Dead man’s party

RIO DE JANEIRO – O blog traz uma música fundamental de uma banda idem dos anos 80: o Oingo Boingo, liderado pelo genial Danny Elfman, marcou toda uma geração com suas músicas dançantes, alegres, divertidas e de ótimas melodias. Sem se prender ao básico de baixo-bateria-guitarra, o grupo tinha instrumentos de sopro e percussão dando um molho mais gostoso às composições.

Muitas delas fizeram sucesso no Brasil, entraram em trilha sonora de novela e de filmes e uma delas foi um estouro absoluto: “Dead man’s party”, que ganhou notoriedade por fazer parte da trilha sonora do hilário Back to School (De volta às aulas), um clássico blockbuster de comédia com o saudoso Rodney Dangerfield desempenhando o papel de um homem rico, porém bronco e de pouca instrução, que resolve entrar na mesma faculdade de seu filho. O filme, que tem ainda a presença de Sally Kellerman, Robert Downey Jr. e Burt Young, entre outros, é muito divertido.

“Dead man’s party”, com o Oingo Boingo, é o clip da semana.

Silly season USCC 2014: como ficarão as equipes de protótipos

RIO DE JANEIRO – Começa a especulação sobre quem vai correr do que e em que categoria no Tudor United Sportscar Championship. A pré-temporada começa já neste mês de novembro com testes de outono/inverno em Daytona e Sebring que nos devem apresentar uma polaroide de como será o campeonato em 2014 nas principais categorias de protótipos do certame: a Prototypes (com os Daytona Prototypes da Grand-Am, os LMP2 da ALMS e o Delta Wing) e a Prototype Challenge (com os Oreca LMPC da ALMS). Vamos ver em que pé está a participação das equipes para o próximo ano.

Classe Prototypes

Equipes confirmadas:

Wayne Taylor Racing
Carro: Corvette DP
Pilotos: Jordan Taylor/Ricky Taylor

O time campeão da DP na última temporada da Grand-Am segue envolvido no novo certame USCC com um carro, o Corvette DP. Além da adaptação do protótipo ao regulamento técnico, a equipe tem uma novidade: a volta de Ricky Taylor para formar dupla ao lado do irmão Jordan. Max Angelelli só disputará as provas do North American Endurance Challenge (NAEC) com os filhos do proprietário do time.

Chip Ganassi Racing
Carro: Ford DP
Pilotos: a confirmar

A equipe de Chip Ganassi Racing, maior vencedora da história da Rolex Sports Car Series, terá mudanças substanciais em 2014. O time deve anunciar um pacote técnico novo, vindo um protótipo Riley DP remodelado e com o novo motor Ford Ecoboost V6 Turbo. Possibilidade de dois carros alinhando na temporada completa. Na pior das hipóteses, será mantido o esquema com um protótipo a tempo inteiro e um segundo competindo nas corridas longas do calendário.

Spirit of Daytona Racing
Carro: Corvette DP
Pilotos: Richard Westbrook/Michael Valiante

Troy Flis confirmou a participação de sua escuderia com o Corvette DP atualizado para o novo regulamento e uma nova dupla de pilotos, formada por Richard Westbrook e Michael Valiante. Um terceiro nome será contratado para as corridas de maior duração do USCC.

Action Express Racing
Carro: Corvette DP
Pilotos: a confirmar

A Action Express deve voltar em 2014 no USCC, a princípio com dois Corvette DP. Mas não está descartada a possibilidade do time optar por um carro apenas a tempo inteiro e o segundo entrando nos eventos pré-selecionados do NAEC, com os irmãos Brian e Burt Frisselle a bordo. Provavelmente, o português João Barbosa permanece. Nada se falou ainda sobre Christian Fittipaldi para 2014. A ver.

Marsh Racing
Carro: Corvette DP
Pilotos: Eric Curran e Boris Said

Migraram da antiga divisão GT da Rolex Sports Car Series para os DPs da classe Prototypes do novo USCC, adquirindo um chassi Corvette DP (Coyote) da equipe Spirit of Daytona. O time de Ted Marsh terá Eric Curran e Boris Said a bordo, com um terceiro nome a ser definido para os eventos de longa duração do certame.

Extreme Speed Motorsports
Carro: HPD ARX-03b LMP2
Pilotos: Ryan Dalziel/Scott Sharp e Johannes van Overbeek/Ed Brown

Única equipe até aqui confirmada com protótipos LMP2, a ESM apresenta como novidade a contratação de Ryan Dalziel, que deixa de colaborar com a Starworks e a SRT Motorsports, como aconteceu neste ano. O escocês formará dupla com Scott Sharp no primeiro dos dois HPDs do time – que segue com o apoio da Tequila Patrón em 2014. Ed Brown e Johannes van Overbeek seguem no segundo carro.

Equipes a confirmar:

Mike Shank Racing
Carro: Ford DP
Pilotos: a definir

A questão financeira é que irá definir o futuro da Mike Shank Racing no novo certame USCC – além, claro, do anúncio iminente da Ganassi como nova equipe oficial da Ford nas competições estadunidenses de protótipo. Se conseguirem uma sobrevida de grana, poderão ter dois carros a tempo inteiro no campeonato. Caso isto não ocorra, devem alinhar no máximo um Ford DP apenas.

Greaves Motorsport
Carro: Zytek Z11SN Nissan LMP2
Pilotos: a definir

O time britânico capitaneado por Jacob Greaves estuda a possibilidade de ingressar no USCC em 2014 com um protótipo LMP2, o Zytek Z11SN com motor Nissan. Não está descartada uma associação com a Dyson Racing, diante das boas relações da equipe com um dos sócios do time de Poughkeepsie, Chris Dyson, que guiou para o time no ELMS e no WEC neste ano.

Muscle Milk Pickett Racing
Carro: HPD ARX-03b LMP2
Pilotos: Klaus Graf/Lucas Luhr

Com um plano de expansão confirmado para 2014, contemplando uma das divisões GT do USCC, a Muscle Milk Pickett Racing ainda não é presença certa na categoria entre os protótipos. A princípio, os campeões da última temporada da ALMS na classe LMP1 devem fazer o downgrade do carro e competir como um LMP2 no próximo ano. Lucas Luhr e Klaus Graf renovaram contrato e seguem onde estão.

Conquest Endurance
Carro: a definir
Pilotos: a definir

Forçada a deixar as pistas em 2013 após competir com um Morgan LMP2 na ALMS durante o ano passado, a Conquest Racing do belga Eric Bachelart planeja seu regresso às pistas na próxima temporada. Têm como opções os chassis Oreca, Morgan ou Zytek para andar com um motor Nissan V8. Como “plano B”, a equipe poderá só aparecer nos eventos pré-selecionados do NAEC.

DeltaWing Racing Cars
Carro: DeltaWing DW13 Elan Coupé
Pilotos: a definir

A equipe liderada por David Price já trabalha no DeltaWing equipado com os pneus Continental, obrigatórios pelo regulamento do USCC. O estranho carro, que ficou mais estranho ainda com a conformação Coupé, poderá ter mais de uma unidade nas pistas em 2014.

Gainsco/Bob Stallings Racing
Carro: Corvette DP
Pilotos: Alex Gurney/Jon Fogarty

Para tristeza dos fãs do “Red Dragon”,  o carro da Gainsco/Bob Stallings não participará de toda a temporada do USCC em 2014. A equipe decidiu por um calendário reduzido de provas, concentrando nas etapas do NAEC – Daytona, Sebring, Watkins Glen e Petit Le Mans. Considera-se a presença na corrida “caseira” do time de Bob Stallings em Austin, no Texas. Jon Fogarty e Alex Gurney estão confirmados ao volante do Corvette DP.

Pecom Racing
Carro: Oreca 03 Nissan LMP2
Pilotos: a definir

O time do argentino Luis Perez-Companc pode optar por disputar o USCC inteiro ou apenas as principais provas longas (Daytona, Sebring e Petit Le Mans) do NAEC. A decisão de trocar o WEC pelo certame estadunidense ainda não foi tomada.

8Star Motorsports
Carro: Corvette DP ou um protótipo LMP2 a definir
Pilotos: a definir

A escuderia do venezuelano Enzo Potolicchio deve rever seus esforços no USCC por questão de custos. O time estuda a possibilidade de se concentrar só na categoria PC ou então alinhar um carro apenas – e não dois – na divisão Prototypes, podendo ser um Corvette DP apenas ou um carro dentro do regulamento técnico LMP2. A ver.

Starworks Motorsport
Carro: a definir
Pilotos: a definir

Outra escuderia cuja participação está em dúvida pela questão financeira e pelo custo alto de transformação dos atuais DPs dentro do novo Balance of Performance para o USCC, a Starworks de Peter Baron cogita a hipótese de executar o seu programa com um protótipo LMP2, de custo menos elevado. E não está descartada a passagem para os Oreca da classe PC, a tempo inteiro.

Dyson Racing
Carro: a definir
Pilotos: a definir

O time de Rob e Chris Dyson aparentemente possui várias opções para a próxima temporada e uma delas é a associação com a Greaves, alinhando um Zytek Z11SN Nissan LMP2. No entanto, tudo isso não passa de especulação e as dúvidas continuam grandes.

