Salut, Gilles

image1RIO DE JANEIRO – Lá se vão 32 anos desde o sábado, 8 de maio de 1982. Nesse dia, morreu o canadense Gilles Villeneuve, ídolo de toda uma geração que acompanhava automobilismo. Foi a primeira vez que chorei com a morte de um piloto – porque eu era fã do canadense – e não fui o único: meu pai, que estivera comigo no GP do Brasil em Jacarepaguá, naquele ano, não conseguiu conter as lágrimas de tristeza.

Em 2012, quando completou-se 30 anos da perda monumental, publiquei no meu ex-blog algumas frases ditas por ele e por outros sobre Gilles Villeneuve, que tomo a liberdade de republicar hoje, aqui e agora.

“O meu cheiro preferido é o da borracha queimada.”
(Gilles Villeneuve)

“Foi o piloto mais maluco que a Fórmula 1 já viu.”
(Niki Lauda)

“Saí da pista muitas vezes, mas me diverti muito.”
(Gilles Villeneuve)

“Ele era maluco, mas era um fenômeno. Conseguia fazer coisas que eram inalcançáveis para os demais.”
(Nelson Piquet)

“A minha estratégia? É andar o mais rápido possível o tempo todo.”
(Gilles Villeneuve)

“Penso que temos em Gilles um piloto maravilhoso.”
(Enzo Ferrari)

“Ele sempre arriscou mais do que qualquer outro piloto. Foi assim que construiu sua carreira.”
(Eddie Cheever Jr.)

“O homem é uma ameaça pública.”
(Ronnie Peterson)

“Enquanto eu queria me manter vivo, Gilles queria ser o mais rápido sempre – mesmo nos testes.”
(Jody Scheckter)

“O comendador, em pessoa, me telefonou e perguntou: ‘Você está pronto para guiar para nós?’ E eu respondi: ‘É claro que estou’”
(Gilles Villeneuve)

“Gilles foi o homem mais genuíno que conheci.”
(Jody Scheckter)

“Não se esqueçam que Nuvolari ganhou uma corrida só com três rodas.”
(Enzo Ferrari)

“Disse para mim mesmo: ‘Este é o Scheckter, este é o Andretti e eu consigo andar com eles.’ Fiquei muito satisfeito.”
(Gilles Villeneuve)

“Estava à espera de que uma Renault pudesse aparecer durante a largada, mas do nada veio uma Ferrari. Fui pego de surpresa e pensei: ‘De onde raios veio Villeneuve?’”
(Alan Jones)

“Ele é diferente de nós.”
(Jacques Laffite)

“Conheci apenas um piloto com a mesma capacidade que Villeneuve demonstrava ao controlar um carro: Jim Clark.”
(Chris Amon)

“Somente duas pessoas poderiam ter feito aquilo – Villeneuve e eu. Para mim, aquilo é a melhor memória de Gilles. Ele era uma ótima pessoa tanto fora, quanto dentro da pista. Gostava dele porque era natural. Ele era muito popular porque dizia exatamente o que estava na sua cabeça. Aquilo era muito importante para mim.”
(René Arnoux)

“Não penso em morrer. Mas aceito o fato de que a morte faz parte do jogo.”
(Gilles Villeneuve)

“Pensei que ele talvez fosse um pouco maluco.”
(Joanna Villeneuve)

Al Pease (1921-2014)

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RIO DE JANEIRO – Informa o sempre atento @Speeder76, o meu amigo Paulo Alexandre Teixeira, dono do excelente blog Continental Circus, que morreu Al Pease, aos 92 anos. O leitor há de perguntar: quem diabos é Al Pease?

E eu respondo: foi um dos pilotos de pior desempenho que se tem notícia na história da Fórmula 1.

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Nascido Victor Pease em 15 de outubro de 1921 em Darlington, na Inglaterra, radicou-se no Canadá. Fez sua estreia na categoria máxima aos 45 anos de idade, na primeira corrida realizada no circuito de Mosport, em Bowmanville, nas cercanias de Toronto. A bordo de um Eagle T1F com motor Climax de quatro cilindros em linha com cilindrada aumentada para 2,8 litros, qualificou-se em 16º na prova de estreia. Completou apenas 47 voltas das 90 previstas, prejudicado pela chuva, por problemas na bateria de seu carro e por um sem-fim de rodadas na pista molhada. E não foi classificado ao final da disputa.

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No ano seguinte, tentou a sorte com o mesmo carro, daquela vez com as cores da Castrol e na pista de Mont-Tremblant, em St. Jovite, com o objetivo de se classificar para o grid do GP do Canadá e assim disputar sua segunda prova na categoria máxima. Muito lento em todos os treinos, Pease ficou a quase dezesseis segundos da pole position obtida por Jochen Rindt. Culpa de uma chave de fenda que, incrivelmente, estava DENTRO do motor! É claro que o piloto canadense não foi autorizado a largar…

A gota d’água foi a corrida de 1969. Daquela vez, Pease conseguiu até uma façanha a bordo do seu defasado bólido: não foi o último no grid de 20 carros – já que seu tempo foi melhor que o dos compatriotas Bill Brack e John Cordts, além do suíço Silvio Moser. Só que ele foi 11 segundos mais lento que o pole e mais de cinco segundos pior que o estadunidense Pete Lovely, que corria num Lotus de Fórmula 2 adaptado.

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Pease caiu para último logo na terceira volta e resolveu cumprir à risca o papel de “chicane móvel” no GP do Canadá. Não satisfeito em atirar o Brabham de Silvio Moser para fora da pista ainda na primeira volta, o piloto (então com 47 anos, é bom lembrar) andava em ritmo demasiadamente lento não só nas retas como também nas curvas do circuito de Mosport.

Arrumou uma quizumba com o francês Jean-Pierre Beltoise, que tentava dar-lhe uma volta e prejudicou a corrida do piloto da Matra. Na altura da 22ª volta, quando Ken Tyrrell percebeu que a corrida de Jackie Stewart, que lutava palmo a palmo com Jacky Ickx pela liderança, corria o risco de ser atrapalhada pelo lento retardatário, a direção de prova interveio e exibiu bandeira preta para Al Pease.

Um caso inédito de desclassificação por deficiência técnica na história da Fórmula 1.

Pease ainda competiu de Fórmula 5000 em 1970 e depois, ao abandonar a carreira, dedicou-se a participar de eventos de carros clássicos no Canadá. Morava no Tennessee (EUA) e até o fim da vida cuidou da restauração de modelos antigos.

Vídeos históricos – o pega antológico do GP da Holanda (1980)

RIO DE JANEIRO – Tinha 9 anos em 1980 e aquela foi a primeira temporada de Fórmula 1 que lembro claramente de ter assistido. Essa corrida do vídeo acima, então, foi a melhor. O GP da Holanda, em Zandvoort, foi épico. As primeiras voltas foram alucinantes, espetaculares realmente. E houve uma disputa por posição que é de arrepiar, até hoje.

Dois veteranos da categoria, o argentino Carlos Reutemann, 38 anos de idade e o ítalo-estadunidense Mario Andretti, 40, lutaram como dois garotos a bordo de seus carros. E era uma batalha sem precedentes pela… quarta posição!

Andretti não tinha pontos no campeonato e estava desesperado para mostrar serviço. O velho Mario fez uma corrida digna do grande campeão mundial que fora em 1978, com direito a ultrapassagem por fora sobre Reutemann na curva do Tarzã. Vale observar também como os carros passavam por bumps no fim do retão antes da freada.

