_928407779_nRIO DE JANEIRO – Autódromo de Jacarepaguá (que saudade…), anos noventa, possivelmente 1991. Preparado para largar em mais uma etapa da Copa Shell de Marcas e Pilotos – e acho que eu estava lá, Andreas Mattheis no Voyage número #1, provavelmente em alusão ao título conquistado em parceria com Ricardo Cosac no ano anterior.

E vejam as arquibancadas cobertas… bom público, não? Ainda éramos obrigados a ouvir que carioca trocava corrida por um dia de sol e praia. Contem outra! Quem gosta de automobilismo, faça chuva ou sol, estava presente sempre!

Há 23 anos, direto do túnel do tempo.

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RIO DE JANEIRO – Parece Toyota TS030 Hybrid… lembra também o Peugeot 908 HDi FAP, mas não é nada disso. É uma criação made in Rio Grande do Sul, tchê!

Eis o MRX Coupé que vai estrear neste fim de semana da 32ª edição das 12 Horas de Tarumã, cujos treinos começam nesta quinta-feira com sessões livres e classificatórios na sexta. O carro foi construído em pouco mais de um mês por Ademar Moro, Paulinho Felten e equipe.

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Com peso de 750 kg e rodas aro 18, o protótipo terá um motor Audi Turbo de 400 HP de potência. A “caranga” será guiada por Cláudio Ricci, pelos irmãos Vinícius e Felipe Roso e também por Davi Dal Pizzol.

É a turma dos Pampas dando exemplo de como se faz automobilismo bem-feito, sem frescuras. Por isso a Endurance sobrevive no extremo sul do país e é por isso que eles se preocupam com o produto regional – já que a nível nacional ninguém faz nada que preste pela modalidade.

Fotos: reprodução Facebook/Cláudio Ricci

Fim da linha para o Gran Turismo no Brasil

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RIO DE JANEIRO – Um passarinho acaba de me contar via Facebook algo que muita gente desconfiava que já estava encaminhado, mas pelo visto será oficial: não teremos mais corridas de Gran Turismo no Brasil em 2014.

A mim, só cabe lamentar. É mais uma competição que engrossa a lista das “finadas” na atual administração da Confederação Brasileira de Automobilismo. Mas, nesse caso, cabe eximir a CBA de culpa pelo fim desta competição. Os problemas vão muito além e se avolumaram ao longo deste ano. A categoria não conseguiu reunir interesse de muitas equipes, ninguém trouxe carros novos e – vamos e venhamos – a questão do regulamento foi um dos acontecimentos que mais interferiu no fim do Gran Turismo por essas plagas.

No começo, em 2007, quando o campeonato foi criado, ele seguia as normas de Balanço de Performance da SRO, que foi sócia do evento durante algum tempo. Quando a SRO foi jogada para escanteio, as coisas começaram a degringolar e era questão de tempo que o barco afundasse. A Loyal Sports, pelo visto, não soube segurar o rojão e o resultado está aí. Mais uma competição morta e enterrada no automobilismo brasileiro, onde os últimos campeões foram Marcelo Hahn (GT3), Pierre Ventura/Cristiano “Tigrinho” Almeida (GT Premium) e William Freire/Duda Oliveira (GT4).

É uma pena. Chegamos a ter 34 carros no grid de uma das corridas – eu, inclusive, estava presente nessa ocasião e em dois anos, tudo acaba. E pensar que muitos de nós envolvidos com o esporte achamos que esta categoria, um dia, bateria a Stock Car como a mais competitiva e espetacular do país.

À exceção honrosa da Fórmula Truck, muito bem conduzida pelos que herdaram o campeonato das mãos de Aurélio Batista Félix, caminhamos para a praga chamada monomarca em terras tupiniquins (e que fique claro que a Porsche Cup é uma exceção porque sua fórmula é idêntica a de campeonatos já existentes há pelo menos 20 anos) – e com cada vez menos gente envolvida no automobilismo e mais categorias nas mãos de um grupo restrito.