Classe Prototype Challenge

Equipes confirmadas:

CORE Autosport
Carro: Oreca FLM09 Chevrolet
Pilotos: a confirmar

A escuderia de Jonathan Bennett deve dar continuidade ao seu projeto com os Prototype Challenge, tal qual fazia na ALMS, desta vez no USCC, com um único carro. O próprio Bennett candidata-se para ser um dos pilotos. Tom Kimber-Smith e Colin Braun estão cotados.

PR1/Mathiasen Motorsports
Carro: Oreca FLM09 Chevrolet
Pilotos: a confirmar

O time de Bobby Oergel tem planos de alinhar dois protótipos Oreca FLM09 no próximo ano, uma vez que após muito esforço, conseguiram adquirir um segundo chassi. Mas com um teto de 10 carros para esta classe em 2014, pode ser que tudo tenha sido em vão. Caso não tenham possibilidade de pôr dois bólidos na pista, permanecerão com um só no ano que vem.

BAR1 Motorsports
Carro: Oreca FLM09 Chevrolet
Pilotos: a confirmar

A BAR1 Motorsports vive a expectativa de tentar repetir em 2014 no USCC o bom desempenho alcançado neste ano na ALMS. O time chefiado por Brian Alder correu com dois carros na extinta LMPC na última temporada e teve ótimo desempenho, especialmente com o duo formado por Chris Cumming e Kyle Marcelli, que podem regressar – mas ainda não houve confirmação alguma.

RSR Racing
Carro: Oreca FLM09 Chevrolet
Pilotos: a confirmar

Outra escuderia que planejava alinhar dois carros no próximo ano, a RSR Racing de Paul e John Gentilozzi poderá ser forçada a voltar atrás em sua decisão de expansão da estrutura. Saberemos maiores detalhes nos testes de pré-temporada, onde o brasileiro Bruno Junqueira deve fazer parte, assim como Duncan Ende, que dividiu com ele a pilotagem na maioria das corridas da ALMS em 2013.

Performance Tech Motorsports
Carro: Oreca FLM09 Chevrolet
Pilotos: a confirmar

Após uma boa temporada em 2013, a Performance Tech Motorsports tem planos mais ambiciosos para o próximo ano no USCC. A escuderia chefiada por Brent O’Neill permanece com um único carro e apenas Charlie Shears está confirmado. Tristan Nunez pode prosseguir também.

Equipes a confirmar:

8Star Motorsports
Carro: Oreca FLM09 Chevrolet
Pilotos: a definir

Têm planos de fazer a temporada do USCC na divisão principal também, a exemplo da Prototype Challenge, porém se houver problema com relação a orçamento, a chance de concentrarem esforços na PC é bastante grande. Fizeram ótima estreia com o carro Oreca FLM09 na última corrida da ALMS, em Road Atlanta, com participação do brasileiro Oswaldo Negri.

Starworks Motorsport
Carro: Oreca FLM09 Chevrolet
Pilotos: a definir

A exemplo da 8Star Motorsports, o time de Peter Baron ressente-se de restrições orçamentárias para definir onde concentrará esforços no USCC em 2014. Caso seja gorada a hipótese de envolvimento na divisão principal do certame, poderão investir pesado na PC. Estrearam com um carro desta divisão no COTA, em Austin, com bom desempenho.

Level 5 Motorsports
Carro: Oreca FLM09 Chevrolet
Pilotos: a definir

Scott Tucker tinha comprado três novos chassis Oreca FLM09 para regressar à classe onde sua escuderia começou as atividades na extinta American Le Mans Series, mas já cogita a mudança para o WEC em 2014. Existe, entretanto, a chance da equipe permanecer nos EUA e assim disputar o USCC.

Boas notícias para o WEC: Rebellion volta a ter dois carros em 2014

RIO DE JANEIRO – Com o fim da LMP1 na American Le Mans Series e o investimento maciço na construção de um novo carro, em parceria tecnológica com a francesa Oreca, a Rebellion Racing revela que disputará o World Endurance Championshiop (WEC) do próximo ano com dois protótipos Rebellion R-One. Somados aos carros de Audi, Porsche e Toyota, a principal classe do WEC terá pelo menos oito carros nas pistas em 2014.

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No ateliê da Oreca, o trabalho e intenso e a concepção do carro já teve início. O francês Nicolas Prost, que já renovou contrato para 2014, esteve nas instalações da fábrica em Signes, onde junto aos engenheiros da Rebellion e da própria Oreca, trabalhou em detalhes fundamentais para a pilotagem – especialmente a ergometria, para que nenhum dos tripulantes sinta-se desconfortável e, mais do que tudo, a questão da visibilidade, que sofrerá sutis e importantes mudanças, visando a segurança dos pilotos.

A Rebellion Racing informou que, a princípio, três chassis serão construídos para toda a próxima temporada do WEC. Os dois titulares vão disputar as oito provas do Mundial, incluindo as 24 Horas de Le Mans. O terceiro bólido ficará como carro-reserva, podendo ser utilizado em caso de um acidente grave com um dos titulares.

Sem Neel Jani, que foi para a Porsche, a Rebellion Racing terá que se socorrer de pelo menos um piloto novo para o próximo ano – e logicamente poderão vir outros. Prost é por enquanto o único confirmado para a campanha do time suíço, que disputará a desmembrada LMP1 na divisão Light, para carros sem ERS e pertencentes a escuderias não-oficiais de fábrica.

Campeão nos gramados e nas pistas

MOTORSPORT : GT TOUR ROUND 7 LE CASTELLET (FRA) 10/25-27/2013RIO DE JANEIRO – Preste atenção na foto e no segundo agachado à direita de quem a vê. Reconheceu? Pela careca, não é difícil: é Fabién Barthez, o antigo goleiro da seleção francesa campeã da Copa do Mundo de 1998 em cima do Brasil, naquele jogo onde o Zidane acabou com o baile e o Ronaldo… bem, melhor deixar quieto.

Pois é: após ganhar muitos títulos nas quatro linhas, Barthez agora é campeão no asfalto. O ex-goleiro abraçou o automobilismo faz alguns anos e parece levar a coisa cada vez mais a sério. Aos 42 anos, ele chegou no último fim de semana ao título máximo do Campeonato Francês FFSA GT, o equivalente local ao FIA GT Series.

Com uma Ferrari F458 Italia dividida com o parceiro Morgan Moulin-Traffort, Barthez venceu duas das 14 provas disputadas em sete rodadas duplas, uma em Imola, na Itália e a outra no circuito Val de Vienne. Vinte pontos conquistados no último fim de semana em Paul Ricard foram suficientes para a dupla do Team SOFREV-ASP ganhar o campeonato com 174 pontos somados, 21 a mais que Laurent Pasquali/Anthony Beltoise, que ficaram com o vice.

A equipe, aliás, vai disputar no fim de semana de 9 e 10 de novembro a última etapa do International GT Open em Barcelona, pensando em voos mais altos em 2014, que contemplam inclusive uma entrada nas 24 Horas de Le Mans, numa das subcategorias LMGTE – provavelmente na divisão AM, com gentlemen drivers.

Já pensaram se Barthez é um deles?

Os mais belos Esporte-Protótipos, pelos leitores

jaguar_xjr8_16RIO DE JANEIRO – Na foto, um Jaguar XJR-8 Grupo C. Com um carro igualzinho a este, Raul Boesel comemorava há 26 anos um histórico e até hoje inédito título mundial de Endurance por um piloto brasileiro. A razão deste post é a seguinte: de hoje até o dia 15 de novembro, vocês leitores do blog vão ter a chance de eleger, assim como foi feito com os Fórmula 1, os dez mais belos Esporte-Protótipos de todos os tempos.

Cada leitor pode indicar dez carros de diferentes épocas, aproveitando a área de comentários deste post e os mais votados serão elencados no blog a partir do dia 17. Então, mãos à obra e mandem bala!

Bodas de prata

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RIO DE JANEIRO – Para muitos torcedores brasileiros, a Fórmula 1 nunca mais seria a mesma a partir do dia 30 de outubro de 1988. Naquela data, há 25 anos, Ayrton Senna vencia a luta interna contra Alain Prost na McLaren, que tinha o carro dominante daquela temporada, para se consagrar pela primeira vez campeão mundial da categoria máxima do automobilismo.

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A temporada foi um mano-a-mano como poucas vezes pudemos presenciar, onde eles e só eles tiveram chance real de ser campeões. Era o último ano dos carros com motores turbocomprimidos, que competiam com enorme restrição de consumo, podendo gastar apenas 150 litros de combustível. E mesmo assim, o desempenho de Senna e de seu companheiro de equipe foi muito acima de todas as outras escuderias.

O domínio dos McLaren-Honda foi tão latente que, somando os pontos das demais equipes, quase que o time chefiado por Ron Dennis fez o total de todas as outras, que deu 201 pontos. A campeã de Construtores fez 199, com quinze vitórias em dezesseis corridas. Só não venceu todas porque o motor do carro de Prost quebrou em Monza e Senna atrapalhou-se com Jean-Louis Schlesser, ofertando a vitória em dobradinha à Ferrari, com Gerhard Berger em primeiro e Michele Alboreto em segundo.

