Quarta coluna

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RIO DE JANEIRO – Leitoras e leitores do blog, vos convido a acompanhar no Grande Prêmio as impressões deste escriba sobre o que parece ser uma guerra de interesses na Williams, envolvendo Valtteri Bottas e Felipe Massa como personagens principais e outros nomes nos bastidores. Nomes influentes e de peso, inclusive.

A Coluna Parabólica desta semana tem como mote, claro, a polêmica do GP da Malásia e os possíveis desdobramentos do que aconteceu em Sepang para o futuro da equipe britânica na temporada 2014.

Leiam e comentem!

Um novo recorde para o tetracampeão

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RIO DE JANEIRO – Sebastian Vettel fechou da melhor forma possível uma temporada perfeita para o piloto alemão, num GP do Brasil mediano e com o pior público presente a Interlagos desde, sei lá eu, 1992. O tetracampeão (peço desculpas aos leitores por ter escrito que o piloto é penta – ainda não é, claro), que já fizera misérias no treino classificatório ao marcar a 46ª pole da carreira metendo um temporal nos adversários, ganhou praticamente de ponta a ponta em Interlagos, para igualar um feito de 60 anos.

Em 21 de junho de 1953, Alberto Ascari alcançou a bordo de uma Ferrari a vitória no GP da Bélgica em Spa-Francorchamps, a sua nona vitória em corridas consecutivas de que participou, excluindo-se da relação, é claro, as 500 Milhas de Indianápolis. Hoje, em 24 de novembro, Vettel repete o feito de Ascari – com uma ressalva: o alemão venceu nove vezes seguidas neste ano. O italiano fez a primeira da série no mesmo circuito de Spa e no mesmo GP da Bélgica, um ano antes.

Não obstante, Vettel também chegou ao mesmo número de vitórias de seu compatriota Michael Schumacher – treze no total. O antigo campeão da Fórmula 1, porém, teve melhor aproveitamento: quando atingiu esta marca em 2004, eram 18 etapas. A temporada deste ano teve uma corrida a mais. Mas isso não ensombra, de forma alguma, o feito do “Colosso de Heppenheim”.

Outra que entra para a história: Vettel somou 397 pontos ao fim do campeonato. A Mercedes, nova vice-campeã mundial de Construtores, fez 360. A Ferrari, terceira colocada, 354. Podemos então brincar que, se Vettel fosse um construtor, sozinho, ele seria campeão mundial de Fórmula 1 também.

Quanto à corrida, como disse, foi mediana. Salvaram-se alguns momentos de disputas encarniçadas e a expectativa quanto a uma chuva que no fim das contas não veio, após dar as caras e as cartas nos treinos livres e na qualificação.

O GP do Brasil foi de várias despedidas. Os motores V8 aspirados de 2,4 litros saem de cena, para dar lugar aos motores 1,6 litro com alimentação por turbocompressores. A Fórmula 1 volta à chamada “Era Turbo” após 26 anos na próxima temporada. Também Mark Webber deixou a categoria neste fim de semana, com um 2º lugar que merece ser registrado pelo empenho do piloto australiano na pista, pela ótima disputa com Fernando Alonso e pela volta final de desaceleração, onde tirou o capacete para levar o vento na cara, tal como Didier Pironi fez diversas vezes nos anos 80 e Gerhard Berger repetiu o feito no GP de Portugal de 1989.

Aliás, nos vídeos abaixos, eis as respostas a quem disse que era “inédita” a manifestação de Webber ao tirar seu capacete ainda dentro do carro.

Tirando a dobradinha da Red Bull. o que existiu de positivo no GP do Brasil de fato foi a boa performance da dupla da McLaren. Jenson Button, com a classe de sempre, chegou em quarto e Sergio Pérez, em sua última corrida pela escuderia de Woking, foi o sexto, tendo Nico Rosberg de recheio entre eles. O desempenho de Button, pasmem, foi o melhor dele em 2013, o que dá uma medida do quão abaixo da crítica foi a temporada do time de Ron Dennis e Martin Whitmarsh. A equipe conquistou um obscuro 5º posto no Mundial de Construtores com quase três vezes menos pontos que a Lotus, quarta colocada. Button foi nono no Mundial de Pilotos e Pérez, 11º colocado.

A corrida também teve algumas punições. Uma, nem um pouco surpreendente, para Giedo Van der Garde, que ignorou as bandeiras azuis, algo com que o holandês da Caterham estava bastante acostumado a ver ao longo do campeonato. Também sobrou para Felipe Massa, que chegou em 7º lugar e Lewis Hamilton, que foi nono.