Pena que a disputa não foi até o fim: Andretti acabou parado a duas voltas da quadriculada por… falta de gasolina.

No vídeo acima, a narração é de Murray Walker e os comentários de James Hunt que, em dado momento, solta um “WOW! They’re banging each other!”

Outros tempos, outra Fórmula 1. Saudades…

Legado

RIO DE JANEIRO – O xará Rodrigo Borges fez uma excelente análise do quanto a morte de Ayrton Senna mexeu – mal – com o automobilismo brasileiro. No blog Esporte fino, ele elencou 20 fatos do esporte ocorridos após 1994. Garanto que muitos deles realmente são consequência do fatídico 1º de maio.

Quer conferir? Então clique aqui e leia.

A busca desenfreada da santificação

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RIO DE JANEIRO – Eu prometi a mim mesmo que não falaria absolutamente nada no blog sobre Ayrton Senna e os 20 anos de sua morte. Mas é impossível ficar calado diante de algo que se comentou neste dia 1º de maio.

Na busca desenfreada da santificação do piloto brasileiro como o maior piloto da história, capaz de operar milagres e coisas que até Deus duvidava, chamou-se a Toleman, num canal de televisão a cabo, de “a pior das equipes pequenas” na temporada de 1984.

Quem acompanhou a história da Toleman aqui, aqui e aqui sabe muito bem que não é assim.

80-f2-vallelungaToleman TG280 Hart de Fórmula 2 guiado por Siegfried Stohr e alinhado pela equipe Docking & Spitzley. O piloto venceu em Enna-Pergusa numa temporada amplamente dominada pelos carros do construtor britânico: seis vitórias em 12 possíveis

A equipe não surgiu do nada. Começou por baixo, fez Fórmula Ford, Fórmula 3 e Fórmula 2. Encontrou em Brian Hart, um artesão dos motores, um parceiro criativo, mas sem dinheiro. Foi uma escuderia que cresceu na Fórmula 1: fez um ano difícil de aprendizado, melhorou bastante no segundo e conquistou os primeiros pontos no terceiro.

Até que Ayrton Senna estreou pelo time de Alex Hawkridge, cujo desenhista dos carros era um certo Rory Byrne.

Se a Toleman era “a pior das equipes pequenas”, pergunto:

O que eram, então, RAM, Spirit, Osella, ATS, Toleman e Arrows? Sem contar Ligier e Alfa Romeo, que mesmo com apoio de fabricantes de alto nível, estavam em má fase na Fórmula 1. Excluo a Tyrrell, única com motor Cosworth, que acabou eliminada daquele campeonato de 1984 por irregularidades técnicas, mas que – convenhamos – não era equipe grande fazia tempo.

A tabela do Mundial de Construtores não me faz deixar mentir: a Toleman terminou o campeonato em 7º lugar, com 16 pontos. A Alfa Romeo veio logo depois, com onze, seguida da Arrows (seis), Ligier (três) e Osella (dois). ATS, Spirit e RAM não marcaram nada.

1984 F1 British Grand Prix

Não caiam nesse conto de que a Toleman era tão ruim assim. Isso é um subterfúgio para mitificar ainda mais os feitos de Ayrton Senna. Sabemos que o brasileiro fez coisas extraordinárias com o carro – cujo chassi era, reconhecidamente, muito bom. Não a cadeira elétrica que uma meia dúzia acha que era. Sabemos que Ayrton fez três pódios, fruto de seu talento.

Mas não exageremos na santificação. Ayrton, aliás, não precisa disso.

E aliás, a Toleman tinha tanto potencial que foi comprada pela Benetton e o resto da história, todo mundo conhece.

Ratz

1994 Brazilian Grand Prix.

RIO DE JANEIRO – Ele foi um dos protagonistas do trágico fim de semana do GP de San Marino de 1994. Mas um protagonista que, ao longo de 20 anos, desempenhou um papel de segundo plano, face o fato de que, no dia seguinte à sua morte, faleceu ninguém menos que Ayrton Senna.

O austríaco Roland Ratzenberger, que perdeu a vida no treino de classificação daquela corrida, no dia 30 de abril, um sábado, nunca teve o reconhecimento merecido. Talvez porque sua carreira não fosse tão profícua quanto a do tricampeão do mundo. Muito provavelmente porque não passava de um novato de 33 anos pagando US$ 500 mil por uma vaga numa equipe tão estreante quanto ele, a Simtek.

O amigo Pedro Migão, dono do ótimo Ouro de Tolo, me pediu um texto sobre o piloto. Escrevi o artigo, publicado aqui. A ideia é alertar que, a cada ano que passa, mais exaltamos Senna e mais esquecemos de Ratzenberger  – o que faz muito sentido.

Mas, nesse ano, as lembranças do austríaco estão mais vivas do que nunca.

A galera do Grande Prêmio, com a revista eletrônica Warm Up, fez um material sensacional sobre o fim de semana fatídico de San Marino e o relato do pai de Roland, Rudolf Ratzenberger, é das coisas mais espetaculares que já vi. Recomendo vivamente.

Boa leitura.

GoPro das antigas

10151949_838913142790422_6994866824553114588_nRIO DE JANEIRO – Postada no Facebook pelo Mauro Salim: GP da França, 1978, circuito de Paul Ricard. À frente do britânico John Watson, pole position com a Brabham BT46 Alfa Romeo, um Renault Turbo RS01 funcionando como “car camera”. Notem o aparato e o improviso na dianteira desse carro para carregar a câmera e filmar a pista. A bordo, com o indefectível capacete de faixas escocesas, o “Vesgo” Jackie Stewart.

Diria que é uma GoPro das antigas. Não é, não?

 

Tranquilo e sereno

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RIO DE JANEIRO – Ninguém incomodou Lewis Hamilton neste domingo de GP da China. O piloto da Mercedes, pole position, fez o seu papel com competência – como, aliás, tem sido desde a Malásia. Por isso, chegou a três vitórias consecutivas em quatro corridas disputadas do Mundial de Fórmula 1, o que o deixa a quatro pontos do líder e companheiro de equipe Nico Rosberg.

Numa vitória em que o domínio do piloto do carro #44 foi tranquilo e sereno, Hamilton consegue igualar as 25 vitórias de Jim Clark e Niki Lauda, tornando-se o único piloto britânico da atualidade com número de triunfos suficiente para inclusive ultrapassar o recorde (de um piloto escocês ou inglês, evidentemente) de 31 vitórias, pertencente a Nigel Mansell desde 1994.

E foi mais fácil do que o previsto, porque Nico Rosberg só assumiu a 2ª posição na 43ª volta, após remar bastante vindo da 6ª posição. Quarto no grid, o alemão largou mal e teve que empreender uma recuperação que pelo menos o mantém na liderança do campeonato – com margem cada vez menor para “Comandante Hamilton”.

O GP da China, aliás, nos deu a certeza que a prova do Bahrein foi um ponto fora da curva da atual temporada, que começa com a imensa maioria de corridas desprovidas de emoção. É verdade que alguns fatos pontuaram este domingo, mas dar uma nota acima de 6 seria muito injusto com a corrida de Xangai.