É uma vergonha que isso esteja acontecendo em tempos de diversidade no resto do mundo.

O Brasil é a vanguarda do atraso.

Bons tempos…

1422520_668829229804108_548722551_nRIO DE JANEIRO – O automobilismo brasileiro já foi muito mais valorizado pelos patrocinadores. E sobretudo, muito criativo.

Esse protótipo da foto é o Casari A-2 (a.k.a. Repe 227), construído pelas mãos habilíssimas de Renato “Martelinho de Ouro” Peixoto, tendo como base um chassi de Fórmula Ford que ficou por aqui quando do Torneio BUA, vencido por Emerson Fittipaldi.

Todo com carroceria em alumínio, o carro tinha motor Ford Cortina 1,6 litro quando foi concebido, em 1970. No ano seguinte, o motor era um Holbay também de 1,6 litro – com bloco de ferro e mais potente. Com o fim da equipe de Norman Casari, o Casari A-2 virou Repe – as iniciais de Renato Peixoto.

Aliás, a equipe de Norman Casari foi uma das primeiras que trouxe patrocínios de grandes empresas brasileiras – muito antes da criação da lendária escuderia Hollywood. Em 1970, ele montou sua equipe para a disputa das Mil Milhas com a lendária Lola T70 Chevrolet arrendada junto aos irmãos De Paoli para ele e Jan Balder competirem – com o patrocínio da Brahma. O visual dos carros foi feito por um uruguaio, Eddie Moyna.

Na corrida disputada há 43 anos, em 22 de novembro, o Casari A-1 correu com Milton Amaral/Bob Sharp e o A-2 com Renato Peixoto/Carlos Erimá, terminando ao fim da disputa como o melhor carro do time, em 8º lugar, com 190 voltas completadas. A Lola chegou em 10º e o Casari A-1 não chegou ao fim.

 

Um ano sem Jacarepaguá

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RIO DE JANEIRO – Passou rápido. Até demais. No dia 28 de outubro do ano passado, o Autódromo Nelson Piquet, em Jacarepaguá, deu seu último suspiro com uma corrida do Regional de Marcas. A saudosa pista, palco de grandes vitórias de Nelson Piquet na Fórmula 1, de André Ribeiro e tantos outros pilotos na Fórmula Indy e de títulos de Valentino Rossi no Mundial de Motovelocidade, infelizmente agora é passado.

Somos o único país que renega um esporte que, também no passado, nos ofertou três pilotos campeões do mundo. Fomos capazes de deixar acontecer essa vergonha que foi a destruição de uma praça esportiva sob o pretexto torpe dos Jogos Olímpicos de 2016, à guisa de especulação imobiliária. Isso não é segredo para absolutamente ninguém: o terreno era cobiçado pelas empreiteiras, com quem certamente a prefeitura carioca fez acordos para financiar a ‘vitoriosa’ campanha de reeleição do atual alcaide.

Também não é segredo que a dèbacle de Jacarepaguá tem culpados – com nome e sobrenome: Cesar Epitacio Maia, então prefeito do Rio de Janeiro, que mudou o zoneamento do IPTU daquela área, transformando uma região durante décadas tomada pelo mato e que era de Jacarepaguá em Barra da Tijuca; o sr. Carlos Arthur Nuzman, que se locupleta há décadas no confortável cargo de presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, os asseclas dos dois supracitados e os demais envolvidos.

Nos empurraram os Jogos Pan-Americanos goela abaixo e querem fazer o mesmo com as Olimpíadas, numa cidade e num país totalmente despreparado, onde grassa a corrupção, os desmandos continuam cada vez maiores e que não tem a infra-estrutura necessária para receber eventos de grande porte. Será que FIFA e COI sabiam realmente com quem estavam lidando desde o início?