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Foi um campeonato com grandes momentos de ambos, Senna e Prost. Ayrton começou de uma forma frustrante em Jacarepaguá, ganhando bandeira preta após largar com o carro reserva após uma quebra do titular, o que não era permitido pela regra. Prost venceu e fez 1 x 0 em cima do brasileiro, que deu o troco em San Marino, empatando a “peleja”.

Veio Mônaco e a famosa corrida onde Ayrton desconcentrou-se e bateu sozinho. O brasileiro foi até chamado de “barbeiro” por um jornal paulista, mas não se incomodou com o epíteto e foi à luta. Segundo no México, derrotou Prost no Canadá e em Detroit, em grande estilo. Em vitórias, estava 3 x 3.

No GP da França, Prost estava inspirado e veloz como poucas vezes víamos o francês naqueles tempos. Tido como um piloto ‘cerebral’ e com o apelido de Le Professeur, Alain raramente se arriscava. Mas diante de sua torcida, em Paul Ricard, ele tinha que derrotar Senna e abrir vantagem no Mundial de Pilotos. Àquela altura, com sete etapas, estava 54 a 39 para o francês.

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Só que veio uma corrida com chuva logo na sequência. E pista molhada nunca foi a especialidade de Prost, que no GP da Inglaterra foi humilhado a ponto de levar uma volta inteira de Senna, que venceu e descontou a diferença. Choveria de novo na Alemanha, em meio à floresta de Hockenheim, mas um campeonato estava em jogo, Prost foi obrigado a deixar a cautela para escanteio e chegou em segundo, novamente atrás de um inspirado Senna – que venceria também em Hungaroring e Spa-Francorchamps, desconcertando Prost.

“Parabéns, campeão”, disse o piloto para seu companheiro de equipe, líder naquele momento por três pontos de vantagem – 75 a 72.

A frase não passava de uma das muitas manobras ardilosas de Prost, que transitava com muita desenvoltura nos bastidores. Fora das pistas, o francês fazia articulações, choramingava, chiava, tudo para desviar a atenção da mídia a Senna, que caminhava célere para o título.

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Então veio Monza, a única corrida onde os dois não marcaram pontos juntos e uma sequência nada feliz para Ayrton, com direito a um 6º lugar em Portugal após uma disputa nada amistosa entre ambos no fim da primeira volta, onde Senna quase jogou Prost no muro e o quarto posto em Jerez de la Frontera. Prost, matreiro, venceu ambas.

Mas havia ainda um componente que poderia virar o jogo em favor de Ayrton: o descarte dos cinco piores resultados, obrigatório naqueles tempos. Para efeito de pontuação, só valiam onze corridas e Prost, com 90 pontos somados, tinha que descartar seis e estava com 84 válidos. Senna tinha 79 pontos líquidos e só iria descartar os resultados de Portugal e Espanha após as duas corridas finais no Japão e Austrália.

Foi um fim de semana de tensa expectativa. Na qualificação, Ayrton marcou mais uma pole em 1’41″853, com Prost em segundo, tendo marcado 1’42″177. Os dois largariam à frente do pelotão de 26 carros num domingo nublado no circuito de Suzuka para a decisão de um campeonato extraordinário para ambos.

O câmbio do carro de Senna teimou em não colaborar quando o brasileiro quis engatar a primeira marcha e arrancar à frente de Prost. Com o problema e a hesitação de Ayrton, o piloto foi engolido por metade do grid e ele chegou a cair para 16º. Mas na primeira volta, fez uma série de ultrapassagens e já estava em oitavo. Em mais 20 passagens, Senna tinha deixado cinco adversários para trás, ganhando a 2ª posição com a quebra de motor do March Judd de Ivan Capelli que – suprema audácia – chegou a liderar a corrida ultrapassando Prost.

Foi um momento crucial da corrida, pois o francês claramente reduziu o ritmo em decorrência de uma chuva fininha que caía no circuito e podia pôr tudo a perder. Prost foi cauteloso como sempre e Senna arriscou tudo para se aproximar do rival e companheiro de equipe. E deu tudo certo.

No início da 28ª volta, o brasileiro vislumbrou a possibilidade de superar Prost e deixá-lo para trás. Com a presença de dois retardatários à sua frente, o francês hesitou, como de hábito, e não dobrou os carros mais lentos. Senna aproveitou a brecha e passou onde dava, assumindo a liderança sem perdê-la até o fim da 51ª passagem. O brasileiro relegou Prost a 13″363 de distância na quadriculada e comemorou de forma emocionada e intensa o seu primeiro título mundial de Fórmula 1.

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Mais relaxado, Senna foi derrotado por Prost em Adelaide na última corrida do ano, que contou com Nelson Piquet de coadjuvante no pódio. Com oito triunfos contra sete de Alain, Ayrton Senna da Silva, aos 28 anos, entrava para o rol dos grandes campeões da história do automobilismo. Pena que a parceria e o respeito que parecia existir entre os dois rivais e companheiros de equipe deitaria por terra em 1989 e mudaria os rumos da Fórmula 1 naqueles tempos.

Hora da decisão no Japão

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RIO DE JANEIRO – Na próxima madrugada de sábado para domingo, aqui no Brasil, teremos a decisão da temporada 2013 do Super GT nas divisões GT500 e GT300. O circuito de Twin Ring Motegi, mais uma vez, será o palco da última etapa, disputada no traçado misto com 4,801 km de extensão.

Nada menos que oito duplas ainda podem ser campeãs na classe principal, cujo campeonato, ao contrário do ano passado, ficou para ser decidido na corrida derradeira. Com 20 pontos em disputa, até a dupla formada por Juichi Wakisaka/Hiroaki Ishiura, que soma 41, pode levar o título – dependendo, claro, de uma combinação monstruosa de resultados a favor deles. Na mesma situação se encaixam João Paulo de Oliveira/Tsugio Matsuda, que poderiam estar mais próximos dos primeiros lugares se não fosse a chuva em Autopolis a tirar o carro #12 da disputa.

Com o Nissan azul do Team Calsonic Impul, a dupla nipobrasileira soma 46 pontos, doze a menos que os líderes do campeonato, Yuji Tachikawa/Kohei Hirate, que correm com um Lexus, mesmo modelo dos vice-líderes Kazuki Nakajima/James Rossiter. Duas duplas estão empatadas em 3º lugar com o mesmo número de pontos, mas Naoki Yamamoto/Fred Makowiecki venceram os 1000 km de Suzuka, prova de maior pontuação do campeonato. Koudai Tsukakoshi/Toshihiro Kaneishi perdem no desempate, pois não venceram e chegaram duas vezes em segundo.

Na GT300, a decisão é entre cinco duplas, também com a matemática favorecendo mais a umas do que outras. Nesta subclasse, é bom lembrar, houve uma etapa a mais com a presença dos carros da categoria na etapa de Fuji do Asian Le Mans Series (AsLMS) e por isso a liderança é de Hideki Mutoh/Yukhi Nakayama, com o Honda CR-Z do Team Mugen, somando 70 pontos, oito a mais que a dupla da BMW Z4 guiada por Nobuteru Taniguchi/Tetsuya Kataoka.

Duas tripulações a bordo dos Mercedes SLS AMG GT3 vêm em terceiro e quarto: Björn Wirdheim/Katsuyuki Hiranaka somam 60 pontos e Hironori Takeuchi/Takeshi Tsuchiya têm 56. Tetsuya Yamano/Kota Sasaki ocupam a quinta posição, com 55 pontos somados a bordo do Subaru BRZ.

Como se trata de uma etapa decisiva, nenhum lastro adicional será imposto aos carros de ambas as classes. A corrida do domingo também será de tiro curto, com duração de 250 km, a menor de toda a temporada em extensão.

Outsiders: Elio de Angelis, o “Príncipe Negro”

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RIO DE JANEIRO – Ele foi um dos mais regulares pilotos do seu tempo. Não chegava ao ponto de dar espetáculo na pista, mas era veloz quando necessário e constante sempre que preciso. Pilotou para uma das lendas da Fórmula 1 e encontrou a morte prematuramente, aos 28 anos. Refiro-me a Elio de Angelis, cujo apelido de “Príncipe Negro” caía bem pelos carros de cor escura que guiou quase toda a carreira na categoria máxima e por seus modos de garoto rico, filho de família abastada que mostrou classe e finesse dentro e fora das pistas.

O pai de Elio, Giulio de Angelis, também foi um esportista. Disputou corridas de Powerboats, aqueles barcos com motores enormes que disputam provas de Offshore, em mar aberto, semelhantes aos que vitimaram, por exemplo, o ex-piloto de Fórmula 1 Didier Pironi e Stefano Casiraghi, então marido da princesa Caroline de Mônaco.

Após uma breve experiência nos karts, Elio de Angelis subiu para os monopostos em 1977, quando tinha então 19 anos. Começou no Campeonato Italiano de Fórmula 3 e chegou à vitória no prestigioso GP de Mônaco, preliminar da Fórmula 1, em 78 – quando inclusive já estava na Fórmula 2, onde começou correndo pela Scuderia Everest de Giancarlo Minardi e depois pela ICI Chevron, substituindo Keke Rosberg. Com o modelo B42 do construtor britânico dotado de motor Hart, Elio foi ao pódio em Misano na penúltima etapa do campeonato, chegando em 14º lugar no Europeu da categoria, com quatro pontos somados.