Um fato foi a ótima atuação de Fernando Alonso. Como eu disse no post sobre o treino, mais uma vez o asturiano fez valer a competência para operar ‘pequenos milagres’ e desta vez ele conseguiu o pódio, o primeiro dele em 2014, que o levou ao 3º lugar no Mundial de Pilotos, bem longe da dupla da Mercedes. Marco Mattiacci, já apelidado de “Mister M” no paddock da Fórmula 1, deve ter gostado do que viu. Homem de poucas palavras, sério e sisudo, é ele quem comandará a equipe num processo de reconstrução da imagem vitoriosa de Maranello. Até Räikkönen mostrou algum espírito de luta e motivação, embora não tenha sido tão brilhante quanto Alonso. O finlandês pontuou com a 8ª colocação.

Outro evento digno de nota foi Daniel Ricciardo à frente de Sebastian Vettel. O “Risada” tem feito a alegria dos que detestam o alemãozinho tetracampeão e hoje foi a vez do atual número #1 da categoria ouvir um “Ricciardo is faster than you” – não com essas letras, é claro, mas vocês entenderam bem o que estou falando. Vettel nem tinha como segurar o ímpeto do companheiro de equipe que, repito, Helmut Marko não vai conseguir domesticar tão cedo.

E houve ainda a patuscada da Williams, errando tudo no primeiro pit stop do Felipe Massa e jogando o brasileiro lá pro fim da fila, em último. Claro que, por conta de um toque na largada com Fernando Alonso, lá foram os teóricos da conspiração começar a dizer que a roda traseira esquerda – que engastalhou na parada – foi a que tocou no carro do espanhol. Nada menos exato, pois o toque é de roda dianteira com roda dianteira. A FIA não considerou o incidente ilícito e segue o parador…

Massa, claro, não gostou do ocorrido nos boxes e, insatisfeito e frustrado, acabou em 15º lugar, bem distante do bravo Valtteri Bottas. Nico Hülkenberg, que começa muito bem a temporada com a Force India, terminou em sexto.

Aliás, no duelo doméstico, o alemão enquadrou mais uma vez o mexicano Sergio Perez, 9º na China, após levar um “couro” firme do parceiro de time no Bahrein. Daniil Kvyat pontuou pela terceira vez em quatro provas e já igualou Jean-Eric Vergne em pontos no Mundial.

Medíocre, mesmo, foi a McLaren. Totalmente perdida, a equipe de Ron Dennis ficou em branco de novo. O bom começo na Austrália, pelo visto, foi ilusão. Já são duas corridas seguidas fora dos pontos e a equipe volta a figurar em quinto no Mundial de Construtores, com menos pontos que a Force India, acredite quem quiser.

Agora a Fórmula 1 (graças a Deus) dá um tempo nas corridas de madrugada e volta ao horário “normal” das manhãs de domingo. No próximo dia 11, vai começar a fase europeia com o GP da Espanha, em Barcelona. E fica a pergunta: existirá alguém capaz de incomodar a supremacia da Mercedes?

Cartas para a redação.

Comandante Hamilton

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RIO DE JANEIRO – Em pista seca, úmida ou molhada, ainda não tem para ninguém na Fórmula 1 em 2014. A Mercedes segue absoluta nas primeiras provas da temporada e em qualificação, todas as provas tiveram um carro prateado na pole position. Num chuvoso treino para o GP da China, em Xangai, na nossa madrugada de sábado, Lewis Hamilton mostrou que vive excelente momento e se tornou o britânico com o maior número de pole positions da história da categoria.

Dominante no Q3, o piloto do carro #44 conquistou a terceira posição de honra dele em quatro provas, a segunda em condições adversas. Lewis cravou 1’53″860 na fase decisiva do treino classificatório e foi muito superior à concorrência. E surrou Nico Rosberg, mais uma vez, no duelo interno de qualificação. Placar: 3 x 1 pró-Comandante Hamilton.

A surpresa é que, desta vez, LH não terá o alemão como parceiro de primeira fila. A honra cabe a Daniel Ricciardo e, volto a repetir o que disse a um leitor do blog, será difícil a Red Bull domesticar esse cara. O australiano não é um “mosca morta” e vai mostrando qualidades, além de fazer muita gente começar a duvidar da capacidade de Sebastian Vettel. Fato é que o australiano foi bem no treino classificatório e conseguiu o 2º tempo. O tetracampeão larga em terceiro.

Fernando Alonso fez seus pequenos milagres de sempre. Até andou bem em treinos livres, mas estes treinos hoje pouco ou nada representam de parâmetro para o desempenho de um carro durante um fim de semana de corridas – exceto ganhar quilometragem, pois na Fórmula 1 quase não se testa mais. O espanhol parece estar enfadado dentro da escuderia de Maranello e suas palavras sobre a chegada do novo chefão Marco Mattiacci foram apenas comedidas. Diante das circunstâncias, um 5º posto está bom demais da conta.

Cá pra nós, o que Alonso tem feito neste início de campeonato é um tremendo contraste com a falta de tesão do Räikkönen. O finlandês parece aéreo, acomodado e infeliz. E mais indiferente do que o companheiro de equipe com a troca de comando. Será que Mattiacci não vai dar uma sacudida no Iceman? Parece que é o que o finlandês precisa, mais do que nunca.

Enquanto isso, nas hostes da turma de Grove, a sexta e sétima posições de Felipe Massa e Valtteri Bottas são motivo de comemoração, pois o carro não é dos melhores em pistas molhadas pela chuva. O brasileiro, temos que reconhecer, fez mais um bom trabalho a bordo de seu carro e voltou a superar o finlandês. Aos poucos, o episódio da Malásia – ainda bem – vai ficando em segundo plano. Tudo o que Felipe precisa é confiança e tranquilidade para desempenhar um bom papel na pista.

Nico Hülkenberg conseguiu se destacar novamente ao levar sua Force India ao Q3 – aliás, 50% dos carros tinham motor Mercedes na fase final do treino – e o alemão obteve o oitavo tempo, à frente de Jean-Eric Vergne e Romain Grosjean.

No sábado de Aleluia, comemorado pelos cristãos, foi notória a recuperação do E22 da Lotus. O malogrado carro, que parecia ser o pior do ano – pelo menos começou de forma tenebrosa na Austrália – começa a evoluir. Mas há um ponto contra: Pastor Maldonado destoa completamente da proposta da equipe. É outro que começa a dar adeus à Fórmula 1 aos poucos. Foi protagonista de um acidente constrangedor no segundo treino livre. Larga de último porque seu carro teve problemas e dificilmente escaparia do fim do grid, pois tem uma punição retroativa à capotagem que provocou no Bahrein, quando fez de seu carro catapulta da Sauber do mexicano Estebán Gutiérrez.

E a McLaren? É, leitores… parece haver – de novo – algo errado no reino do Ron Dennis. Não adiantou trocar Martin Whitmarsh por Eric Boullier, mudar a parte técnica, trazer Sam Michael, se o carro não consegue vir no mesmo ritmo das demais. Só a estratégia e a finesse de Jenson Button poderão render frutos nesse fim de semana. Kevin Magnussen, após uma boa estreia na Austrália, desaponta um pouco na comparação, por exemplo, com Daniil Kvyat, que tem feito um início de carreira na Fórmula 1 bastante correto.

De resto, o de sempre: a Sauber não se encontrou ainda no começo do ano, Caterham e Marussia continuam emboladas e sempre nocauteadas no Q1. Meu palpite para hoje: chovendo ou no seco, dá Hamilton, na cabeça.

E vocês?

Nada feito

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RIO DE JANEIRO – A equipe Red Bull foi derrotada no tribunal da Corte de Apelação da FIA, o que significa que a desclassificação de Daniel Ricciardo no GP da Austrália, quando o piloto da casa chegou em 2º lugar, está mantida.