Enfim, só temos o que lamentar. A derrocada de Jacarepaguá é um tristíssimo capítulo – mais um, aliás – de um automobilismo que perdeu o respeito mundialmente e há muito tempo é comandado por pessoas incompetentes, que não foram capazes de impedir o verdadeiro desastre que foi o fim de uma das pistas mais emblemáticas da história do esporte a motor neste país.

Recorde no Sul

DSCN6867RIO DE JANEIRO – Enquanto as coisas vão de mal a pior a nível nacional no nosso automobilismo, a turma do Sul não deixa a peteca cair e mostra mais uma vez o caminho das pedras. Na 7ª rodada da Fórmula 1.6, disputada no fim de semana passado em Tarumã, a categoria registrou novo recorde de inscritos: foram 22 carros, com vinte e um deles largando para a primeira fila.

No monoposto #89, à direita e em primeiro plano na foto, está Matheus Stumpf, que fez a pole position com a média de 163,431 km/h. Entretanto, a corrida dele durou apenas quatro voltas na primeira bateria e Ismael Toresan não só venceu esta etapa como também a seguinte, completando 100% de aproveitamento em Tarumã. Fernando Stédile foi duas vezes segundo colocado e com isso ficou muito próximo do título na classe principal: bastam três pontos apenas na próxima etapa.

Na classe Light, o carioca Leandro Guedes faturou as duas corridas, com Rômulo Escouto completando ambas em 2º lugar. Com os resultados, o piloto do carro #12 venceu o campeonato com antecipação de uma rodada. E na divisão para monopostos com mecânica 1.8, Gustavo Camilo, mais outro piloto daqui do Rio de Janeiro, levou a melhor com um 5º posto geral na primeira prova e o sétimo lugar na segunda.

Parabéns à gauchada. A Fórmula 1.6 e a Fórmula Júnior, que já havia citado aqui no blog, continuam sendo alternativas viáveis, competitivas e de custo acessível para que a base do nosso automobilismo não seja ferida de morte. Com quatro autódromos – Tarumã, Guaporé, Santa Cruz do Sul e Velopark – afora Rivera, que é ali perto, no Uruguai (e possivelmente será utilizado), a turma do extremo sul do país dá uma lição em muita gente – deixando principalmente os cariocas com um travo de revolta pois por aqui estamos completando quase um ano sem autódromo e tudo indica que o Rio de Janeiro passará muito tempo sem uma praça esportiva próxima do nível do Autódromo de Jacarepaguá.

S.O.S automobilismo brasileiro

RIO DE JANEIRO – A situação do automobilismo brasileiro requer um pedido de S.O.S., ao estilo Titanic. Há tempos, desde que Cleyton Pinteiro foi eleito presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, este blog e o ex-blog vêm cobrando atitudes benéficas para o esporte neste país.

Infelizmente, não é o que temos visto. Desnecessário dizer que esta administração é a mais inapetente da história – uma das que mais deixou perecer categorias – aliás e a propósito. Basta dizer que, num curto espaço de tempo, chegaram ao fim a Copa Fiat (antigo Trofeo Linea), a Fórmula Futuro, a Copa Peugeot de Rali, o Brasileiro de Spyder Race, o Mini Challenge, a Top Series, o Audi DTCC e a Copa Montana. Esta última foi a única substituída pelo chamado Campeonato Brasileiro de Turismo.

Apesar desse rol assustador, as federações referendaram a permanência do mandatário em seu cargo e ele foi reeleito para permanecer como presidente da entidade por mais quatro anos. Aliás, é um critério bastante discutível esse que permeia a eleição da CBA.

Tão discutível quanto a atuação da Federação de Automobilismo do Distrito Federal na sua esfera administrativa, com o chamado “autoduto” e uma roubalheira de fazer inveja aos anões do orçamento e ao pessoal do mensalão, na mesma Brasília que hoje é palco de alguns dos maiores escândalos do automobilismo nacional.

Não bastasse as denúncias apuradas pelo site Grande Prêmio, a situação do autódromo de Brasília, inaugurado em 1974, beira a tragédia. Sem receber grandes reformas de estrutura e melhorias desde que foi erguida, a pista vai de mal a pior e mais uma vez assistimos um show de horror durante o fim de semana da 5ª rodada dupla do Brasileiro de Marcas e 6ª da Fórmula 3 Sul-Americana.