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Apesar dos resultados tímidos, Elio não teve dificuldade para conseguir uma vaga na Fórmula 1 para a temporada de 1979. A opção foi a Shadow, já uma escuderia em franca decadência e que apostava em dois novatos naquele ano. Além dele, o holandês Jan Lammers, que tinha o patrocínio da Samson Shag, foi contratado para defender o time após conquistar o título europeu de Fórmula 3 em 78.

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Ainda sem ter completado 21 anos de idade, o garoto italiano surpreendeu em sua estreia: chegou em 7º lugar no GP da Argentina, resultado que repetiria em Long Beach, apesar da propalada pouca competitividade do Shadow DN9B. Com exceção ao GP de Mônaco, onde não conseguiu um lugar no grid, Elio largou em todas as demais 14 etapas do calendário, inclusive se colocando em 12º lugar no grid do GP da Inglaterra, disputado no velocíssimo circuito de Silverstone.

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Já conhecido pelos fãs na época por usar um lindíssimo modelo de capacete fabricado pela Simpson, ao estilo dos soldados do filme Star Warsde Angelis conseguiria uma façanha e tanto ao fim do campeonato: na última etapa, disputada sob temporal em Watkins Glen, o italiano salvou o ano da Shadow ao terminar aquela corrida em 4º lugar após largar em vigésimo. Foram os três primeiros pontos dele na categoria – e os três últimos da Shadow como equipe.

Quem enxergou potencial em Elio de Angelis foi Colin Chapman. A velha raposa não hesitou em lhe oferecer um lugar de segundo piloto em sua equipe para o ano de 1980, após a demissão do argentino Carlos Reutemann. O italiano aceitou sem pestanejar, acreditando que teria muito a aprender com Mario Andretti, campeão mundial de 1978.

Logo de cara, Elio mostrou quem daria as cartas na Lotus. A bordo do modelo 81, muito mais convencional que o malfadado Lotus 80, abandonado no meio da temporada anterior, o italiano fez o 5º tempo no grid do GP da Argentina, abandonando cedo por um problema de suspensão. Em Interlagos, surpresa: sétimo na largada, de Angelis termina em segundo atrás de René Arnoux. Um pódio inesperado e muito comemorado pela equipe, já experimentando os primeiros sintomas da decadência que depois tomaria conta do time britânico.

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Contudo, veio um período sem resultados, tanto para Elio quanto para Andretti, que não marcava pontos de jeito nenhum. O italiano abandonou sete GPs seguidos, mas recuperou-se na Áustria com um 6º lugar. Ainda foi quarto no único GP da Itália realizado fora de Monza e, de novo, em Watkins Glen. Terminou o campeonato em 7º lugar com 13 pontos. Mario Andretti fez somente um e Chapman não renovou-lhe o contrato. Elio passava ao posto de primeiro piloto da Lotus em menos de dois anos na Fórmula 1.

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Colin tinha perdido o privilégio dos carros mais rápidos e avançados daqueles tempos, mas ainda aprontava das suas. Lançou o natimorto modelo 88, com dois chassis, considerado ilegal pela FIA e que tinha sido exaustivamente testado por Elio de Angelis. O novo piloto titular, um inglês estabanado chamado Nigel Mansell, ainda era um zero à esquerda.

A Lotus começou o campeonato de 1981 ainda com o patrocínio da petroleira Essex, o mesmo do ano anterior, com o modelo 81 transformado em 81B com o fim do efeito asa. Elio fez pontos em três das cinco primeiras etapas, com um 5º lugar no Brasil e outro na Bélgica, além de um sexto posto na Argentina. Em San Marino, por conta dos problemas da legalidade do 88, nem ele e nem Mansell correram.

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Em Mônaco, Chapman estreou o Lotus 87 enquanto ainda tentava dar ao 88 uma sobrevida, que quase custou caro à escuderia no GP da Inglaterra, patrocinado pela John Player Special – que voltaria a estampar suas cores nos carros do time após os problemas da Lotus com a Essex. Elio começou os treinos com o 88 por interferência do RAC, mas a FIA entrou na ciranda, vetou definitivamente o carro e, com pouco tempo para acertar o 87 para a pista inglesa, ficou em 22º no grid. Já Mansell foi desclassificado e não correu. Elio atingiu a 6ª posição na corrida após menos de 20 voltas, mas levou uma bandeira preta da direção de prova e acabou excluído da disputa.

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No fim do campeonato, o italiano voltou a frequentar a zona de pontos: foi 5º colocado na Holanda, quarto na Itália e sexto no temporal do Canadá. Somou mais pontos que em seu primeiro ano de Lotus, mas acabou uma posição abaixo no Mundial, em 8º lugar.

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Para 1982, a Lotus preparava o lançamento do 91 e no início do ano, Elio e Mansell guiariam o 87B. Na África do Sul, na famosa ocasião onde os pilotos se rebelaram contra a FOCA e a FISA e fizeram uma greve de 30 horas, dormindo juntos num dos salões do hotel Kyalami Ranch, de Angelis mostrou uma outra habilidade além das pistas de corrida: brindou os demais colegas presentes com peças clássicas tocadas ao piano. Daí subentende-se a pilotagem refinada e classuda do italiano, pouco afeito a erros.

A temporada foi bastante razoável. Elio pontuou em sete oportunidades, com a costumeira regularidade, terminando três vezes em quarto lugar, duas em quinto e noutra em sexto. Mas foi o GP da Áustria, em Zeltweg, que marcou definitivamente a passagem do italiano na Fórmula 1.

A Lotus não vencia uma corrida desde o GP da Holanda de 1978 e num campeonato que acabaria com onze vencedores diferentes em 16 etapas, tudo parecia crer que este triunfo não aconteceria. O time não era uma das forças da categoria e os carros com motor turbo já dominavam as ações. Contudo, não eram confiáveis e ainda abriam espaço para os triunfos dos modelos equipados com o velho e ainda competitivo motor Ford Cosworth V8.

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Numa dessas oportunidades, em 15 de agosto daquele ano de 1982, Elio de Angelis teve a faca e o queijo nas mãos quando o motor turbo da Renault RE30 de Alain Prost quebrou na 49ª volta, ofertando a liderança ao italiano. Só que Keke Rosberg, da Williams, vinha babando na gravata com um carro muito mais rápido. Elio deu uma aula de defesa de posição e na reta de chegada, recebeu a quadriculada com apenas 0″050 de vantagem para o rival. Somente ele e Rosberg completaram as 53 voltas do GP da Áustria.

O bom ano da equipe, que somou 30 pontos e terminou o Mundial de Construtores em 6º lugar, fez Colin Chapman pensar em voos mais altos e o britânico assinou um contrato de fornecimento de motores turbo com a Renault, ainda em 1982, para o ano seguinte. Contudo, em 8 de dezembro, o fundador da Lotus e criador de carros lendários na Fórmula 1, morreu em circunstâncias até hoje misteriosas, sem poder ver o primeiro carro de sua equipe com um motor turbo.

A temporada de 1983 foi sofrível para Elio de Angelis. Por sua paciência em testar carros, ao contrário de Mansell, acabou escalado desde o início do ano para andar com o modelo 93T, que só quebrava. A Lotus também estava com os pneus Pirelli, que ao contrário dos Michelin e Goodyear das outras equipes tidas como de ponta, não eram competitivos.

Elio de Angelis Qualifying the Lotus-Renault in the European GP

Na segunda metade do campeonato, estreou um novo carro. Projetado por Gérard Ducarouge, que saíra da Alfa Romeo, o 94T foi lançado em tempo recorde e os resultados melhoraram. Elio até fez uma pole position no GP da Europa, em Brands Hatch, a primeira dele na Fórmula 1. Mas só pontuou no GP da Itália, com um 5º lugar. Acabou o campeonato com a 17ª colocação, empatado com Danny Sullivan, da Tyrrell.

Para 84, a Lotus tinha enfim um carro razoavelmente competitivo e a esperança de conquistar resultados bem mais expressivos que os do ano anterior. O falastrão Ducarouge injetava esperança no time e os resultados dos treinos de pré-temporada foram bastante animadores, com Elio e Nigel a bordo do novo 95T.

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Foi, de fato, um bom ano para o piloto italiano, que terminou 12 das dezesseis corridas, embora em San Marino o combustível acabasse – insuficiente para tirar de Elio o 3º lugar ao fim da disputa. O piloto marcou pontos em onze corridas, somou três pódios e completou o campeonato num honroso 3º lugar, com 34 pontos. É bem verdade que somando menos da metade dos pontos do campeão Niki Lauda e do vice Alain Prost. Mas não deixava de ser um feito de Elio de Angelis.

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Porém, o italiano mal podia prever que seus dias na Lotus estavam contados, quando o time já chefiado por Peter Warr contratou a jovem promessa brasileira Ayrton Senna, então na Toleman. Senna, aliás, dera em Elio um baile no GP da Inglaterra, com uma ultrapassagem magistral na Paddock Bend, que nunca saiu da memória dos fãs do futuro tricampeão do mundo.