A desclassificação do piloto se deveu ao fato de que o fluxômetro de combustível acusou uma medida superior aos 100 kg/hora impostos pelo novo regulamento técnico. A equipe sustentou que não violou o artigo 5.1.4, mas os dados em posse dos homens da FIA provaram que realmente houve violação do limite de fluxo de gasolina.

Um júri formado por cinco integrantes do Conselho Mundial – Philippe Narmino, Jan Stovicek, Rui Botica Santos, Antonio Rigozzi e Harry Dujim analisou o recurso durante seis horas e decidiu-se por manter a desclassificação, assim comunicada pela entidade.

“O Tribunal, ouvidas as partes e analisados os seus comentários, decidiu manter a decisão do Colégio de Comissários Desportivos, que decidiram excluir o carro #3 da Infiniti Red Bull Racing dos resultados do 2014 Australian Grand Prix.”

… E Domenicali caiu

F1 Grand Prix of Singapore - Previews

RIO DE JANEIRO – As feridas expostas por um desempenho mediano, para não dizer ruim, neste início de temporada da Fórmula 1, fizeram a Ferrari repensar o comando desportivo da mais tradicional equipe da categoria máxima do automobilismo. E sobrou, como já era esperado, para Stefano Domenicali.

Embora tenha sido noticiado que o dirigente pediu demissão, não há dúvidas de que ele levou foi um belo pontapé no traseiro. É o fim de uma relação que já durava 23 anos. Domenicali assumiu o posto de diretor geral da Scuderia Ferrari quando Jean Todt deixou Maranello em 2008 rumo a se tornar candidato e depois presidente da FIA.

Sob sua administração, que o blog chamará de “Era Domenicali”, somente um título: o de campeã do Mundial de Construtores em 2008, no ano do “quase” de Felipe Massa entre os pilotos. Fernando Alonso chegou em 2010 para liderar o time e o jejum de conquistas continua. Nos últimos sete anos, com 115 corridas disputadas desde o início do ano de 2008 até o recente GP do Bahrein, houve apenas 19 vitórias dos pilotos da equipe. É muito pouco, convenhamos.

Cobrado, pressionado e talvez despreparado para um cargo tão importante, Domenicali jamais foi capaz de fazer a equipe mais tradicional da Fórmula 1 se impor diante de uma marca de energéticos que vem dominando a categoria e agora, com o novo regulamento e um time que tem ninguém menos que Alonso e Räikkönen a bordo, o F14-T também se mostra impotente o bastante para impedir o domínio inicial da Mercedes-Benz, vencedora das três primeiras etapas do campeonato deste ano.

Luca Di Montezemolo, presidente da Ferrari – que, aliás, estava nos boxes no recente GP do Bahrein e viu o vexame que os carros vermelhos passaram – anunciou o substituto de Domenicali no cargo. A opção é por outro nome já pertencente à hierarquia da escuderia e não por alguém “de fora”, como fora o caso de Jean Todt no distante ano de 1993. Quem chega para assumir o posto é Marco Mattiacci (foto abaixo), diretor-executivo da marca para o mercado da América do Norte.

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Jovem (42 anos de idade), Mattiacci não tem experiência com o motorsport, o que pode se revelar um risco. Mas talvez Montezemolo saiba o que está fazendo. A Ferrari não se poderia permitir permanecer comandada por um homem que deixou o velho ‘casino’ imperar nas hostes de Maranello.

Ao trocar o terno e a gravata, os escritórios e as vendas, pelo uniforme vermelho, mais despojado, de chefe de equipe da mais tradicional escuderia da Fórmula 1, teremos que esperar pelo GP da China, já no próximo domingo, para sabermos do que Mattiacci será capaz ao assumir o desafio mais importante de sua carreira de executivo da Ferrari.

Haas Racing: mais uma equipe dos EUA na Fórmula 1

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RIO DE JANEIRO – Quase cinco anos após o fracasso da natimorta escuderia USF1 e muito tempo depois dos projetos de Dan Gurney (Eagle Weslake), Parnelli Jones (Vel’s Parnelli), Roger Penske (Penske) e Carl Haas (Team Force-Lola), os EUA voltam a ter uma equipe de Fórmula 1. A Haas Racing Developments, do empresário Gene Haas, foi confirmada hoje como a 12ª escuderia da categoria máxima, a estrear em 2015.

De acordo com o pessoal da Autosport britânica, a Haas Racing passou por um minucioso processo de avaliação no qual foi apurada a possibilidade da equipe ter estrutura e recursos para se comprometer com a Fórmula 1. E antes que pensem que trata-se de um aventureiro, Gene Haas é um bem-sucedido homem de negócios.

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Dono da Haas Automation, empresa que já faturou mais de US$ 1 bilhão em vendas, Gene, de 61 anos de idade, possui uma equipe da Nascar desde 2002. Seis anos depois, anunciou uma união com Tony Stewart que rendeu, além do crescimento do time como uma das forças da Stock Car, um título do Smokey em 2011. Hoje, a Stewart-Haas alinha quatro carros, para Stewart, Kevin Harvick, Kurt Busch e Danica Patrick.

“Obviamente estamos extremamente satisfeitos por ter sido concedida uma licença de Fórmula 1 através da FIA”, disse o dirigente em comunicado oficial. “É um momento emocionante para mim, para a Haas Automation e para quem queria ver o retorno de uma equipe dos EUA. Agora, o trabalho duro começa. É um desafio que abraçamos e vamos colocar nossos carros no grid. Quero agradecer pela oportunidade e pela diligência da FIA em estender o prazo de apreciação para que se concretizasse o nosso período de licença”, afirmou.

Corrida extraordinária

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RIO DE JANEIRO – Na semana que antecedeu ao GP do Bahrein, o escriba aqui cometeu a pachorra de dizer que a pista-sede da corrida #900 da história da Fórmula 1 fazia jus ao momento atual da categoria. Também pudera: as provas iniciais na Austrália e na Malásia tinham sido pouco entusiasmantes e todo mundo só fazia críticas ao barulho dos novos motores V6 Turbo.

Quebrei a cara. Que bom! E dentre as etapas ‘centenárias’ que assisti, a partir de 1984, essa entra no ranking das melhores. O GP 500, de 1990, é o meu favorito, por motivos óbvios e o segundo, claro, é o GP 700, aquele da tromba d’água de Interlagos, em 2003. Duas provas épicas às quais se junta a de hoje.

A corrida, primeira disputada à noite no sultanato do Oriente Médio, foi extraordinária. Esqueçamos por um tempo que o barulho dos motores dos carros não tem graça nenhuma. O que se viu em Sakhir foram disputas excepcionais por posições e talvez uma das maiores atuações de um piloto nos últimos tempos.

Lewis Hamilton venceu sua segunda corrida consecutiva e foi soberbo, absurdo. Teve, na minha opinião, a melhor atuação de toda sua carreira de piloto de Fórmula 1. Correu como um autêntico campeão do mundo e derrotou o alemão Nico Rosberg como tem que ser. Sem ordem de equipe, sem palhaçada de rádio, na pista, no puro talento. Acredito que o companheiro do britânico, após uma disputa épica pela liderança, tenha ‘afinado’ um pouco em busca do segundo lugar que lhe mantém em primeiro do Mundial de Pilotos com 61 pontos.