Ao brasileiro, foi o fim de uma remota possibilidade de pódio e da certeza de terminar seu GP caseiro num razoável 4º posto, após uma boa largada e uma corrida boa até o momento em que foi punido. Segundo os comissários da FIA, Massa “cortou” a linha branca de entrada dos pits com seu carro, o que segundo se avisou no briefing da direção de prova com os pilotos, não seria permitido. Não houve choro nem vela. Embora reclamasse no rádio com a equipe dizendo que a punição era “inaceitável”, Massa ainda chiou na passagem pelos boxes para um drive through. Voltou fora da zona de pontos e ainda chegou em sétimo.

Já Hamilton foi punido em razão de um incidente com Valtteri Bottas, onde o britânico invadiu a linha do finlandês da Williams, provocando o contato com o carro do nórdico, a perda do pneu e o abandono do rival. Para muitos, uma punição justa porque pareceu um erro de Hamilton. Achei, porém, que Bottas foi otimista demais ao tentar uma ultrapassagem por fora sobre o piloto da Mercedes, que nunca saberemos se acabaria concretizada. Os comissários viram culpa em Hamilton e o piloto, que também teve um pneu dechapado em razão do contato, acabou bem longe do pódio.

De resto, vimos Hülkenberg de novo nos pontos com o 8º lugar e Daniel Ricciardo, em sua despedida da Toro Rosso, marcando o último ponto de 2013. No total, 19 pilotos viram a quadriculada e pelo menos um deles, o britânico Max Chilton, da Marussia, notabilizou-se por conseguir terminar todas as corridas do ano – mesmo que entre os últimos ou em último na maioria das ocasiões.

É isso. Termina mais um Campeonato Mundial de Fórmula 1. A categoria volta em 2014 com muita coisa nova. Carros com motores turbo e pouca quantidade de combustível darão as cartas. Há quem duvide que Vettel será capaz de manter sua hegemonia com o novo regulamento técnico. Mas quanto a isso, só saberemos se irá acontecer de fato a partir de 16 de março do próximo ano, quando o GP da Austrália dará a largada para a 65ª temporada da história, em Melbourne.

Ele, de novo

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RIO DE JANEIRO – Já não é mais segredo para ninguém que Sebastian Vettel, tetracampeão consecutivo da Fórmula 1, busca a quebra de todos os recordes possíveis e imagináveis. Um deles é bem difícil de ser batido, mas o “Colosso de Heppenheim” segue tentando. Hoje em Austin, o alemão cravou a oitava pole position dele em 2013 e a quadragésima-quarta na carreira, liderando mais um 1-2 da Red Bull em qualificação e evidenciando o favoritismo dos carros do time rubrotaurino.

Com o cronômetro já zerado, Vettel superou o tempo de Mark Webber, marcando 1’36″338, um décimo de segundo melhor que o australiano – que em suas duas voltas rápidas no Q3 chegou a ficar com a pole provisória. Mas é praticamente impossível superar o alemão em condições normais e assim veio mais um temporal do alemão, que comemorou à moda Shake and Bake, como no filme “Talladega Nights: the ballad of Ricky Bobby”.

A segunda fila terá um Romain Grosjean cada vez melhor a bordo da Lotus E21 e Nico Hülkenberg, valorizando ainda mais seu passe para 2014. O piloto da Sauber continua sendo um dos mais cobiçados para a próxima temporada e a Lotus tem como meta sua contratação – mas a situação só se resolverá quando o dinheiro do Grupo Quantum der as cartas. Por enquanto, Hulk vai dando seu recado (e muito bem) com seu C32.

Após cravar um tempo medíocre durante a primeira volta rápida no Q3, Lewis Hamilton ainda levou a Mercedes ao quinto posto no grid, suplantando Fernando Alonso – que mais uma vez andou muito mais do que o carro que tem em mãos. O espanhol passou para a última fase do treino classificatório com um impressionante 3º tempo no Q2, enquanto Felipe Massa, que já passara do Q1 na bacia das almas, sucumbiu na segunda parte da sessão. O brasileiro largará em 14º porque Jenson Button, 13º após o Q2, foi punido com a perda de três posições no grid em razão de uma irregularidade num dos treinos livres.

Por falar em McLaren, o demitido Sergio Pérez aproveitou a ocasião em que corre “em casa”, pois o Texas, estado onde foi erigido o circuito de Austin, é bem pertinho do México, para ficar com a 7ª posição do grid, à frente de Heikki Kövalainen, o substituto de Räikkönen no segundo carro da Lotus. Valtteri Bottas deu uma sova incrível em Pastor Maldonado e colocou a Williams no Q3 com o nono tempo, abrindo a quinta fila na companhia de Esteban Gutiérrez.