Aliás, o certame tido como continental beira o fundo do poço com uma quantidade pífia de carros na pista. Foram apenas seis carros no circuito externo planaltino – quatro da classe principal e dois da Light. Pelo visto não adiantaram os esforços em reduzir os custos da categoria. Não é todo mundo que dispõe de orçamento à altura para manter equipamentos importados (chassis Dallara italiano e motor Berta argentino) e muito menos existe incentivo da CBA e da Codasur para a permanência da F-3 como esteio de jovens valores para o tão combalido automobilismo brasileiro.

A CBA provou sua inépcia ao tentar organizar a chamada Fórmula Júnior por mais de uma vez e hoje os gaúchos dão um show de competência ao manter a competição viva. Esse certame e a Fórmula 1.6 são – além da Fórmula Vee de São Paulo – os únicos que trabalham a transição do piloto jovem do kart para o monoposto no país. São alternativas boas e baratas. Só não vê quem não quer. E há quem infelizmente não queira ver.

Não deixa de ser risível quando o presidente da CBA sorri daquele jeito característico e afirma, com todas as letras, que a base rende frutos. Se rendesse, não estaríamos nessa entressafra que caminha a passos largos no automobilismo internacional e uma das fases do Campeonato Brasileiro de Kart, no Eusébio (CE), não teria sido marcada pelo absoluto desastre que foi o asfalto se desprendendo em pedaços.

E aí, diante de tudo isso, pergunto: quantos pilotos, de fato, nós podemos contar para o futuro? Quem realmente tem potencial para fazer uma boa campanha lá fora?

Ok… hoje temos Augusto Farfus muito bem no DTM, João Paulo de Oliveira com o nome feito no automobilismo japonês, Lucas di Grassi a caminho de se tornar piloto fixo da Audi no WEC e Bruno Senna provando, como todos os outros que citei, que existe vida além da Fórmula 1. Sem contar Nelsinho Piquet e Miguel Paludo na Nascar e os já estabelecidos Tony Kanaan e Hélio Castroneves na Fórmula Indy.

Já na chamada categoria máxima, a situação é preocupante. No caminho da Fórmula 1, só Felipe Nasr, que em dois anos de GP2 jamais venceu uma corrida na categoria de acesso. O xará Massa ainda não está garantido para 2014 e, contrariando as expectativas, poderá ter que lançar mão do expediente de pagar por sua vaga e se tornar, ora vejam, um pay driver. A que ponto chegamos…

Voltando ao que aconteceu em Brasília: os pilotos se submeteram ao vexame de correr, neste fim de semana, numa pista onde foram construídas à guisa de gambiarra, logicamente, três lombadas na saída de algumas curvas do traçado, para que os pilotos não tirassem benefício do acostamento.

Muito bem: lombada é um negócio que eu não gosto no trânsito – que dirá num autódromo. Lombada é excelente para Rali e Motocross. Para circuito fechado, é uma brincadeira de mau gosto, um acinte. E essa brincadeira quase saiu muito caro.

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Na corrida de ontem da F-3 em Brasília, o piloto Raphael Raucci foi vítima de uma destas lombadas: o piloto decolou ao passar por cima de um desses indesejáveis obstáculos, dando um impressionante voo de 25 metros com seu Dallara F308. Evidente que o carro teve danos, Raucci abandonou a corrida e o prejuízo foi material, financeiro e esportivo, pois o piloto perdeu a liderança do campeonato para Felipe Guimarães.

Rogério Raucci, o pai do piloto, que investe na carreira de Raphael e de seus outros filhos, no automobilismo, fez um desabafo com grande propriedade no facebook, que reproduzirei ipsis litteris aqui embaixo.

“Hoje foi um daqueles dias em que a vida passa na nossa cabeça como um raio!