Aliás, o GP do Bahrein deixa claro mais uma vez que a Mercedes-Benz segue furos acima das outras equipes. E que a Red Bull continua remando contra a maré. O construtor alemão, como sabido, fornece motores para outras três equipes e em determinado momento, seis carros com os propulsores da estrela de três pontas estavam nas seis primeiras posições. Um massacre para deixar Renault e Ferrari coradas de inveja e vergonha…

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E quem brilhou no best of the rest foi a Force India. Quem diria! O time de Vijay Malliya tem um ótimo início de temporada e Sergio Pérez deu logo em sua terceira prova pela escuderia um tapa com luva de pelica na McLaren. Alcançou o quarto pódio na carreira e o segundo da história da equipe – o primeiro fora em 2009, com Giancarlo Fisichella, no GP da Bélgica. Nico Hülkenberg, de quem sempre se espera os melhores desempenhos do time, andou bem mas teve problemas de pneus e terminou em quinto.

Quem sorri discretamente, em algum lugar do planeta, é Martin Whitmarsh. Nem preciso dizer o porquê, não é mesmo?

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Lembro que um leitor escreveu na área de comentários do post sobre o GP da Malásia que Helmut Marko não terá dificuldade em “domesticar” Daniel Ricciardo na Red Bull. Comentei que tinha minhas dúvidas e que o australiano não é nenhuma mosca morta. E o resultado está aí: quarto lugar para o canguru, à frente de Sebastian Vettel, fragorosamente ultrapassado pelo companheiro de equipe – e sem nenhuma contestação. “Multi 21”? É… dessa vez, isso não aconteceu.

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A Williams novamente pôs seus carros na zona de pontuação e Felipe Massa deu a impressão de que brigaria lá na frente, após uma largada fantástica vindo de sétimo para terceiro. Porém, o Safety Car que foi acionado após uma capotagem do mexicano Estebán Gutiérrez, cortesia do sempre tresloucado Pastor Maldonado, deitou por terra não só as chances do brasileiro como também de Valtteri Bottas. Pelo menos, desta vez, Massa não passou pelo desplante de ter que ouvir ordens do time sugestionando uma inversão de posições e o piloto levou seu carro ao fim, em 7º lugar.

Parêntese para o chamado “Enigma Tostines”, sobre Pastor Maldonado e o acidente com Estebán Gutiérrez:

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O venezuelano comeu criança quando era merda ou comeu merda quando era criança? O que ele fez com Gutiérrez é inadmissível. E a FIA, que é tão rigorosa com alguns pilotos, dessa vez baixou as calças e deu apenas um stop & go de 10 segundos para o representante da Lotus.

Sei lá… acho que falta coragem a esses comissários. No meu tempo, por muito menos, como dar marcha a ré nos boxes, Nigel Mansell levou bandeira preta de desclassificação. E ainda por cima, a Fórmula 1 inventa um sistema coxinha ao estilo Detran, com “perda de pontos na carteira”. Vamos parar de palhaçada: Maldonado tinha que ser punido com bandeira preta e um tribunal deveria julgá-lo e suspendê-lo por, no barato, uma corrida. Ponto final.

Fecha o parêntese. Voltemos à corrida, que é o que interessa.

E a Ferrari, hein? Levou um ferro abissal no Bahrein. Deu pena de Fernando Alonso e Kimi Räikkönen, que foram ultrapassados várias vezes, em diferentes pontos da pista, das mais variadas formas. Os carros vermelhos, de tão lentos em relação aos adversários, pareciam mais uns Fórmula 3. Estranho foi Alonso ‘comemorar’ um triste 9º lugar. Será porque chegou à frente do Iceman? É bem possível, não se surpreendam.

Pelo visto, Maranello continua com a impressionante vocação de construir carros mal nascidos e não ter como reverter o quadro. Muita gente credita as constantes derrotas da Ferrari ao fato de que Stefano Domenicali não merece estar no posto que ocupa e as más línguas, hoje, resolveram pôr a culpa do fracasso na corrida barenita em Luca di Montezemolo, que estava in loco em Sakhir.

E a McLaren, hein? Bem… seus dois pilotos nem chegaram perto da zona de pontos. Aliás, abandonaram. Notaram também que foram cinco equipes apenas com carros entre os dez primeiros? Pois é.

Mais: Max Chilton, sempre na base do “devagar eu chego lá”, completou em 13º lugar. Com esta, são 22 corridas do britânico recebendo consecutivamente a quadriculada. Abandonos: nenhum.

A realidade é a seguinte: Mercedes na frente e o resto, muito atrás. Querem uma prova? Nos Construtores, a marca lidera com 111 pontos. A Force India, vice-líder, soma 44, quase três vezes menos. A Red Bull, grande dominadora da Fórmula 1 (quem diria…), amarga um quarto lugar com 35 pontos, oito atrás da McLaren. E não há indícios de que as coisas mudem a tempo para o GP da China, no dia 20 de abril.

Pelo visto, se alguém quer esperar por reação de alguém, somente a partir do GP da Espanha. Até lá, é Mercedes na cabeça e o pessoal que corra atrás do prejuízo, que pode ser enorme.

Fórmula Mercedes

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RIO DE JANEIRO – Três corridas, três pole positions. Uma superioridade até aqui incontestável. A Mercedes-Benz sobra na turma enquanto a Fórmula 1 não chega à Europa e a tendência é que até antes de Barcelona o panorama não sofra alterações. Azar dos adversários: os carros prateados deram mais um banho em qualificação, desta vez no GP do Bahrein, pela primeira vez disputado em horário noturno.

Após duas poles de “Comandante Hamilton”, foi a vez de Nico Rosberg. O alemão, sempre rápido durante todo o fim de semana do evento, cravou o companheiro de escuderia por quase três décimos de segundo. E ele nem precisou se esforçar muito para garantir a posição de honra, naquela que é a quinta pole do piloto em 149 GPs na carreira – igualando o pai Keke Rosberg. O campeão mundial de 1982 disputou, aliás, 114 corridas – menos que o filho.

Com os “Flechas Prateadas” em um plano muito superior aos demais carros da Fórmula 1, o best of the rest na teoria foi Daniel Ricciardo, da Red Bull, com o 3º tempo no Q3. Na prática, a história é outra. Punido com a perda de 10 posições por um erro da equipe num pit stop em Sepang (ah, os comissários…), o australiano perdeu a posição e quem abre a segunda fila é… Valtteri Bottas.

Como é que é? O “frangote” largando em terceiro? E quase três décimos abaixo da marca de Felipe Massa? Pois foi exatamente isso o que aconteceu. E aposto com qualquer um de vocês, leitores, que o finlandês será alçado num piscar de olhos à condição de novo vilão do automobilismo. Porque na visão errônea de alguns, os pilotos brasileiros são perfeitos, inatacáveis, inatingíveis.

E a situação pode não ficar boa para Felipe Massa. Foi superado pelo companheiro de equipe em todas as fases da qualificação e há mais um agravante: Bottas teve menos tempo de pista que o companheiro de Williams, já que cedeu seu assento para a estreia de Felipe Nasr. Complicado…

Voltemos ao grid: Sergio Pérez pôs as manguinhas de fora, finalmente, na Force India. O mexicano conseguiu um excelente quinto tempo no Q3, transformado em quarto com a punição de Ricciardo, deixando quatro carros com motores Mercedes-Benz, de três equipes diferentes, nas duas primeiras filas.