No mais, afora as ótimas performances da dupla da Sauber, de Bottas e de Grosejan e o mau resultado de Massa, a grande decepção da qualificação em Austin talvez tenha sido a performance de Nico Rosberg, que não conseguiu fazer absolutamente nada produtivo com sua Mercedes e ficou em décimo-quarto, subindo apenas uma posição com a punição a Button.

E é tudo. Dessa vez, ninguém se deu mal com o GP dos EUA, não é mesmo? E meu palpite para amanhã é o de sempre: Vettel na cabeça. E o de vocês, leitores e leitoras?

Segunda-feira animada: Massa na Williams e Magnussen (talvez) na McLaren

RIO DE JANEIRO – Uma notícia muitos já sabiam há três semanas. A outra é uma novidade e tanto. São duas mudanças que fazem a segunda-feira da Fórmula 1 um tanto quanto agitada, como poucas vezes vimos nesta silly season – talvez só o anúncio do Daniil Kvyat como titular da Toro Rosso tenha causado tanto ouriço.

Malaysian Formula One Grand Prix: Previews

O que importa é que o furo do jornalista Américo Teixeira Júnior, para desespero dos que desmereceram a notícia, se confirmou hoje à tarde, em Grove, na Inglaterra: Felipe Massa foi confirmado como piloto titular da Williams em 2014 ao lado do finlandês Valtteri Bottas. O brasileiro de 32 anos, que despediu-se dos fãs italianos da Ferrari num evento realizado debaixo de chuva em Mugello (com um público de 15 mil espectadores), foi liberado pela equipe italiana para ser oficialmente apresentado pela tradicional escuderia britânica ao lado do seu futuro companheiro de equipe.

Muito bem: e o que esperar da associação Massa-Williams?

Se formos ser objetivos, sinceros e francos, a julgar pelos resultados recentes de piloto e equipe, não dá para sermos muito otimistas. A Williams perdeu o bonde da história e vive de glórias passadas, como a última equipe britânica “garagista” da Fórmula 1. Massa não é mais o mesmo desde o episódio da mola na cabeça em 2009 e principalmente após o que se sucedeu no GP da Alemanha do ano seguinte. Mas existe uma chance de evolução de ambos em decorrência do novo regulamento técnico e da vinda dos motores Mercedes-Benz em substituição aos propulsores Renault. Até porque, pior do que está a situação da Williams, com apenas um ponto somado, não se pode ficar.

Espera-se uma reconstrução do time na parte técnica e na sua direção desportiva. Isso começou já neste ano com a saída de Mike Coughlan e a chegada do polêmico Pat Symmonds. Rob Smedley, atual engenheiro de Felipe Massa na Ferrari vai trabalhar na equipe, só que noutras funções. E até o nome de Ross Brawn é cotado para assumir a chefia das operações de pista. Hoje, a escuderia britânica carece de um líder e Brawn, que começou sua carreira na Fórmula 1 como mecânico da própria Williams em 1976, é o nome ideal para liderar o time após sua provável saída da Mercedes ao fim deste campeonato.

Massa tira das costas o enorme peso de ser piloto Ferrari e vai para uma equipe acostumada a trabalhar com pilotos brasileiros, o que é positivo. Mas o retrospecto, tirando José Carlos Pace e Nelson Piquet, não é dos mais animadores. De titulares a pilotos de teste, da família Senna a Barrichello, passando por Antonio Pizzonia, Max Wilson e Bruno Junqueira, ninguém teve muita sorte dirigindo os bólidos do time. Vamos ver se com Felipe a bordo do posto de titular, a história será outra…

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E, para surpresa geral, a McLaren parece ter resolvido pôr o mexicano Sergio Pérez no olho da rua. O time de Ron Dennis e Martin Whitmarsh deve promover a nova joia da World Series by Renault, que atende pelo nome de Kevin Magnussen, para ser titular em 2014 ao lado de Jenson Button. A notícia veio via Andrew Benson, da BBC – portanto, uma fonte quente.

O jovem Magnussen, de 21 anos, é o representante da segunda geração da família no automobilismo. Seu pai, Jan Magnussen, acabou de fazer 40 anos em julho último e, como curiosidade, foi ligado à McLaren como piloto de testes nos anos 90, após triturar os recordes de Ayrton Senna na Fórmula 3 inglesa. Jan estreou na categoria máxima no GP do Pacífico, em Aida, a bordo de um McLaren MP4/10 com motor Mercedes-Benz em 1995. Depois, seria piloto da Stewart e não teria uma longa carreira na F-1, deixando a equipe no meio da temporada de 1998.