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De saída, de Angelis sentiu que teria problemas dentro da escuderia. Ayrton mostrou serviço com uma vitória apoteótica no GP de Portugal, numa chuva incrível no circuito do Estoril. Elio chegou a ser líder do campeonato após a vitória no GP de San Marino, herdada com a desclassificação de Alain Prost, cuja McLaren estava fora do peso regulamentar. O italiano ainda saiu de Mônaco na frente da pontuação do Mundial de Pilotos, mas no Canadá perdeu a liderança para Michele Alboreto.

A partir daí, nada mais deu certo para Elio de Angelis dentro da equipe e nas pistas. O italiano foi subjugado pela velocidade estrondosa de Senna em qualificação, embora o brasileiro sofresse um bocado para pontuar após a vitória em Portugal. Quando isto aconteceu com frequência na segunda metade do campeonato, Elio já estava liquidado na Lotus. Sem clima para poder continuar e sem condições de submeter a ser segundo piloto de Senna, o italiano aceitou uma oferta de Bernie Ecclestone e foi para a Brabham.

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A exemplo da Lotus, a equipe britânica vivia de glórias passadas e os resultados já rareavam. A única vitória em 1985 fora obra e graça do talento de Nelson Piquet e do desempenho incomum dos pneus Pirelli em Paul Ricard. E só. Nem os motores BMW eram competitivos como antes e não havia garantia que os compostos italianos devolveriam velocidade aos carros da Brabham.

Formula One World Championship

Para piorar, o designer Gordon Murray apresentou um projeto de Fórmula 1 tão revolucionário quanto problemático. O modelo BT55, conhecido como “Skate”, era ultrabaixo e obrigava os dois pilotos do time – Riccardo Patrese e de Angelis – a guiarem praticamente deitados dentro do cockpit. Até o ângulo do motor foi modificado, sendo montado no chassi a uma inclinação de 72º.

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Tamanhas inovações não se provaram competitivas, mas mesmo assim Elio de Angelis jamais reclamou do carro e nem perdeu a classe quando uma roda do BT55 foi embora da ponta de eixo em Jacarepaguá, ou quando o câmbio falhou na Espanha, ou quando o motor quebrou em San Marino ou quando classificou-se, com grande dificuldade, na última posição do grid do GP de Mônaco, abandonando a corrida com problemas no turbo.

A equipe queria deixar o BT55 minimamente competitivo ao longo do ano e Elio de Angelis foi escalado para uma sessão de testes no circuito francês de Paul Ricard. No dia 14 de maio de 1986, o piloto perdeu o controle da Brabham na sequência de esses Verrière, logo após a reta dos boxes. No impacto com as barreiras de proteção, o carro capotou e pegou fogo.

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O socorro demorou a chegar, pois por se tratar de um teste particular, não havia bombeiros e equipamento suficiente para o resgate do piloto, que não conseguiu sair dos escombros do BT55 pelos seus próprios meios. Houve um atraso de pelo menos meia hora até que chegasse um helicóptero para o transporte de Elio de Angelis a um hospital mais bem aparelhado. Infelizmente não foi possível salvar o piloto italiano, que morreu em Marselha, 29 horas após o acidente em Paul Ricard, por ter inalado a fumaça decorrente do incêndio que se seguiu após o acidente.

O acidente fatal sofrido pelo italiano foi o primeiro desde o trágico ano de 1982, quando morreram Gilles Villeneuve e Riccardo Paletti. Mas não seria o último da Fórmula 1, pois em 1994, vimos outra tragédia, com as mortes de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna. A perda de Elio trouxe consequências drásticas para o circuito de Paul Ricard, que permaneceu no calendário com o uso de uma variante menor, de 3,813 km de extensão ao invés dos 5,810 km usados até 1985. E o acidente foi o estopim para a revolução que traria de volta os motores de aspiração normal à Fórmula 1 em definitivo em 1989, começando gradualmente a partir de 87. Decisão de Jean-Marie Balestre.

Non-Championship Formula One

O currículo de Elio de Angelis nos mostra que ele disputou 108 corridas, vencendo duas, com três pole positions, nove pódios, 43 resultados entre os seis primeiros colocados, 122 pontos somados, 28 voltas na liderança e um total de 4.753 voltas percorridas, o equivalente a 22.053 km cumpridos em quase oito temporadas de Fórmula 1.

Novidade a caminho

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RIO DE JANEIRO – Parece que o destino de Luiz Razia em 2014 será a volta aos monopostos. O piloto baiano pelo visto desistiu de vez da Fórmula 1 e existem grandes chances de que ele se junte a seu conterrâneo Tony Kanaan e a Hélio Castroneves na Fórmula Indy.

Atualmente no International GT Open, onde defende a equipe italiana BhaiTech Racing com um McLaren MP4-12C GT3 da classe GTS junto a outro brasileiro, Rafael Suzuki, ao ex-piloto de F-1 e F-Indy Giorgio Pantano e a outro refugiado das competições de monopostos, o neozelandês Chris van der Drift, Razia já teria inclusive contrato assinado para disputar a próxima temporada no certame estadunidense – porém, com o nome da equipe ainda em sigilo para não atrapalhar as negociações.

Após o passo em falso rumo à F-1, quando perdeu seu lugar na Marussia para Jules Bianchi porque alguns apoiadores não honraram seus compromissos, Razia parece disposto a dar uma guinada de 180º em sua carreira. Diante da falta de oportunidade para os pilotos brasileiros na categoria máxima, cada vez maior nos últimos tempos, a Fórmula Indy passou a ser uma alternativa viável, principalmente com relação a orçamento. Uma equipe de porte médio da categoria ainda gasta menos que a maioria dos times da F-1 e com chances de conseguir bons resultados no certame ianque.

Só resta aguardar pela confirmação e que tudo corra bem desta vez. Porque não há nada mais frustrante para um piloto do que estar perto de um sonho e não concretizá-lo.

Ponto de ônibus (23)

dedd490d9accbfacc1c0fa9e2944c686RIO DE JANEIRO – A Busscar, antiga Nielson, lá de Joinville (SC) foi uma potência como encarroçadora de ônibus no Brasil durante décadas. A empresa manteve seu antigo nome até 1990 e depois, com a razão social trocada, ainda teve mercado por muito tempo. Ultimamente, é cada vez menor a presença de ônibus da Busscar nas ruas, quer seja modelos urbanos ou rodoviários.

O ônibus da foto acima é um dos lendários modelos da então Nielson: o Diplomata, que foi fabricado entre 1961 e 1974 na primeira versão, com as posteriores dando sequência ao sucesso da empresa até a mudança de nome. Este é um dos carros leito da empresa Pluma Conforto e Turismo, uma das poucas que faz viagens internacionais para Chile, Argentina e Paraguai, sob um chassi e motor Scania B110.

AutoGP: húngaro fica na frente em Jerez nos testes de inverno

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RIO DE JANEIRO – O húngaro Tamas Pál Kiss, com o carro da Virtuosi Racing, terminou os testes de inverno da AutoGP World Series, realizados ontem e hoje em Jerez de la Frontera, na Espanha, com o melhor tempo. De manhã, ele registrou 1’30″158 – o que significa uma evolução de mais de um segundo e meio em relação ao tempo marcado pelo holandês Meindert van Buuren no primeiro dia de atividades.

Com o carro #5, Tamas registrou um total de 35 voltas, vinte e uma à tarde e catorze pela manhã, sendo 0″043 mais veloz que van Buuren, ainda a bordo do #2 da Super Nova. O italiano Kevin Giovesi, que só completou 30 voltas com o carro #13 da Ghinzani, foi o terceiro, a 0″243 da melhor marca da sessão. Kimiya Sato, andando só à tarde, foi o quarto colocado.

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Michela Cerruti voltou a andar bem: a piloto ficou com o 5º tempo do dia, seguida por Sergio Campana, que ontem andara num carro-laboratório com as novidades para 2014 e hoje colaborou com a equipe austríaca Zele Racing. O sul-africano Liam Venter foi o sétimo mais rápido e Pietro Fantin (foto acima), que hoje deu 58 voltas no carro #15 da Euronova, acabou os treinos de hoje com a 8ª posição.

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Quem apareceu na pista de Jerez para testar com um carro da AutoGP foi outro brasileiro – Fernando Croce, que tem disputado o GT Sprint na Itália com o Team Ombra. Após um início tímido, quase nove segundos mais lento que o melhor tempo na parte da manhã, ele melhorou um pouco mais à tarde e marcou 1’37″656. Acabou com a última posição ao longo dos testes.