Quem me conhece sabe que sou um cara super dedicado à minha família e às coisas em que acredito. 

Quem me conhece sabe que sou amante do automobilismo e apoiador do esporte!

Quem me conhece sabe que eu sempre lutei para que os regulamentos e as normas sejam respeitadas.

Hoje estou chocado!

Meu Deus, estou colocando as pessoas mais importantes da minha vida em um esporte de risco, cujo risco é estupidamente aumentado pela incompetência, arrogância, ignorância e descaso de alguns assessores e colaboradores da CBA!

Como alguém em sã consciência pode colocar aquelas lombadas nas saídas de curva do Autódromo de Brasília?

Sabem qual foi a explicação? “Essas lombadas estão aí para evitar que o piloto use a área de escape além da zebra.”

Então as lombadas foram colocadas propositalmente e com o objetivo real de penalizar o piloto caso ele desse uma de espertinho e usasse mais pista do que o permitido.

Ótimo, caso ele não consiga evitar a área de escape ele morre?

Foi isso que poderia ter acontecido hoje! Um do seus tesouros poderia ter se machucado.

A organização está tirando as lombadas agora, estive na pista e filmei tudo. Pasmem, teve gente que não gostou da minha filmagem. Talvez eu devesse perguntar a ele se fosse o filho dele que estivesse exposto ao risco o que ele faria.

Vamos tratar desse assunto com a serenidade que o assunto merece e vamos nos unir à CBA para evitar que esses péssimos assessores e responsáveis pelas vistorias de pista continuem a cometer esses desmandos e sejam responsabilizados e afastados.”

Some-se a esse completo desastre o fato de que a sinalização aos pilotos do Marcas e da Fórmula 3 foi improvisada, totalmente “nas coxas”, graças à iniciativa do Guará Motor Clube, comandado pelo mentor do “autoduto” de Brasília.

Vai mal, muito mal, o automobilismo brasileiro.

Categorias morrem, circuitos são extintos, kartódromos destruídos, as montadoras preferem patrocinar Copa do Mundo e Olimpíadas (e quem investiria num automobilismo tão mal gerido?) e o presidente da CBA continua achando tudo lindo e rindo, como se nada acontecesse.

Sim, está acontecendo o desastre diante dos nossos olhos. Se não houver união em torno de um nome de consenso capaz de reerguer o esporte desse momento terrível que ele vive, a morte do esporte no país será infelizmente decretada de fato – porque na visão de muitos, o automobilismo aqui já morreu faz algum tempo.

Vergonha

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RIO DE JANEIRO – Foto “roubartilhada” do facebook do Flávio Quick, com um flagrante da situação tenebrosa do asfalto do Kartódromo do Eusébio, onde teoricamente aconteceria a segunda fase do Campeonato Brasileiro de Kart, em sua 48ª edição.

Os problemas com a pista começaram ontem. O asfalto se deteriorou de tal forma que as atividades de pista foram canceladas. Ontem e hoje, também, porque não há condição de ninguém andar num traçado onde os reparos têm sido feitos com… concreto!

As categorias que estão lá em Fortaleza são Sênior B, Graduados, Sênior A, Novatos e Super Sênior. Mais de 100 pilotos no total. E, pergunto eu: sem atividades de pista por dois dias, será mesmo que teremos evento? A programação (provisória, segundo um release que acabei de receber) será apertada entre quinta, sexta e sábado. E caso haja o cancelamento dessa fase do Brasileiro, quem irá arcar com o enorme prejuízo dos competidores com a preparação dos karts, alimentação, traslado e hospedagem?

Esse é o kartismo brasileiro que recebe “incentivos” da Confederação Brasileira de Automobilismo. É uma VERGONHA que uma pista como esta, com todo respeito ao povo cearense e do Nordeste, receba uma prova do Campeonato Brasileiro. Cadê a Comissão Nacional de Kart? A vistoria foi feita de forma adequada?