Com o rumor da provável saída de Pérez, é pouco provável que a McLaren anuncie o patrocinador substituto da companhia telefônica Vodafone como o primary sponsor da escuderia ainda neste ano. Caso o mexicano realmente não permaneça como o companheiro de Jenson Button em 2014, há rumores de que a Telmex, que estamparia suas cores nos carros do time, pode acabar substituída pela Gillette.

Vamos aguardar.

A escolha de Massa

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RIO DE JANEIRO – Conta o jornalista Américo Teixeira Jr. em seu Diário Motorsport que Felipe Massa vai continuar na Fórmula 1 em 2014. O piloto brasileiro de 32 anos, vice-campeão mundial de 2008, teria assinado um contrato de cinco anos para ser o novo piloto da equipe Williams, no lugar do venezuelano Pastor Maldonado, que deixa a escuderia.

Ainda segundo foi apurado, Massa não terá que levar patrocinadores. Será piloto do time britânico com salários pagos. Sem a necessidade de levar $$$, parece que apesar de Maldonado cair fora da Williams, a PDVSA tem possibilidade de permanecer onde está, como patrocinadora – independentemente da nacionalidade dos pilotos que a defenderem a partir do próximo ano.

Interessante observar algumas coisas: Massa, que fará 33 anos em abril, assinou um contrato de longo prazo. A princípio, significa que a equipe – outrora uma das grandes forças da Fórmula 1, aposta na sua própria reconstrução, que será conduzida na engenharia pelo nefasto Pat Symmonds, contratado para suceder Mike Coughlan, que acabou demitido no meio deste campeonato. O novo modelo FW36 partirá do zero com os novos motores turbo. E cabe lembrar que a Williams não terá os motores Renault – a nova fornecedora será a Mercedes-Benz, como anunciado em maio último.

Um outro dado é que a Williams virou uma segunda casa de pilotos brasileiros. E, em contrapartida, nenhum deles se deu muito bem por lá desde que Nelson Piquet foi tricampeão mundial em 1987. Ayrton Senna, como todo mundo sabe, estava ao volante de um carro do time no fatídico 1º de maio de 1994. Antonio Pizzonia chegou a fazer algumas corridas pela escuderia, mas fracassou na última vez em que lhe foi dada uma chance e acabou preterido por Nick Heidfeld em 2005.

Tempos depois, foi a vez de Rubens Barrichello, que assinou por dois anos e imaginava cumprir uma terceira temporada pela Williams. Por sua vez, o experiente piloto foi preterido por Bruno Senna, que só completou uma temporada pela equipe onde o tio tentaria ser campeão novamente após suas conquistas pela McLaren. Saiu e deu lugar a Valtteri Bottas.

Até brinquei no facebook afirmando que depois de Piquet a Williams tornou-se uma verdadeira “caveira de burro” para pilotos brasileiros. Os fatos estão aí descritos e cabe à própria Williams e a Felipe Massa a oportunidade de poder devolver um pouco de dignidade a uma escuderia que hoje é uma sombra do seu próprio passado.

E com a ida de Massa para a Williams, negada por seu empresário, num claro sinal de que está tudo resolvido, continua a luta pelas cobiçadas vagas na Lotus e também na Force India. Sem contar a McLaren, que ainda não decidiu pela permanência de Sergio Pérez.

Na Lotus, é claro que Maldonado entra nesse jogo – e também na Force India. Mas continuo acreditando que Gérard Lopez e Eric Boullier não vão dar sopa para o azar e desperdiçar o ascendente talento de Nico Hülkenberg em troca do cacife do venezuelano. Se bem que, com as histórias cada vez mais nebulosas sobre o dinheiro que provém daquele país para financiar a carreira dos pilotos no exterior, pode ser que a torneira feche.

Vamos aguardar os próximos capítulos dessa novela chamada Silly Season 2014.

O fim de um ciclo

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RIO DE JANEIRO – Um rompimento tão previsível quanto inesperado, principalmente por ser anunciado antes do imaginado: Felipe Massa não é mais piloto da Ferrari na Fórmula 1. As estatísticas não mentem: das 184 corridas de que tomou parte – até agora – o piloto brasileiro fez 132 pela Casa de Maranello. Não é pouco, comparando que muitos em toda a sua carreira não chegaram a este total, rodando por várias escuderias. Número #2 em GPs disputados pela equipe italiana, atrás apenas de Michael Schumacher, Massa confirmou hoje que está fora do time para a próxima temporada, anúncio feito no twitter do próprio piloto e no instagram, em três idiomas diferentes.