Os tempos da terça-feira:

1º Tamas Pál Kiss (Virtuosi) – 1’30″158 (35 voltas)
2º Meindert van Buuren (Super Nova) – 1’30″201 (46)
3º Kevin Giovesi (Ghinzani) – 1’30″401 (30)
4º Kimiya Sato (Euronova) – 1’31″257 (29)
5º Michela Cerruti (Super Nova) – 1’31″462 (49)
6º Sergio Campana (Zele Racing) – 1’31″722 (17)
7º Liam Venter (Comtec UK by Virtuosi) – 1’32″036 (29)
8º Pietro Fantin (Euronova) – 1’32″162 (58)
9º Michele Beretta (Euronova) – 1’32″305 (33)
10º Artem Markelov (Zele Racing) – 1’32″643 (72)
11º Jordan Oon (Ghinzani) – 1’32″672 (46)
12º Ricardo Vera (Ibiza Racing Team) – 1’32″811 (52)
13º Onofrio Triarsi (Virtuosi) – 1’33″098 (40)
14º Zdenek Groman (Super Nova) – 1’33″878 (37)
15º Fernando Croce (Ibiza Racing Team) – 1’37″656 (57)

Muito cacique, pouco índio

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RIO DE JANEIRO – Informa a BBC através de Eddie Jordan que o homem que conquistou o título mundial de 2009 com sua própria equipe está fora da Mercedes ao fim deste campeonato. Ross Brawn, engenheiro de formação – papel que desempenhou na Arrows e na Benetton na Fórmula 1 e também na Jaguar no World Sportscar Championship – e depois chefe de equipe com muito sucesso na Ferrari, Honda, Brawn GP e ultimamente na marca da estrela de três pontas, não seguirá na sua função no próximo ano.

A Mercedes faz valer o velho ditado “muito cacique, pouco índio”. A chegada de Paddy Lowe, vindo da McLaren, só precipitou as coisas contra a permanência de Ross Brawn. A princípio, seria uma transição longa, mas o britânico não aceitou as condições de Niki Lauda e por não chegar a um acordo, resolveu por sua saída.

Lowe vence a queda de braço e passará a cuidar do dia-a-dia da equipe, enquanto a Toto Wolff caberá a parte política e comercial. Lauda será o braço-direito dos dois e muitos atribuem ao pouco jogo de cintura do austríaco as mudanças que acontecem no board do time alemão a partir de 2014.

Com Ross Brawn, profissional competente, dando sopa no mercado, consta que a Honda já teria conversado com ele para voltarem a trabalhar juntos: a marca japonesa volta à Fórmula 1 em 2015 como fornecedora de motores da McLaren e pelo excelente relacionamento do passado, uma aliança entre as duas partes é algo a se considerar. A Williams, onde ele começou como mecânico em 1976, sonha em tê-lo, mas dificilmente hoje possui cacife para oferecer-lhe um contrato.

Um ano sem Jacarepaguá

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RIO DE JANEIRO – Passou rápido. Até demais. No dia 28 de outubro do ano passado, o Autódromo Nelson Piquet, em Jacarepaguá, deu seu último suspiro com uma corrida do Regional de Marcas. A saudosa pista, palco de grandes vitórias de Nelson Piquet na Fórmula 1, de André Ribeiro e tantos outros pilotos na Fórmula Indy e de títulos de Valentino Rossi no Mundial de Motovelocidade, infelizmente agora é passado.

Somos o único país que renega um esporte que, também no passado, nos ofertou três pilotos campeões do mundo. Fomos capazes de deixar acontecer essa vergonha que foi a destruição de uma praça esportiva sob o pretexto torpe dos Jogos Olímpicos de 2016, à guisa de especulação imobiliária. Isso não é segredo para absolutamente ninguém: o terreno era cobiçado pelas empreiteiras, com quem certamente a prefeitura carioca fez acordos para financiar a ‘vitoriosa’ campanha de reeleição do atual alcaide.

Também não é segredo que a dèbacle de Jacarepaguá tem culpados – com nome e sobrenome: Cesar Epitacio Maia, então prefeito do Rio de Janeiro, que mudou o zoneamento do IPTU daquela área, transformando uma região durante décadas tomada pelo mato e que era de Jacarepaguá em Barra da Tijuca; o sr. Carlos Arthur Nuzman, que se locupleta há décadas no confortável cargo de presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, os asseclas dos dois supracitados e os demais envolvidos.

Nos empurraram os Jogos Pan-Americanos goela abaixo e querem fazer o mesmo com as Olimpíadas, numa cidade e num país totalmente despreparado, onde grassa a corrupção, os desmandos continuam cada vez maiores e que não tem a infra-estrutura necessária para receber eventos de grande porte. Será que FIFA e COI sabiam realmente com quem estavam lidando desde o início?

Enfim, só temos o que lamentar. A derrocada de Jacarepaguá é um tristíssimo capítulo – mais um, aliás – de um automobilismo que perdeu o respeito mundialmente e há muito tempo é comandado por pessoas incompetentes, que não foram capazes de impedir o verdadeiro desastre que foi o fim de uma das pistas mais emblemáticas da história do esporte a motor neste país.

Maus perdedores

Por Carlos de Paula (*)

MIAMI, FLÓRIDA (EUA) – Sou brasileiro, portanto, posso dizer. Nós, brasileiros, temos a tendência de ser maus perdedores.

vettel-photoAgora surgiu um tal de dizer que o mundo inteiro está contra Sebastian Vettel no nosso Brasil, que dá um certo nojo. É verdade que ele chegou a ser vaiado, que em alguns rankings de melhores pilotos até hoje Vettel ainda é preterido, e supostamente até Lewis Hamilton teria dito que Sebastian vencer tudo não seria bom para o esporte. Mas no Brasil, isto virou mania nacional.

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Remontemo-nos a 41, 40 anos atrás. Entre o GP da Espanha de 1972 e o GP da Espanha de 1973, nosso Emerson Fittipaldi havia ganho nada menos do que oito dos quatorze GPs realizados nesse periodo, sem contar diversas corridas extra-campeonato. Até numa das revistas Disney da época, se não me engano numa historinha do Zé Carioca, alguém disse “O Emerson ganha todas”.

Ayrton Senna

Alguns anos mais tarde, entre 1988 e 1993, outro piloto nosso, Ayrton Senna, ganhou nada menos do que 35 GPs, além de 3 campeonatos. Não me lembro de nenhum brasileiro reclamar disso. Puxem pela memória, ninguém vai se lembrar de brasileiros dizerem que isto era ruim para a Fórmula 1.

Sim, para o ufanista de plantão, certamente ajudado por certas transmissões televisivas e artigos que enfatizam excessivamente os feitos dos brasileiros, é chato não só ver um piloto de outra nacionalidade ganhar quase tudo, quanto mais um piloto da mesma nacionalidade do outro bicho papão dos recordes neste milênio – um alemão. Caiam na real, os alemães são equivalentes aos brasileiros da era 1972-1991, quando ganhamos nada menos de oito campeonatos mundiais e pencas de GPs. Equivalentes com anabolizantes, cabe dizer. Pois além de Vettel, ainda por cima dois outros candidatos a futuros campeões, Rosberg e Hülkenberg, também são teutônicos.

Alguns procuram achar lógica nestas gerações maravilhosas de um país ou outro. Embora haja certo racionalismo, na realidade existe uma expectativa um tanto irracional de que pilotos de uma mesma nacionalidade de um campeão atual surgirão como parte da mesma ou seguinte geração. Nem sempre é o caso. Após o sucesso de Fernando Alonso, surgiram muitos espanhóis na parada. Nenhum vingou, e até o veterano Pedro de La Rosa conseguiu voltar à categoria, embora na carroça chamada HRT. As portas se abrem para pilotos da nacionalidade do piloto da hora, como se houvesse algo na água do país que favorecesse geração após geração de campeões. Não aconteceu com os canadenses na história recente.

Consideremos o caso dos nossos três campeões. Certamente os sucessos de Emerson abriram caminho para Piquet, e destes dois, para Ayrton. Porém, os três vieram de gerações bastante distintas, com situações diferentes. Emerson ainda era da geração das equipes de fábrica, dos DKWs e Gordinis, da época em que só existia o autódromo de Interlagos, e um automobilismo bastante diletante. Foi um pioneiro, pois até a ida de Achcar, Scorzelli, Avallone e cia. de 1968 em diante, a história dos nossos pilotos nas pistas fora do país nos anos 60 se resumia a algumas corridas na Argentina e Uruguai, as participações de Christian Heins em Le Mans, e a malfadada incursão de Wilsinho na Fórmula 3 em 1966. Era da época que o piloto fazia praticamente tudo nas categorias menores, inclusive financiar sua temporada.

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Já Piquet veio de uma época em que o automobilismo já se profissionalizara um pouco, havia corridas e campeonatos brasileiros de diversas categorias em diversos autódromos e correr na Europa já não era coisa de pioneiro, havia uma expectativa de que nossos melhores pilotos terminariam por lá e as empresas estavam acostumadas com o patrocínio automobilístico. Quanto a Ayrton, sequer chegou a pilotar carros no Brasil: saiu direto dos karts para a Fórmula Ford, na era em que as equipes de Fórmula 3 eram profissionais. Ou seja, dizer que há um ponto em comum entre a carreira dos três, além da nacionalidade e o kart, é coisa de doido, historicamente bastante incorreto.