Depois não reclamem porque eu bato pesado no automobilismo brasileiro. Porque se ninguém bater, ele afunda e todos nós afundamos junto.

Até quando continuaremos assim?

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Foto 2: reprodução do site Allkart.net

Para refletir, pensar e discutir…

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RIO DE JANEIRO – Compartilho agora com os leitores e leitoras do blog um tópico bem interessante postado no facebook pelo Lucas Villela. O camarada André Buriti colocou isso em destaque num dos vários grupos de automobilismo de que participo e agora vocês saberão do que se trata.

Lá vai:

O Automobilismo é o segundo esporte do brasileiro.

88% das classes A, B e C consomem esporte.

Automobilismo é o segundo esporte mais assistido na TV aberta ou fechada no mundo.

No Brasil, 39 milhões de pessoas declaram consumir o tema esporte.

Automobilismo é assistido pelo público mais adulto.

Os investimentos em transmissões esportivas de TV estão concentrados no automobilismo e futebol

Mas, apesar das evidências, apenas 1% do investimento em patrocínio é direcionado ao automobilismo…

Fontes: Target Group Index e IBOPE

Um convite à reflexão, sem dúvida.

Respirando por aparelhos

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RIO DE JANEIRO – Trabalhei hoje na transmissão da Rolex Sports Car Series no Fox Sports e, por isso mesmo, não tive tempo para acompanhar a fundo o que houve hoje em Brasília. Mas pelos relatos que li nas redes sociais, o caos reinou no Planalto Central neste fim de semana de Stock Car.

Pois é… Brasília… a capital do país nos oferece, aliás, um enorme contraste. Não muito distante dali, um estádio novinho em folha, para a Copa de 2014 e também para a Copa das Confederações. Custo da brincadeira: R$ 1,5 bilhão. É o que chamamos de elefante branco, pois Brasília não tem times na Série A e nem na Série B do Brasileiro e as médias de público do campeonato do Distrito Federal são ridículas.

Bem próximo dali, fazendo para muitos o papel do vizinho incômodo e desagradável, o Autódromo Internacional Nelson Piquet, inaugurado em 1974, vai chegar a quase 40 anos sem ter tido UMA ÚNICA troca de asfalto. Guard-rails e áreas de escape jamais foram modernizados. As zebras do circuito eram conhecidas por ser verdadeiras rampas de lançamento. E não custa nada lembrar: Laércio Justino pagou com sua vida pela falta de segurança recorrente no circuito planaltino.

Não obstante, essa mesma pista, sucateada e destruída, tornou-se o palco de mais um vexame que mancha a já abalada credibilidade do automobilismo brasileiro. Uma reforma – se é que pode se chamar o que se fez de reforma – malfeita, “nas coxas”, atrapalhando todo o fim de semana da Stock Car, que realiza neste fim de semana a 5ª etapa de seu campeonato. E ainda me veio o sr. Agnelo Queiroz, na frente das câmeras de uma emissora de TV, afiançar que o circuito terá ‘reformas substanciais’ – e, pasmem, falando numa segunda corrida de Fórmula Indy no país. É muita cara de pau!

Aliás, cara de pau é pleonasmo para políticos, dirigentes e quejandos neste país e no automobilismo brasileiro. E vou incluir nesse balaio de gatos os pilotos. Sim, os pilotos. Pelo seguinte: os autódromos são o local de trabalho deles – e não excluo dessa colocação os gentleman drivers – porque afinal eles também usufruem do mesmo espaço que os competidores que têm no automobilismo o seu ganha-pão. Pergunto eu: por que os pilotos não se cotizam, não se unem e cruzam os braços? Não está na hora de acabar com esta palhaçada de competir em circuitos que mais parecem galinheiros?

E tem mais: tirando uma ou outra honrosa exceção, que pilotos de peso, de fato, lutaram pela sobrevivência de Jacarepaguá? Algum levantou a voz para denunciar o absurdo que foi destruir uma praça esportiva à guisa de parque olímpico? Não né… e agora soubemos que a FAERJ está recebendo uma verba da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer para fazer corridas em Minas Gerais, a mais de 400 km da capital, enquanto a mesma prefeitura do Rio de Janeiro não destinava UM ÚNICO CENTAVO para a manutenção do finado autódromo.