No curto comunicado, ele agradece pela amizade, pelas vitórias e os momentos ‘lindos’ que passou pela Ferrari. “A partir de agora, quero achar uma equipe que me dê um carro competitivo para buscar mais vitórias e vencer um campeonato, que é o meu sonho”, concluiu em sua postagem.

Tarefa difícil… muito difícil… os principais cockpits já estão ocupados. A Red Bull, como é do conhecimento geral, terá Daniel Ricciardo ao lado de Sebastian Vettel. Mercedes e McLaren dificilmente rescindirão com seus pilotos a ponto de quererem Felipe Massa. A própria Ferrari dispensou os serviços do piloto brasileiro. Sobra a Lotus, que não é propriamente uma equipe 100% competitiva: se o fosse, Kimi Räikkönen não estaria lutando com todas as forças que tem para migrar justamente de volta para a equipe do cavalinho empinado, não acham?

Vamos combinar uma coisa, caros leitores: a chance de Massa ser campeão passou. Sejamos realistas: o ano de 2008 era ideal para que isso acontecesse. E o bonde da história já deixou o piloto brasileiro para trás. Não adianta chorar o leite derramado. Na época, teci comentários criticando a postura de Felipe em culpar apenas e tão somente o episódio do GP de Cingapura onde Nelsinho Piquet bateu com sua Renault no muro, como a causa mortis da perda de seu título.

Todos nós sabemos que não foi aquilo e só aquilo. Houve uma sucessão de erros. Dele, Felipe Massa e da própria Ferrari. O piloto fez uma corrida medíocre em Silverstone sob chuva e rodou sozinho na Malásia, quando era segundo colocado. Só esse resultado de Sepang já seria capaz de minimizar o prejuízo. Mas houve uma vitória perdida por quebra na Hungria e a história da mangueira de combustível em Cingapura. Culpar isoladamente o ato de Nelsinho Piquet por uma perda de título é e continua sendo demais pra minha cabeça e para a de muita gente.

Somem-se a esses fatos a história da mola na Hungria. Faço minhas as palavras de Nelson Piquet: o piloto nunca mais foi o mesmo após aquele incidente. Nem Piquet conseguiu ser competitivo após o acidente de Imola em 1987 – e ainda assim foi tricampeão do mundo porque era malandro (no bom sentido), inteligente e sobretudo o mais técnico piloto de sua geração. E, claro, o GP da Alemanha de 2010, com a lamentável situação do “Fernando is faster than you”, destruiu Felipe psicologicamente. Daí para diante, não havia como ele reverter a situação a seu favor e nem mesmo as boas relações que construiu dentro da equipe foram capazes de segurá-lo na Ferrari futuramente.

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Acho que chegou a hora de sermos honestos: Felipe não tem mais lugar em nenhuma equipe de ponta na Fórmula 1. A Lotus pode ser um paliativo, mas ninguém tem garantias de que o time chefiado por Eric Boullier seguirá na toada dos últimos anos, quando Räikkönen, de fato, deu uma injeção de moral nos lados de Enstone como poucos pilotos seriam capazes de fazer. Uma hipótese bem plausível, por conta desse seu longo passado como piloto da Ferrari, seria o regresso à sua primeira equipe na categoria máxima, a Sauber.

O time helvético, que terá o novato russo Sergey Sirotkin em seus quadros, vai precisar de um piloto experiente para ‘tocar’ o projeto de desenvolvimento do novo carro com o motor turbo que a Ferrari vai fornecer para 2014. Nico Hülkenberg, embora muito talentoso, extremamente promissor e visto como uma peça a ser considerada no mercado de pilotos, não é capaz de liderar uma equipe num ano de transição – pelo menos no meu entendimento. Nem ele, e nem o mexicano Estebán Gutierrez, cuja presença na Fórmula 1 contestei com alguma veemência neste ano.

Então é isso: um ciclo se encerra. E tem mais: o futuro do Brasil na Fórmula 1 é preocupante. Os pilotos do país não conseguem mais espaço na categoria máxima, fruto – também – do dinheiro dominante em detrimento do talento e principalmente da ineficácia da CBA em conseguir fazer o esporte a motor seguir decentemente no país.

Sem formação de bons pilotos, não existe renovação.

Sem renovação, não há ídolos.

Sem ídolos, não há interesse.

O velho novo campeão

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RIO DE JANEIRO – Podem entregar a taça para o #1 de cabelo loiro e que pilota o carro do touro vermelho na Fórmula 1.