Na verdade, poderiam ter sido seis carros em sequência, só que Kimi Räikkönen, com uma tremenda volta, acabou com a brincadeira. O finlandês, cuja postura neste início de campeonato já sofria algumas críticas, resolveu mostrar que a Ferrari não o recontratou por acaso. Embora o carro não seja lá essas coisas, o Iceman fez algo bem significativo: enfiou seis décimos goela abaixo em Fernando Alonso. Que outro colega de equipe do espanhol fez isso nos últimos tempos na Fórmula 1?

A McLaren teve Button pondo ordem na casa e se qualificando à frente de Kevin Magnussen, com os dois avançando ao Q3 – ao contrário do que ocorreu com o atual tetracampeão Sebastian Vettel. É claro que um 11º lugar, transformado em décimo com a punição a Ricciardo, não é o lugar que um piloto com tantos títulos e vitórias costuma frequentar. Mas é a realidade do alemão, que não vem mostrando muita satisfação com seu carro e com os motores Renault. Estranho é que no carro de Ricciardo, nada é motivo de problema (pelo menos nos treinos) e, exceto na Malásia, onde andou bem, Vettel só teve dissabores em qualificação.

De resto, a ausência de Nico Hülkenberg no Q3 também foi outra surpresa. Daniil Kvyat à frente de Jean-Eric Vergne na hierarquia da Toro Rosso não é novidade. Nem Romain Grosjean melhor que Pastor Maldonado, de novo fora no Q1, junto a Adrian Sutil (outro que ainda não se achou com a Sauber) e aos suspeitos de sempre, com Koba e Bianchi batendo mais uma vez seus colegas de infortúnio.

Então é isso: só uma quebra ou um acidente é capaz de parar qualquer um dos dois pilotos da Mercedes-Benz no GP do Bahrein. Ainda aposto em Hamilton como favorito à vitória. E vocês?

O grid:

1. fila
Nico Rosberg (Mercedes W05) – 1’33″185 – Q3
Lewis Hamilton (Mercedes W05) – 1’33”464 – Q3
2. fila
Valtteri Bottas (Williams FW36-Mercedes) – 1’34″247 – Q3
Sergio Perez (Force India VJM07-Mercedes) – 1’34”346 – Q3
3. fila
Kimi Raikkonen (Ferrari F14-T) – 1’34″368 – Q3
Jenson Button (McLaren MP4/29-Mercedes) – 1’34″387 – Q3
4. fila
Felipe Massa (Williams FW36-Mercedes) – 1’34″511 – Q3
Kevin Magnussen (McLaren MP4/29-Mercedes) – 1’34″712 – Q3
5. fila
Fernando Alonso (Ferrari F14-T) – 1’34″992 – Q3
Sebastian Vettel (Red Bull RB10-Renault) – 1’34″985 – Q2
6. fila
Nico Hulkenberg (Force India VJM07-Mercedes) – 1’35″116 – Q2
Daniil Kvyat(Toro Rosso STR9-Renault) – 1’35″145 – Q2
7. fila
Daniel Ricciardo (Red Bull RB10-Renault) – 1’34″051 – Q3  (*)
Jean-Eric Vergne (Toro Rosso STR9-Renault) – 1’35″286 – Q2
8. fila
Esteban Gutierrez (Sauber C33-Ferrari) – 1’35″891 – Q2
Romain Grosjean (Lotus E22-Renault) – 1’35”908 – Q2
9. fila
Pastor Maldonado (Lotus E22-Renault) – 1’36”663 – Q1
Kamui Kobayashi (Caterham CT05-Renault) – 1’37”085 – Q1
10. fila
Jules Bianchi (Marussia MR03-Ferrari) – 1’37″310 – Q1
Marcus Ericsson (Caterham CT05-Renault) – 1’37”875 – Q1
11. fila
Max Chilton (Marussia MR03-Ferrari) – 1’37″913 – Q1
Adrian Sutil (Sauber C33-Ferrari) – 1’36″840 – Q1 (**)

(*) perda de 10 posições por irregularidade no GP da Malásia

(**) perda de 5 posições por bloquear Romain Grosjean no treino classificatório

A Fórmula 1 e seus vencedores centenários

RIO DE JANEIRO – Neste domingo, em corrida realizada de forma inédita à noite no circuito de Sakhir, a Fórmula 1 chega ao 900º Grande Prêmio de sua carreira no Bahrein. Costumo dizer que, para o momento atual da categoria, não poderia haver pista mais adequada para que tal marco histórico seja atingido.

Todavia, convido os leitores e leitoras do blog a viajar no tempo para conhecer os vencedores e as corridas centenárias desde a existência da categoria na história do automobilismo. Vamos nessa?

Corrida #100 – GP da Alemanha – Nürburgring, 1961

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O lendário Nordscheleife, o inferno verde de Nürburgring, foi o palco do centésimo Grande Prêmio da história da Fórmula 1. Na ocasião, a corrida valeu também como GP da Europa (a cada ano, uma corrida no continente recebia a distinção). Largaram 27 carros e a pole position foi de Phil Hill, com uma Ferrari. Só que Stirling Moss, a bordo de um Lotus 21 de motor Climax, reinou soberano no Ring debaixo de chuva, como mostra a foto da quadriculada. Liderou da primeira à 15ª e última volta, conquistando aquela que foi também sua vitória derradeira dentre as 16 que conquistou na categoria.

Corrida #200 – GP de Mônaco – Monte-Carlo, 1971

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As ruas do Principado de Mônaco viram o desfile de um dos maiores pilotos de todos os tempos na 200ª corrida da história da Fórmula 1. Com a Tyrrell 003 Cosworth número #11, o Escocês Voador Jackie Stewart passeou em Monte-Carlo e liderou absoluto todas as 80 voltas na ocasião. Pole position com mais de um segundo de avanço sobre Jacky Ickx, Stewart cruzou com 25 segundos de vantagem para o sueco Ronnie Peterson, então na March.

Corrida #300 – GP da África do Sul – Kyalami, 1978

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O 300º GP disputado pela Fórmula 1 foi em Kyalami, no país onde grassava o regime do Apartheid. O público que lotou o circuito sul-africano assistiu uma corrida épica, com cinco líderes diferentes: primeiro o pole position Mario Andretti, da Lotus, comandou até abandonar. Depois, Jody Scheckter fez a alegria dos compatriotas ao comandar a disputa com o Wolf, até ser superado pelo surpreendente Riccardo Patrese, com a Arrows – equipe que disputava apenas sua segunda corrida. O motor do carro do italiano quebrou na 64ª volta e a liderança passou às mãos de Patrick Depailler, da Tyrrell. E quando tudo parecia crer que o francês chegaria ao seu primeiro triunfo, o sueco Ronnie Peterson emergiu na última volta para superar o rival e vencer pela primeira vez em seu retorno à Lotus.

Corrida #400 – GP da Áustria – Zeltweg, 1984

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Num ano em que a McLaren deitou e rolou, com 12 vitórias e 16 corridas, o triunfo de Niki Lauda em casa, no GP da Áustria, foi especial. E com requintes de suspense, pois o pole position Nelson Piquet liderou do início à 39ª volta com sua velocíssima mas pouco confiável Brabham BT53 BMW, quando Lauda o ultrapassou. Minutos depois da manobra, o austríaco chegou a erguer o braço com estardalhaço, anunciando uma falha em seu carro. De fato, Lauda passou a conviver com um câmbio que não funcionava direito. Mas o piloto, cerebral como ele só, administrou o problema e faturou a corrida com 23 segundos de vantagem para Piquet. “Se eu soubesse que o Lauda tinha problema no câmbio, poderia ter pressionado e vencido. Tive vontade de encher de porrada o sujeito que via a corrida pela TV no box da equipe e não fez nada. Só que esse sujeito é o Bernie Ecclestone”, disse Piquet na época.