Fundo do poço, várzea, qualifiquem do jeito que vocês quiserem a situação do esporte no país. E a tendência é piorar: a Copa vem aí, a Olimpíada também e até 2016 as verbas serão cada vez mais escassas. Esqueçam reformas de autódromos, esqueçam que um dia já fomos um manancial absurdo de talentos, porque não somos mais. A verdade é dura, cruel e precisa ser dita.

Temos que abrir os olhos para a realidade: o automobilismo brasileiro respira sob aparelhos. E muitos são os culpados. Apontá-los é lugar comum. Todos sabemos de quem se trata. Incomoda – e muito – o descompromisso de quem deveria fazer alguma coisa, e no fundo, nada faz, pela sobrevivência do esporte neste país.

Salvemos o esporte a motor no Brasil. E rápido, de preferência até 2017. Antes que ele acabe.

A foto que ilustra este post é de Luca Bassani, retirada do site Grande Prêmio.

Moco e Marivaldo

Formula One World ChampionshipRIO DE JANEIRO – Faz 36 anos que uma tragédia entristeceu todo o automobilismo brasileiro. No dia 18 de março de 1977, José Carlos Pace, tido por muitos como “o campeão mundial sem título”, desapareceu quando tinha apenas 32 anos de idade, num acidente aéreo nas proximidades de Mairiporã, em São Paulo.

A perda prematura de Moco abalou profundamente um homem tido como frio e calculista: ninguém menos que Bernie Ecclestone, que acreditava em seu potencial e tinha certeza que o brasileiro seria campeão a bordo de um de seus carros. A tristeza do dirigente, genuína como poucas vezes se viu ao longo de sua trajetória como o homem mais poderoso da Fórmula 1, o fez mudar diametralmente suas relações com seus contratados, sem manter nenhuma relação de amizade com eles.

Alfa_Romeo_P-33_-_Marivaldo_Fernandes_-_1969_7

Amizade que, por exemplo, marcou a vida de Pace e durou até o fim da vida, foi a de Marivaldo Fernandes, o “Muriva”, que correu de tudo na vida e dividiu com o amigo a lendária Alfa Romeo P-33 com a qual os dois conquistaram o título brasileiro de automobilismo em 1969, um ano antes de Moco ir para a Europa. Marivaldo, em contrapartida, jamais deixou as pistas do país e se manteve ativo até o ano de 1975, quando venceu corridas na Fórmula Super Vê e também competiu na Fórmula Ford.

É preciso se fazer justiça, nesta data, não só a Moco, como uma saudade. Muita gente, assim como aconteceu no tenebroso fim de semana de San Marino em 1994, esquece do Roland Ratzenberger em detrimento de Ayrton Senna. E durante um bom período da carreira de José Carlos Pace, não se pode deixar de dissociar de sua vida como piloto a parceria e a amizade com Marivaldo Fernandes, tragicamente encerrada há mais de três décadas e meia.

Ao mestre, com carinho

RIO DE JANEIRO – Impossível deixar passar batido: hoje é o dia do 80º aniversário de um mestre, de um gênio. Anísio Campos, um dos designers mais criativos quando o assunto é automóvel e automobilismo, construtor do protótipo AC, idealizador de equipe (Hollywood), projetista do Carcará, streamliner que se tornou uma lenda, merece todas as homenagens possíveis por esta data.

O Dú Cardim compartilha este vídeo, que traz uma menção à participação histórica da Hollywood – nos 1000 km de Zeltweg, na Áustria, em 1972. O Porsche 908/2 estava na Europa para uma revisão e a ocasião foi aproveitada para pôr o bólido em confronto com os times internacionais, entre os quais a Ferrari, dominadora absoluta do Mundial de Carros Esporte daquele ano.