Acho que não há mais dúvidas quanto a isso: Sebastian Vettel vai ser de novo campeão mundial. E provavelmente com muito mais facilidade que no ano passado. O piloto da Red Bull está em fase espetacular e a equipe, que convive com muito menos problemas técnicos e extrapista do que Ferrari e Lotus, só para citar estas duas, trabalha com o objetivo de colocar o alemão de 26 anos no topo novamente.

A corrida do último domingo, uma das primeiras que confesso ter visto na sua totalidade em algum tempo, foi pobre em emoções. Vettel dominou como quis a situação desde os treinos. Fez a pole position e venceu com sobras, deixando claro que se existe alguém para ser batido, esse alguém é ele. Com três vitórias nas últimas quatro corridas, além de quebrar uma incômoda maldade de seus detratores – que enchiam o saco porque o piloto não tinha vencido uma única corrida em território europeu ano passado – Vettel ganhou em casa e em dois templos do automobilismo: Spa-Francorchamps e Monza, mesma pista onde venceu pela primeira vez na carreira.

Os números não mentem: Vettel será o tetracampeão mais jovem da história da Fórmula 1 e poderá superar Fernando Alonso em número de vitórias na carreira. O asturiano, que vive entre a cruz e a espada, pois o clima na Ferrari não lhe é favorável, ao mesmo tempo em que ainda reúne chances esparsas de ser campeão, também tem as mesmas 32 vitórias que o rival e corre sérios riscos de perder a supremacia de triunfos entre os pilotos atuais da categoria máxima. Ambos estão empatados em 4º lugar no ranking de conquistas em GPs, só que Vettel tem um aproveitamento muito maior – 28,32% contra 15,31% do espanhol. É a tal média de uma vitória a cada quatro corridas – ou menos.

A luta quase desigual pelo título passa a ser entre o alemão da Red Bull e Fernando Alonso. Uma pena que Kimi Räikkönen tenha sido alijado tão cedo da contenda, por uma série de fatores: problemas financeiros da Lotus e a negociação empreendida pelo finlandês e seu empresário para sair da equipe dirigida por Eric Boullier influenciaram fortemente para que o nórdico não fosse capaz de brigar pelo campeonato.

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Aliás, sobre Kimi na Red Bull, todo mundo soube: houve mesmo tratativas para que o campeão mundial de 2007 engrossasse as fileiras do time do touro vermelho, mas houve uma pressão extremamente grande de Helmut Marko para que Daniel Ricciardo fosse escolhido como o segundo piloto e há quem diga que não teria sido uma sábia decisão do austríaco em promover o australiano, hoje na Toro Rosso, para o lugar do compatriota Webber. Há quem ache esta opção um erro e só o tempo dirá.

Goradas as negociações com os rubro-taurinos, veio a chance do regresso de Räikkönen a Maranello. É uma boa para ambas as partes, embora Kimi tenha saído meio chamuscado da equipe quando aceitou ganhar dinheiro sem correr e a Ferrari trouxe Fernando Alonso para seu lugar. A Lotus até se movimenta nos bastidores para evitar o inevitável, mas a equipe dos carros pretos e dourados deve dinheiro ao finlandês e há aquela velha história: “no money, no race”.

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Talvez, com a chegada de um companheiro de equipe mais forte, Fernando pare de chororô e volte a ser Fernando Alonso, não se transformando numa espécie de Alain Prost. 

Por que comparo o espanhol ao tetracampeão francês? Simples: Alonso gosta de se impor no jogo político, tal qual Alain fez inúmeras vezes. É chorão, como Prost muitas vezes mostrou na Fórmula 1. E ambos contaram com grande beneplácito da FIA: Prost foi claramente beneficiado em 1989 no polêmico episódio entre ele e Senna em Suzuka. Alonso ganhou o salvo conduto da entidade duas vezes, no escândalo da espionagem entre McLaren e Ferrari e depois no lamentável acontecimento de Cingapura, onde a carreira e a imagem de Nelsinho Piquet foram devidamente incineradas e ele saiu, como sói, ileso.

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Com a possibilidade cada vez mais clara de um regresso de Kimi a Maranello, parece óbvio que Felipe Massa vai sobrar na Ferrari. E já não é sem tempo. Não é porque é brasileiro que temos que defender os pilotos brasileiros. Alguns deles, inclusive, passaram em brancas nuvens na Fórmula 1 e nem merecem ser lembrados, principalmente porque não tiveram uma atenuante dentro do automobilismo que possa absolvê-los (não vou citar nomes, esqueçam). Massa é uma pálida sombra daquele piloto que em 2008 quase foi campeão mundial e que não abraçou aquela chance que lhe sorriu porque não teve sorte em alguns momentos, porque lhe faltou competência em algumas outras ocasiões e principalmente pela postura quase infantil em imputar ao episódio de Cingapura a perda do título de pilotos daquele ano para Lewis Hamilton.