Corrida #500 – GP da Austrália – Adelaide, 1990

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Piquet não conquistou a vitória no 400º GP em 1984, mas a história seria outra seis anos mais tarde. Era uma corrida absolutamente festiva, com a presença de vários campeões no paddock (Juan Manuel Fangio, Jack Brabham, Denny Hulme e James Hunt, por exemplo) para abrilhantar a corrida nas ruas de Adelaide. Ayrton Senna largou na pole position e liderou até bater. Atrás dele, Nelson Piquet, inspirado como nos velhos tempos, fez uma corrida magistral com a Benetton Ford e no fim da disputa, protagonizou também uma briga épica com Nigel Mansell. O inglês tentou o bote na última volta, mas Piquet é Piquet e, com muita malandragem, o brasileiro recebeu a quadriculada para uma vitória tão histórica quanto significativa, pois o piloto – aos 38 anos – foi 3º colocado no Mundial de Pilotos, atrás apenas de Senna e Prost. Gênio!

Corrida #600 – GP da Argentina – Buenos Aires, 1997

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Em 13 de abril de 1997, a Fórmula 1 atingia sua 600ª corrida noutra pista tradicional do automobilismo mundial: o circuito Oscar Gálvez, em Buenos Aires. Foi um GP da Argentina bem interessante, embora praticamente dominado por Jacques Villeneuve. O piloto da Williams só não comandou a corrida em seis das 72 voltas. Mas não foi um triunfo dos mais sossegados: o filho de Gilles Villeneuve recebeu a bandeirada com apenas 0″979 de vantagem para Eddie Irvine, então na Ferrari.

Corrida #700 – GP do Brasil – Interlagos, 2003

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Seis de abril de 2003. Nunca esqueço esse GP do Brasil. Foi o primeiro que assisti em Interlagos e justo num dia em que a chuva não veio da represa, como diz o filósofo. São Pedro mandou desde as primeiras horas daquele domingo uma água memorável e o circuito alagado foi palco de uma das mais imprevisíveis edições da história da prova. O acúmulo de água na entrada da Reta Oposta provocou um sem-número de acidentes e até Michael Schumacher caiu na armadilha do aquaplaning. Essa é também a famosa corrida em que Rubens Barrichello assumiu a liderança e parou na Descida do Lago por falta de combustível e que não chegou ao final em decorrência de dois acidentes fortíssimos com Mark Webber e Fernando Alonso.

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No pódio, a dúvida: quem venceu? Giancarlo Fisichella ou Kimi Räikkönen? O piloto da Jordan comemorou, mas na época a cronometragem não se entendeu e apontou vitória do finlandês da McLaren. Dias depois, a FIA constatou um erro de interpretação do regulamento. Com a bandeira vermelha deflagrada na volta 56, valeria a classificação da volta 54, duas antes da paralisação. E naquela altura, o líder era justamente Giancarlo Fisichella – que receberia seu troféu numa cerimônia simbólica no GP seguinte, em Imola.

Corrida #800 – GP de Cingapura – Cingapura, 2008

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Caprichoso como sempre, o destino fez com que a 800ª corrida da história da Fórmula 1 jamais fosse esquecida – principalmente por parte dos torcedores brasileiros e por Felipe Massa, mas também pelo mundo do automobilismo. Afinal, foi neste GP em que Nelsinho Piquet rodou e bateu de propósito com sua Renault para provocar a entrada do Safety Car que beneficiou Fernando Alonso. O companheiro de equipe do brasileiro, 15º num grid de 20 pilotos, parou na décima-terceira volta para reabastecer, como parte de um plano maquiavélico engendrado por Flavio Briatore e Pat Symonds, do qual diversos membros da equipe e principalmente os pilotos tinham conhecimento da artimanha. Nelsinho foi para o muro uma volta após o pit do espanhol. No reabastecimento, a Ferrari embananou-se com a mangueira de combustível e Felipe Massa, pole position, caiu para a última posição.

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A estratégia da Renault deu certo: Alonso assumiu o primeiro lugar na 34ª volta e venceu com quase três segundos de vantagem para Nico Rosberg. Massa, 13º colocado na ocasião, chora até hoje o resultado do GP de Cingapura como o principal responsável pela perda do título mundial em 2008 – o que, cá pra nós, não corresponde à verdade. O resto da história, todo mundo sabe: após a demissão do filho em 2009, o tricampeão Nelson Piquet delatou todo mundo à FIA, que julgou e puniu os culpados, num dos maiores escândalos do esporte. Nelsinho ganhou um salvo conduto da entidade, mas teve seu filme incinerado na categoria. Fernando Alonso, o principal beneficiado por tudo aquilo, continua firme na Fórmula 1. É a vida…

Vídeos históricos – “lenha” entre Berger e Blundell (1993)

RIO DE JANEIRO – Diante do panorama atual de uma Fórmula 1 com motores turbo que não têm personalidade, nem ronco, trago aqui um vídeo do acervo dos irmãos Neri, que nos brindam com pérolas históricas do automobilismo. É um pega sensacional, épico, entre a Ferrari de Gerhard Berger e a Ligier-Renault de Mark Blundell no GP da Alemanha de 1993.

Os dois pilotos brigavam pelo quarto lugar e as imagens que se seguem no vídeo acima são espetaculares. Afora o barulho. Coisa linda ver a Ferrari com motor V-12 e o carro francês com motor V-10, ambos se esgoelando nas grandes e saudosas retas da Floresta Negra que permeava o circuito de Höckenheim.

Blundell, após muita luta, roubou o 4º posto de Berger e acabou herdando um pódio, quando um pneu da Williams de Damon Hill, que liderava, furou na última volta. Berger não resistiu por muito tempo e acabou ultrapassado, voltas mais tarde, por Ayrton Senna e também por Riccardo Patrese.

O fim de 1.721 dias de espera

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RIO DE JANEIRO – Domingo como hoje, 30 de março. O ano, 1980. TV ligada na Bandeirantes no horário d’Os Trapalhões, para acompanhar a narração de Galvão Bueno e os comentários de José Maria “Giu” Ferreira.

Heresia em tempos de liderança global na audiência? Não, quando se tratava de Fórmula 1, pelo menos lá em casa.

Era o dia do GP dos EUA-Oeste, em Long Beach. O dia de Nelson Piquet Souto Maior. O fim de 1.721 dias de espera.

Naquela noite aqui no Brasil, Piquet foi absoluto no circuito urbano montado na Califórnia. Pole position com a Brabham número #5, o piloto então com 27 anos de idade jamais foi ameaçado em sua liderança. Nem mesmo quando o rival Alan Jones assumiu o segundo lugar, até desistir na 48ª volta, o brasileiro recebeu qualquer tipo de pressão.

Piquet, além de dominar do início ao fim, fez a volta mais rápida da corrida. Triunfo incontestável daquele que conseguiu pôr fim a um longo jejum. Não havia um piloto brasileiro no topo de um pódio numa prova de Fórmula 1 desde 14 de julho de 1975. Naquela ocasião, Emerson Fittipaldi vencera um acidentadíssimo GP da Inglaterra, em Silverstone. E em dobradinha com José Carlos Pace, um dos muitos que bateu em meio ao aguaceiro que tomava conta da pista.