Tite Catapani e Luizinho Pereira Bueno conduziram o carro, que saiu em 7º no grid. A corrida do #12 foi muito boa, até Luizinho acabar fora da pista após um entrevero com Helmut Marko, que ainda chegaria em segundo tendo José Carlos Pace, o “Moco”, como parceiro.

Está feito o registro. E longa vida ao mestre Anísio Campos. Parabéns!

Vergonha total

RIO DE JANEIRO – Quando questionamos o futuro do automobilismo brasileiro, é por coisas como estas da imagem abaixo que a gente se indigna e fica envergonhada.

2013-mini-challenge-ferro-velho

A foto, surrupiada do blog do Renan do Couto, mostra o que está acontecendo aos carros do Mini Challenge. Estão sendo – ou já foram – destruídos. Viraram ferro velho, sucata.

A discussão no facebook a respeito do vídeo e das imagens pegou fogo. O amigo Nick Magrath contou que, no tempo das motos importadas de competição para provas de motocross, alguns componentes eram retirados, mas as Honda CR e Yamaha YZ eram completamente destruídas ao fim de cada temporada. Sem dó, nem piedade. É o mesmo que deve estar sendo feito com esses carros do Mini Challenge. Equipamentos importados, dependendo da situação, não podem ser repassados. Têm que ser devolvidos, ou destruídos.

Alguma coisa foi resgatada desses Mini Challenge, mas a carroceria dos carros, propriamente dita, virou pó. Nem fizeram questão de esconder as pinturas. Está tudo aí. É só ver o vídeo. E nos indignarmos e nos revoltarmos com isso.

Triste fim da categoria, uma das sete que morreram em 2012. Digno do atual estágio do automobilismo nacional, que terá seu atual mandatário reeleito para mais quatro anos. Sempre bom lembrar, em chapa única.

Vergonha total.

Depois, sou chamado de chato porque dou porrada na CBA.

Acho que, definitivamente, nasci no país errado…

O fim da Copa Peugeot

RIO DE JANEIRO – Notícia ruim corre rápido, a gente sabe. E o pior é que o automobilismo brasileiro está cheio delas, ultimamente. Sem querer me alongar na questão, mas aqui no país existia de fato um número de categorias que beirava o exagero. Mas impressiona, mais ainda, que várias delas estejam perecendo em curtíssimo espaço de tempo.

A vítima da vez é o Rali. Como se não bastasse o Campeonato Brasileiro de 2012 não ter alcançado o mínimo necessário de etapas para se homologar uma classificação e um campeão, agora é a Copa Peugeot que vai pelos ares.

A etapa que acontecerá no próximo fim de semana em Blumenal e Indaial, no interior de Santa Catarina, é a última do evento, que perdurou pelos últimos cinco anos no Brasil como uma boa e saudável alternativa a quem não dispunha de orçamento suficiente para investir num esquema competitivo de Rali de Velocidade.

Quem passou a informação da extinção da Copa Peugeot foi o navegador Felipe Costa, que forma dupla com Luccas Arnone, via facebook. Os dois disputam o título da categoria 207 Super, a principal da categoria, empatados na classificação com Rafael Túlio/Gilvan Jablonski. Ambas as duplas somam 78 pontos.

É um final de campeonato sensacional do ponto de vista esportivo, mas ao mesmo tempo terrível, tendo em vista o anúncio de sua extinção. Como fica a modalidade, que mal teve um campeonato concluído em 2012 e agora vê uma outra competição, ainda que monomarca, ir para o vinagre?

O Rali nacional pede socorro. O automobilismo brasileiro vive uma crise institucional sem precedentes e não existem soluções a curto/médio prazo para que o esporte não continue perdendo tantos atrativos quanto perdeu nos últimos anos. Claro que a falta de ídolos e títulos no exterior contribui, mas não é só isso. O problema é maior. É administrativo. A atual administração da CBA não existe.

O último que sair, por favor, que apague a luz.