Não vou voltar com a mesma ladainha de outros posts, que os tempos mudaram, blá, blá, blá. Realmente é curioso que Vettel esteja seguindo no mesmo caminho do seu conterrâneo. Porém, isso não lhe tira o mérito, nem acho que deva ser visto como “ruim para o esporte”. Vettel tem corrido muito bem, quase sempre é o mais rápido e constante na pista, e tem lembrado bastante o modo de correr de Jim Clark. Não podemos nos esquecer que a Alemanha é o país mais rico da Comunidade Europeia, seu melhor e mais rico mercado, e que oportunidades de patrocínio são maiores lá do que em outros países do continente. Certamente maiores do que no Brasil, onde as maiores empresas são meras fornecedoras de matéria prima, sem marcas que carecem de muita publicidade no exterior.

Portanto, nos resta ser bons perdedores, e não esquecer que um dia já estivemos lá. E o mundo não tratou mal nossos pilotos, pelo contrário, os tratou muito bem.

Texto publicado em 14/10/2013 aqui

(*) Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo. Reside em Miami, nos Estados Unidos.

Alfa Romeo SE048: mais um Grupo C que nunca correu

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RIO DE JANEIRO – O blog mostra hoje mais um Esporte-Protótipo que nunca disputou qualquer corrida: vamos conhecer a história do projeto da Alfa Romeo para o Mundial de Grupo C, que nos anos 90 passou por uma crise sem precedentes que provocou o fim daquele campeonato.

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No início daquela década, a Alfa Romeo estava envolvida com dois malfadados projetos: o primeiro era do motor para a Fórmula Indy, numa parceria que pouco rendeu frutos, tanto para o construtor italiano quanto para a equipe Patrick Racing, que daria um tempo nas pistas e só regressaria para desenvolver os novos pneus de competição da Firestone. O segundo, a pedido de Bernie Ecclestone, era da criação dos Procar baseados no Alfa Romeo 164, que correriam com motores V10 de 3,5 litros – a mesma cilindrada da Fórmula 1.

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Com o fracasso dos motores Alfa nos EUA e a Procar tornando-se uma categoria natimorta, a Alfa Romeo passou a trabalhar – em segredo – no desenvolvimento de um Esporte-Protótipo dentro do regulamento do Grupo C, uma vez que a mecânica do Procar também servia para aquela competição. Primeiro, o motor foi testado num velho modelo Lancia LC2 da equipe Mussato Action Car, que ainda permaneceu nas pistas até 1991. Depois é que a unidade foi instalada no novo carro, batizado como Alfa Romeo SE048.

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Engenheiros da Alfa e também da Abarth, liderados por Ignazio Lunetta, estiveram envolvidos na concepção do bólido e o SE048 com o motor V1035 desenhado por Pino d’Agostino seguia o padrão dos protótipos do Grupo C daqueles tempos: aerodinâmica refinada, pureza de linhas e cobertura das rodas para melhorar o fluxo de ar na seção traseira do carro.

Porém, em setembro de 1990, ordens vindas do board da Fiat, em Turim, provocaram o cancelamento definitivo do projeto Grupo C da Alfa Romeo, que até chegou a ser apresentado em 1992 mas nunca deixou de ser um carro-laboratório, no fim das contas. E há quem diga que o motor V1035 concebido pelo engenheiro d’Agostino foi a base para a unidade V10 que a Ferrari passaria a utilizar a partir de 1996, quando o conceito dos V12 foi abandonado pela mais tradicional das escuderias da Fórmula 1.

Hoje, o Alfa Romeo SE048 repousa placidamente ao lado da Alfa 164 Procar, no Museu Histórico da Alfa Romeo em Arese, na Itália. O carro reapareceu em público em 2010, há três anos, no Goodwood Festival of Speed, realizado anualmente na Inglaterra.

AutoGP: testes de inverno começam em Jerez

RIO DE JANEIRO – A AutoGP World Series iniciou hoje o primeiro de dois dias de testes de inverno no circuito espanhol de Jerez de la Frontera, na região da Andaluzia. Com sol e pista seca, os pilotos novatos tiveram a chance de travar mais intimidade com o chassi Lola B05/52 equipado com um possante motor Zytek de 550 HP e os demais que já conhecem a categoria começam a prospectar lugares para a temporada de 2014.

No fim do dia, o holandês Meindert van Buuren, que já conhece bem a AutoGP World Series, fez o melhor tempo no cômputo das duas sessões. Com o carro #2 da Super Nova, campeã com Adrian Quaife-Hobbs ano passado e com Vittorio Ghirelli neste ano, o piloto marcou o tempo de 1’31″776, 0″110 mais veloz que o magiar Tamas Pál Kiss, que treinou com a Virtuosi Racing e foi o mais rápido no período da tarde.

De manhã, a colombiana Tatiana Calderón andou no mesmo carro do húngaro e surpreendeu: ela foi a 3ª mais rápida na geral e segunda melhor na primeira parte dos treinos coletivos. Ela virou em 1’32″213, quase meio segundo melhor que Michela Cerruti, a bordo do carro #1 da Super Nova. A italiana ficou em quinto ao fim do dia. O vice-campeão de 2013 Kimiya Sato foi o quarto.

Entre os novos pilotos que treinaram com os bólidos da AutoGP World Series estava o brasileiro Pietro Fantin. A bordo do segundo carro da Euronova, o #15, ele completou um total de 43 voltas. De manhã, foram apenas doze giros e o décimo tempo entre 13 pilotos – 1’35″153. Ele melhorou bastante na parte da tarde, completando as atividades com o 5º tempo. Acabou em oitavo no agregado dos tempos, com 1’33″817.

Confira os tempos de hoje:

1º Meindert van Buuren (Super Nova) – 1’31″776 (47 voltas)
2º Tamas Pál Kiss (Virtuosi Racing) – 1’31″886 (21)
3º Tatiana Calderón (Virtuosi Racing) – 1’32″213 (25)
4º Kimiya Sato (Euronova) – 1’32″521 (65)
5º Michela Cerruti (Super Nova) – 1’32″712 (44)
6º Richard Gonda (Zele Racing) – 1’32″882 (62)
7º Alessio Rovera (Ibiza Racing Team) – 1’33″330 (33)
8º Pietro Fantin (Euronova) – 1’33″817 (43)
9º Michele Beretta (Ghinzani) – 1’33″941 (57)
10º Cameron Twynham (Zele Racing) – 1’34″190 (62)
11º Liam Venter (Comtec UK by Virtuosi) – 1’34″642 (39)
12º Jordan Oon (Ghinzani) – 1’34″819 (46)
13º Onofrio Triarsi (Virtuosi Racing) – 1’35″184 (47)
14º Ricardo Vera (Ibiza Racing Team) – 1’35″666 (37)
15º Zdenek Groman (Super Nova) – 1’36″547 (49)

Direto do túnel do tempo (136)

64081_327984084003108_1602695781_nRIO DE JANEIRO – Flagrante belíssimo da primeira fila de largada do GP da Holanda de 1969, no dia 21 de junho daquele ano. Em primeiro plano na foto, a Lotus 49 #2 de Jochen Rindt, o pole position. No meio, a Matra MS80 Cosworth do escocês Jackie Stewart e atrás, com o inconfundível capacete, o então campeão mundial Graham Hill no segundo Lotus 49. Todos queimando os pneus traseiros de seus bólidos.

Duas curiosidades: na época, era comum que alguns grids de largada tivessem a formação 3-2-3 e outros a 2-2 como nós conhecemos hoje. E essa oportunidade foi a última em que o velho Hill, aos 40 anos de idade, largou numa linha de frente numa corrida de Fórmula 1.

Quem postou a foto, devidamente “roubartilhada”, no facebook, foi o Enorê Bragança.

Há 44 anos, direto do túnel do tempo.

FIA GT Series com 31 carros no Azerbaijão

RIO DE JANEIRO – Confirmada a presença de 31 carros na sexta e última rodada do FIA GT Series, que será realizada no circuito urbano montado na capital do Azerbaijão, Baku. A corrida anteriormente prevista para este mês de outubro foi transferida para 24 de novembro, com a prova classificatória e o evento principal realizados no mesmo dia, com intervalo de quase três horas entre uma e outra.

A lista divulgada nesta segunda-feira contempla 20 carros na divisão principal, a Pro Cup, reforçada pela presença da Marc VDS Racing, da Bélgica; por um quarto carro da WRT, também da Bélgica; dos franceses da Hexis Racing, que farão sua despedida das pistas; dos britânicos da Trackspeed e da Fortec; das escuderias alemãs MRS e Callaway Competition, além de mais um time da Bélgica – a Boutsen Ginion Racing. No meio disso tudo, estará a equipe BMW Team Brasil, com a formação original de suas duplas após a etapa de Navarra, onde Átila Abreu substituiu Ricardo Zonta.

Haverá sete carros na Pro-Am: os Nissan GT-R da equipe RJN não farão a viagem para o Azerbaijão e a subdivisão estará reforçada pela presença da TDS Racing, originária da França e da MRS, que terá um segundo McLaren nesta subdivisão – porém, sem pilotos definidos. A Gentlemen Trophy, com quatro carros, tem como novidade a participação da Sport Garage, que vai com duas Ferrari para o último evento do ano.