Os dados estão aí para serem jogados e rolarem. O que vai acontecer a Alonso, Massa e Kimi, só o tempo dirá. E por falar em tempo, é uma questão dele agir para que Vettel seja consagrado, mais uma vez, campeão mundial de Fórmula 1.

Empurra-empurra

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RIO DE JANEIRO – Falar de e sobre Fórmula 1 está ficando cada vez mais chato. A categoria, outrora inovadora, não tem mais novidade técnica nenhuma, os carros se parecem uns com os outros, o ronco dos motores é uniforme demais e, para completar, num campeonato onde as atrações deveriam ser os pilotos e as equipes, desfilando tecnologia, o cerne do debate está nos pneus. De novo.

Alvo de severas críticas desde que voltou à categoria como fornecedora única dos compostos que equipam os carros da Fórmula 1, a Pirelli foi metralhada, talvez sem muita culpa, por tudo o que aconteceu no recente GP da Inglaterra. É claro que o histórico do fabricante depõe contra: a pedido de Bernie Ecclestone, os italianos produziram pneus macios que mal duram dez voltas e duros que duram pouco mais do que isso. A justificativa é aumentar o número de paradas de box e provocar alternativas às corridas. Só que o público se cansa de ver carros entrando nos pits como ratos em tocas e a imagem da Pirelli está seriamente manchada pelo conjunto da obra.

Formula One World Championship, Rd8, British Grand Prix, Race Day, Silverstone, England, Sunday 30 June 2013.

Mas é bom prestar atenção ao seguinte: os quatro pilotos que tiveram pneus furados – Lewis Hamilton, Felipe Massa, Jean-Eric Vergne e Sergio Pérez – durante o GP da Inglaterra, podem ter sido vítimas da configuração das zebras do circuito de Silverstone. É sabido que, no automobilismo, as zebras são usadas para o apoio dos carros nas curvas e também para ganhar tempo. Porém, algumas podem ter quinas que danificam os pneus e é bem possível que eles não tenham resistido. É muita coincidência que tenham sido todos na roda traseira esquerda, não é mesmo?

A Pirelli teve sua parcela de culpa no episódio. Num comunicado um tanto quanto malcriado, Paul Hembery, diretor da marca para a Fórmula 1, meteu a boca nas equipes. Além da questão das zebras, incluiu no lote de problemas em Silverstone a baixa pressão dos pneus, a cambagem excessiva e até a montagem errada dos mesmos nas rodas traseiras. O fabricante se defendeu dizendo que os pneus são assimétricos e, portanto, não são intercambiáveis.

Após o mal-entendido, a Pirelli desculpou-se e disse em outro comunicado que tem o “apoio” das equipes da categoria. Já quanto aos pilotos, não se pode dizer o mesmo. Fernando Alonso diz que “apenas podemos confiar” no fabricante quanto a mudanças nos pneus. A falta de garantias quanto a uma melhora na construção e no desempenho dos compostos deixa a turma com uma pulga atrás da orelha.

Com toda razão.

O que não pode acontecer é esse empurra-empurra. A Pirelli errou ao culpar as equipes. E as equipes erraram ao culpar a Pirelli. Talvez todos tenham errado. Ou o problema seja apenas e tão somente com as zebras de Silverstone.

Enfim, vai saber…

Reitero o que disse: está cada vez mais chato falar de e sobre Fórmula 1. Se nada mudar, dificilmente o blogueiro vai dar espaço para a categoria nos próximos posts.

O tempo passa… o tempo voa…

581032_460735630679546_1679096360_nRIO DE JANEIRO – Capa de um exemplar de 2001, número 39, da revista italiana Autosprint, com Felipe Massa saudado como o “novo Senna”. É a mesma imprensa que, não faz muito tempo atrás, se bem me recordo, pediu sua cabeça e fez sua caveira exigindo a contratação de Sergio Pérez para ser companheiro de Fernando Alonso. O tempo passa, o tempo voa…

Mal comparando com o que a imprensa especializada em futebol teima em fazer, colocando em paralelo Neymar com Lionel Messi – e para muitos deve ser muito duro assumir que o argentino é, de fato, o maior jogador deste planeta e deste século – a analogia feita pelos italianos não passa de uma pálida lembrança daquele Felipe Massa que, até 2008, nos deu alguma esperança de termos de novo um brasileiro campeão na Fórmula 1.