Quase cinco anos após, o mesmo Emerson, então com 33 anos e massacrado impiedosamente por conta do suposto fracasso da equipe Copersucar, até hoje a única representante sul-americana da categoria máxima, participava de mais um momento histórico do Brasil na Fórmula 1. Também em 75, ele estivera no pódio com José Carlos Pace, na igualmente histórica dobradinha do GP do Brasil em Interlagos. E mesmo largando da última posição do grid em Long Beach, o bicampeão mundial alcançou o 3º lugar.

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A primeira vitória de Nelson Piquet também marcou a última oportunidade em que vimos Emerson no pódio. Um triunfo revestido de simbolismo, como que marcando a passagem de bastão do antigo para um futuro campeão de Fórmula 1. O tempo, sábio como sempre, se encarregaria de mostrar que a previsão de Dave Simms, um dos primeiros chefes de equipe de Nelson Piquet e que trabalhou com ele na equipe BS Fabrications, era certeira.

“Aposto todo meu dinheiro, com quem quiser, que Nelson será campeão em três anos”. Nelson foi, de fato, campeão em 1981, um ano depois de sua primeira vitória.

Sobrando na turma

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RIO DE JANEIRO – A Mercedes sobra na turma neste começo de temporada na Fórmula 1. Duas vitórias do construtor alemão, de forma enfática e com um domínio incontestável. Na Austrália, deu Nico Rosberg na cabeça e, desta vez, o triunfo – praticamente de ponta a ponta – foi do pole position Lewis Hamilton, que tinha o carro mais rápido da pista sem nenhuma discussão. Esta é a 23ª vitória da carreira do britânico, que assim iguala o número de triunfos do tricampeão mundial Nelson Piquet.

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A exemplo da prova de abertura do campeonato, o GP da Malásia foi parco em emoções. As primeiras posições praticamente se definiram na largada e o único senão na turma da frente foi o sem-fim de problemas enfrentados por Daniel Ricciardo com sua Red Bull. Não obstante a desclassificação na Austrália, o piloto do carro #3 voltou a ter “problemas” com o fluxômetro do combustível – para muitos, uma desculpa esfarrapada para evitar que o piloto atacasse o 3º lugar de Sebastian Vettel quando o carro do australiano estava melhor no começo da corrida.

Mais tarde, somaram-se a uma corrida desastrosa um problema num pit stop, uma asa dianteira quebrada e uma punição de 10 segundos aplicada ao piloto pelo erro da equipe justamente no pit para troca de pneus. Com a corrida comprometida, Ricciardo acabou abandonando após ficar duas voltas atrás dos líderes. Agora chega a informação que ele sofreu uma punição retroativa de 10 posições, por conta do pit stop em que Daniel foi liberado sem a asa dianteira estar devidamente fixada, para a próxima etapa. Que fase!

Somente isto, além da estratégia da Force India, possibilitou a Fernando Alonso a hipótese de chegar em 4º lugar numa Ferrari lenta e sem ritmo. O carro do construtor italiano é tão deficiente que Kimi Räikkönen, vítima de um furo num pneu traseiro direito logo no início, penou para passar os mais lentos e, no fim da disputa, sequer superou a medíocre Lotus de Romain Grosjean.

Com um pit stop a menos que os rivais, Nico Hülkenberg chegou num ótimo 5º lugar. É a segunda prova consecutiva do alemão na zona de pontos – pelo visto é ele quem carregará o time de Vijay Malliya nas costas neste ano. Sergio Pérez, coitado, nem largou neste domingo…

A McLaren desta vez não foi tão bem quanto na Austrália, mas seus dois pilotos pontuaram: o jovem Kevin Magnussen foi, no meu entendimento, injustamente punido por um toque com Räikkönen. Mas ainda recuperou-se para chegar em nono. Jenson Button, com classe, defendeu-se muito bem dos ataques de Felipe Massa, que chegou a se aproximar para tentar ganhar a posição e foi o 6º colocado.

Felipe Massa… pois é… logo na segunda corrida do piloto brasileiro na Williams, um velho pesadelo voltou. Ordens de rádio, do tipo “Bottas está mais rápido que você, deixe-o passar”. Dèja vu total, lembrando o que aconteceu a ele na Alemanha. Diferentemente de quatro anos atrás, Massa não estendeu tapete vermelho ao finlandês e não cedeu a posição. Simplesmente fez o que tinha que fazer – e, na verdade, fez o que deveria ter feito em 2010.

E Bottas esperava mesmo que Massa facilitasse? Por mais que o finlandês fique uma arara com o desrespeito à ordem de equipe, que certamente ele invocará em reuniões com o time britânico, há alguns fatores a serem considerados: nem com o uso da asa móvel ele ameaçou de fato a posição do companheiro de equipe; e também havia um alegado problema com a temperatura do motor Mercedes, que já atingia níveis estratosféricos com o desgaste proporcionado por uma prova disputada num país quente como a Malásia.

Aliás, Bottas andar no mesmo nível do brasileiro não é o fim do mundo. O piloto conhece a equipe e é mesmo muito rápido. O fim do mundo, entretanto, seria Massa ceder às ordens do time e deixar o finlandês passar. Seria caso até de pegar o boné e ir embora pra casa.

Voltando à corrida, na qual os pneus Pirelli inclusive se portaram bem, em que pese o asfalto áspero e abrasivo do circuito de Sepang, mais uma vez o estreante russo Daniil Kvyat mostrou qualidades, concluindo na zona de pontuação pela segunda prova consecutiva. E entre os que não marcaram nada, até que a Caterham merece algum destaque: os dois carros verdes chegaram ao fim e Kamui Kobayashi vez ou outra apareceu na zona de pontuação quando havia rodadas de pit stop.

Fica claro que o time malaio até pode fazer corridas honestas com o CT05 neste ano. E Max Chilton, devagar e sempre, conseguiu ampliar seu recorde para 21 corridas consecutivas sem qualquer abandono na carreira na Fórmula 1.

Muito bem: já no próximo fim de semana, ao meio-dia de Brasília, os carros voltam para a 3ª etapa no Bahrein, no inócuo circuito de Sakhir. A atração desta vez será o fato de que a corrida será noturna, beneficiando o desempenho dos carros por conta da temperatura mais baixa. Será que a Mercedes continuará seu domínio avassalador das duas primeiras provas?

Respostas, domingo que vem.

Saudade…

10153201_453924314738409_2131092299_nRIO DE JANEIRO – Dia 29 de março de 1981. Eu estava lá, há 33 anos, assistindo o GP do Brasil de Fórmula 1 na volta da categoria ao Rio de Janeiro. Chovia adoidado e eu, como 90% dos torcedores, estava ensopado até a alma na corrida em que todo mundo esperava uma vitória do Nelson Piquet – que não veio. Deu Carlos Reutemann na cabeça, com a Williams FW07C Cosworth.

Mas a saudade, mesmo, bateu duplamente: do Autódromo de Jacarepaguá e desse cara que desfilava arrojo, loucura e muita velocidade. Gilles Villeneuve, a lenda do #27 a bordo de sua Ferrari 126 CK, bico já quebrado por alguma barbaridade cometida no início do GP do Brasil.

Esse canadense era demais! Chorei muito quando ele morreu no ano seguinte. E em 1982, um ano depois dessa chuva, ele protagonizou uma disputa épica pela liderança com Keke Rosberg e Nelson Piquet, até rodar e bater.