A pontuação antes da última etapa apresenta uma disputa doméstica entre pilotos da Audi pelo título na Pro Cup: Laurens Vanthoor/Stéphane Ortelli comandam a disputa com 101 pontos, contra 96 de Frank Stippler/Edward Sandström; na Pro-Am Cup, liderança para Sergei Afanasiev/Andreas Simonsen com 127 pontos, contra 108 de Hari Proczyk. Na divisão Gentlemen Trophy, tudo decidido: título para Jan Stovicek/Petr Charouz, que têm 110 pontos, enquanto a dupla Michele Rugolo/Claudio Sdanewitsch soma 68.

Confira os inscritos:

PRO CUP

#0 BMW SPORTS TROPHY TEAM BRASIL BRA
BMW Z4 E89 GT3
Cacá Bueno/Allam Khodair

#1 HTP GRAVITY CHAROUZ CZE
Mercedes-Benz SLS AMG GT3
Alon Day/Maximilian Buhk

#4 BMW SPORTS TROPHY MARC VDS RACING BEL
BMW Z4 E89 GT3
Nick Catsburg/Maxime Martin

#5 PHOENIX RACING DEU
Audi R8 LMS Ultra
Enzo Ide/Markus Winkelhock

#9 SÉBASTIEN LOEB RACING FRA
McLaren MP4-12C GT3
Sébastien Loeb/Álvaro Parente

#10 SÉBASTIEN LOEB RACING FRA
McLaren MP4-12C GT3
Andreas Züber/Mike Parisy

#11 BELGIAN AUDI CLUB TEAM WRT BEL
Audi R8 LMS Ultra
Laurens Vanthoor/Stéphane Ortelli

#12 TEAM WRT
Audi R8 LMS Ultra
Rene Rast/Niki Mayr-Melnhof

#13 BELGIAN AUDI CLUB TEAM WRT BEL
Audi R8 LMS Ultra
Edward Sandström/Frank Stippler

#15 BOUTSEN GINION RACING BEL
McLaren MP4-12C GT3
Stef Dusseldorp/Alexander Sims

#16 BOUTSEN GINION RACING BEL
McLaren MP4-12C GT3
Fréderic Vervisch/Stoffel Vandoorne

#17 TEAM WRT BEL
Audi R8 LMS Ultra
Grégoire Demoustier/Filipe Albuquerque

#18 HEXIS RACING FRA
McLaren MP4-12C GT3
Rob Bell/Kévin Estre

#21 BMW SPORTS TROPHY TEAM BRASIL BRA
BMW Z4 E89 GT3
Sérgio Jimenez/Ricardo Zonta

#26 GRT GRÄSSER RACING TEAM AUT
Lamborghini Gallardo LP560-4
Filip Sladecka/Stefan Rosina

#30 TRACKSPEED GBR
Porsche 911 (997) GT3-R
Phil Keen/Nick Tandy

#31 TRACKSPEED GBR
Porsche 911 (997) GT3-R
Martin Ragginger/Danny Watts

#44 MRS GT RACING DEU
McLaren MP4-12C GT3
pilotos a confirmar

#62 FORTEC MOTORSPORT GBR
Mercedes-Benz SLS AMG GT3
Oli Webb/Benji Hetterington

#102 CALLAWAY COMPETITION DEU
Corvette Z06 GT3
Daniel Keillwitz/Jeroen Bleekemolen

PRO-AM CUP

#2 HTP GRAVITY CHAROUZ CZE
Mercedes-Benz SLS AMG GT3
Andreas Simonsen/Sergei Afanasiev

#6 BMW SPORTS TROPHY TEAM INDIA SPA
BMW Z4 E89 GT3
Armaan Ebrahim/piloto a confirmar

#7 ACL BY RODRIVE POR
Lamborghini Gallardo LP560-4
Patrick Cunha/Matheus Stumpf

#14 TEAM NOVADRIVER POR
Audi R8 LMS Ultra
César Campaniço/Michael Ammermüller

#25 GRT GRÄSSER RACING TEAM AUT
Lamborghini Gallardo LP560-4
Hari Proczyk/Dominik Baumann

#77 MRS GT RACING DEU
McLaren MP4-12C GT3
pilotos a confirmar

#TBA TDS Racing FRA
BMW Z4 E89 GT3
Henry Hassid/Anthony Beltoise

GENTLEMEN TROPHY

#3 HTP GRAVITY CHAROUZ CZE
Mercedes-Benz SLS AMG GT3
Petr Charouz/Jan Stovicek

#42 SPORT GARAGE FRA
Ferrari F458 Italia GT3
Eric Cayrolle/piloto a confirmar

#43 SPORT GARAGE FRA
Ferrari F458 Italia GT3
Christian Berugeon/piloto a confirmar

#50 AF CORSE ITA
Ferrari F458 Italia GT3
Claudio Sdanewitsch/Michele Rugolo

Lou Reed (1942-2013)

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RIO DE JANEIRO – A música mundial está de luto. Morreu hoje aos 71 anos, em decorrência de problemas no fígado, o cantor e guitarrista estadunidense Lou Reed. Ele tinha passado por um transplante do órgão em maio deste ano e fora internado com um quadro de desidratação há três meses, vindo a falecer neste 27 de outubro.

Nascido Lewis Allan Reed no bairro do Brooklyn, em Nova York, ele tornou-se conhecido quando fez parte de um dos grupos mais seminais de seu tempo: The Velvet Underground, uma ideia do multimídia Andy Warhol, que entre 1965 e 1970 rendeu quatro discos e vários sucessos, como “Heroin”. A banda, que tinha a chanteuse Nico e o violonista John Cale, desintegrou-se no começo da década de 70 e Lou iniciou carreira-solo em 1972.

Seus cinco primeiros discos, entre eles Transformer (1972), Berlin (1973) e Metal Machine Music (1975) estão no rol dos álbuns mais importantes da história do rock em qualquer tempo. Fã de escritores como Edgar Allan Poe, Raymond Chandler e James Joyce, transformou várias de suas músicas em poesia marginal. “Walking on the wild side” é desta safra e foi um dos maiores sucessos do cantor-guitarrista.

Entre 1972 e 2003, ele gravou 19 discos de estúdio e até 2004, lançou oito discos ao vivo. Um deles, gravado na Itália em 1984, é um dos melhores em que ele desfila seus hits, com a ótima banda de apoio que tinha na época, montada com o excelente Fernando Saunders no baixo, Robert Quine na guitarra e Fred Maher na bateria.

Além dos trabalhos individuais, Lou Reed teve a oportunidade de reviver com John Cale os grandes tempos do Velvet com o disco Songs for Drella, gravado em 1990 em homenagem a Andy Warhol. Catorze anos depois, voltou a fazer um disco com o violonista e Nico, chamado Le Bataclan ’72. Colaborou ainda com The Killers, Metric, Gorillaz e Metallica, com quem fez o pretensioso álbum Lulu, de péssima repercussão.

Considerado um dos principais artistas ainda em atividade além dos 70 anos e eleito pela Rolling Stone o 81º melhor guitarrista de todos os tempos, Lou Reed casou três vezes, com Betty Reed, Sylvia Morales e Laurie Anderson, também cantora, sua última companheira em vida.

Um título histórico

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RIO DE JANEIRO – Que Sebastian Vettel seria o campeão mundial de Fórmula 1 em 2013, todo mundo sabia. A dúvida era sobre quando e onde isso iria acontecer. Pois bem: a dúvida caiu por terra. Neste domingo, 27 de outubro, no circuito de Buddh, na Índia, o piloto alemão de 26 anos conquistou seu quarto título consecutivo na categoria máxima do automobilismo.

É a coroação e a confirmação do trabalho fantástico de uma grande dupla que se formou: na pista, Vettel conduz seu carro com grande competência e isto traz a confiança de toda a equipe Red Bull – que tem um gênio fora das pistas, chamado Adrian Newey. O engenheiro britânico, com seus carros acima da média, também contribui para as históricas conquistas do piloto alemão.

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Vettel é, a partir de agora, o piloto mais jovem a conquistar quatro títulos em sequência na Fórmula 1. Superou Michael Schumacher, que chegou ao 6º título da carreira (o quarto consecutivo) em 2003, quando tinha 34 anos. Juan Manuel Fangio, ao levar a taça em 1956, tinha 46 anos. É mais um recorde que o “Colosso de Heppenheim” trucida. Sabe-se lá quantos outros virão para serem batidos e conquistados.

E este tetracampeonato seguido talvez tenha sido o mais gostoso dos títulos que ele conquistou – mais até do que os dificílimos feitos de 2010 e do ano passado. Vettel teve um ano perfeito. Dez vitórias – seis consecutivas – doze pódios, sete pole positions, seis voltas mais rápidas em prova, 504 voltas na liderança (o segundo tem 104) e 2.730 km percorridos em primeiro lugar (o segundo tem 447 km somente). Um massacre.

Muito bem: encerrada a luta pelo título de pilotos – e também pelo de Construtores, pois a Red Bull foi igualmente campeã de forma antecipada, a pergunta fica no ar: com a mudança de regulamento, que traz de volta os motores turbo e a economia de combustível, será que ainda veremos a parceria Vettel-Newey de novo vitoriosa em 2014?

No que depender da combinação de genialidade e talento, sim. Mas se isso será capaz de ofertar ao piloto alemão um pentacampeonato, veremos no correr do próximo ano.