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Um Rosberg no pódio, 30 anos depois

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RIO DE JANEIRO – O GP de Mônaco desse ano dividiu-se em duas partes: chato, muito chato no início e animado do meio para o fim. Teve de tudo. Batidas, barbaridades, bandeira vermelha, algumas boas ultrapassagens e – sim, senhores! – uma vitória da Mercedes. Os leões de treino superaram a fama adquirida nas corridas anteriores e chegaram lá no Principado. E, trinta anos depois do pai, Nico Rosberg vence num dos circuitos mais tradicionais da Fórmula 1.

Ok… a corrida foi atípica e a Mercedes respondeu rápido. Só não fez a dobradinha porque Hamilton acabou prejudicado na primeira das duas entradas do Safety Car. Caiu para quarto e por lá ficou. Acabou atrás do líder do campeonato Sebastian Vettel e de Mark Webber, que conquistou seu quarto pódio nas cinco últimas edições da corrida do Principado. O alemão, líder do campeonato e atual tricampeão, continua sem vencer em território europeu. Isso parece não preocupá-lo – muito menos que o fato de que a Red Bull, mesmo comandando o Mundial de Construtores com 164 pontos, não tem mais o carro de outro planeta que teve noutros tempos.

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Primeira fila prateada… de novo

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RIO DE JANEIRO – Ninguém se surpreende mais com os leões de treino da Fórmula 1: a Mercedes continua com fome e abocanha mais uma pole position de forma consecutiva na temporada 2013. É a quarta da estrela de três pontas e a terceira em sequência cravada por Nico Rosberg, que pelo visto tomou gosto pela coisa. Só não pode fazer comemorações estranhas como a de hoje. O resto tá valendo.

O treino foi interessante pelas condições em que aconteceu. Choveu entre a terceira sessão livre e a qualificação, o que tornou as coisas mais complicadas para alguns. Paul Di Resta e Estebán Gutiérrez, por exemplo, passaram pelo vexame de sequer avançarem do Q1 para o Q2. Mas o pior, mesmo, aconteceu com Felipe Massa.

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Em casa é mais gostoso

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RIO DE JANEIRO – Apesar da demora em comentar sobre o Grande Prêmio da Espanha, claro que assisti a corrida deste domingo disputada em Barcelona. E até que, para um circuito taxado de “monótono”, a pista da Catalunha teve uma boa corrida e, depois de 17 anos, um carro que não largou na primeira fila venceu. Cortesia de Fernando Alonso, que enlouqueceu a torcida com um início de corrida avassalador a bordo de sua Ferrari. Início este que foi decisivo para o 32º triunfo de Don Alonso de las Asturias, que o deixa como o quarto maior vencedor, de forma isolada, da Fórmula 1.

A minha aposta pessoal foi em Kimi Räikkönen – e não foi muito em vão, visto que só Alonso chegou à frente do finlandês da Lotus, que agora está a apenas quatro pontos de Sebastian Vettel no Mundial de Pilotos. O Iceman teve um desempenho muito consistente com o E21 equipado com pneus macios e se valeu disto para parar uma vez menos que todos os principais adversários e ampliar seu recorde pessoal para 22 corridas consecutivas na zona dos pontos – duas a menos que a marca absoluta e histórica pertencente a (evidentemente) Michael Schumacher.

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Mercedes faz 1-2 em Barcelona

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RIO DE JANEIRO – Ainda tem quem se surpreenda. Mas a Fórmula 1 é assim. Cheia de franco-atiradores falando o que querem. Só que a Mercedes não é mais surpresa – pelo menos em ritmo de qualificação. Os carros prateados voltam a monopolizar uma primeira fila após um hiato de 58 anos. Em Monza, no GP da Itália de 1955, quando largavam três (às vezes quatro) carros na linha de frente, Juan Manuel Fangio, Stirling Moss e Karl Kling fizeram o 1-2-3 dos W196, as legítimas Flechas de Prata.

Tá: antes que alguém se apresse e venha aqui me corrigir e dizer que estou errado, no ano passado Rosberg e Schumacher largaram da primeira fila no GP da China. Só que Hamilton, o segundo mais rápido, foi punido. Em termos de desempenho puro, na pista, não é para mim uma primeira fila de direito e fato. Hoje, foi a vez de Nico Rosberg e Lewis Hamilton fazerem as honras da casa de Stuttgart.

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