Direto do túnel do tempo (190)

tommy_byrne__1982__by_f1_history-d6iuf5lRIO DE JANEIRO – O piloto a bordo do Theodore TY02, carro da equipe de Teddy Yip, é um dos aniversariantes de hoje, 6 de maio. O taurino Tommy Byrne completa 56 anos de idade.

Irlandês de Drogheda, o piloto tinha 24 anos quando fez suas únicas aparições na Fórmula 1 em 1982. Disputava em paralelo a Fórmula 3 inglesa, da qual foi campeão. E foi atirado às feras numa temporada das mais traumáticas da categoria, num carro pouco competitivo e que fora revezado, desde o início daquele ano, por Derek Daly, Geoff Lees e Jan Lammers.

A primeira aparição de Byrne foi no GP da Alemanha, em Hockenheim. Com um tempo mais de 11 segundos pior que a pole position, não se qualificou na ocasião. Em Zeltweg, fez sua primeira prova: largou de último, apenas um milésimo mais lento que a ATS de Manfred Winkelhock. Abandonou na 28ª volta, após uma rodada, quando vinha em 12º.

Após novos dois insucessos para os GPs da Suíça, disputado em Dijon-Prenois e da Itália – e já campeão de F-3 – Byrne reapareceu no GP de Las Vegas, última etapa do campeonato, entre os que alinharam. A bem da verdade, o irlandês era o primeiro reserva, mas foi repescado porque Jean-Pierre Jarier, da Osella, fez forfait. E novamente sua corrida acabou numa rodada, desta vez na 39ª volta, quando era 15º no circuito do estacionamento do hotel Caesars Palace.

Apesar do título na categoria de base, Byrne jamais teve uma nova chance na Fórmula 1. Como prêmio pela conquista na F-3, teve um teste a bordo de um McLaren, ao lado de Stefan Johansson e Thierry Boutsen. Após um breve retorno à categoria em que foi vitorioso, o irlandês se transferiu para a American Racing Series, o embrião da categoria que hoje conhecemos como Indy Lights. Em 55 corridas, venceu 10 e foi vice-campeão duas vezes, em 1988 e 1989. Retirou-se das pistas em 1992, aos 34 anos de idade.

Há 32 anos, direto do túnel do tempo.

Oitava coluna

RIO DE JANEIRO – Mais uma coluna Parabólica sai do forno para os leitores do Grande Prêmio. O mote, claro, é a tragédia de Imola e os 20 anos da perda não só de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger, traçando um paralelo com o ano de 1982, em que a Fórmula 1 também presenciou a morte de dois pilotos.

Tão ídolo quanto Ayrton Senna, Gilles Villeneuve se foi. E tão anônimo quanto Roland Ratzenberger, Riccardo Paletti, assim como o austríaco, caiu na vala comum do esquecimento.

O link para a coluna está aqui. Boa leitura!

Direto do túnel do tempo (171)

ff02luizvilmar2RIO DE JANEIRO – O ano é 1982. Torneio Rio-São Paulo de Fórmula Fiat no Autódromo de Interlagos. A categoria, que herdou os antigos equipamentos da Fórmula Vê e começara um ano antes, com Maurício Gugelmin campeão, disputava em 20 de junho sua 3ª etapa do certame regional.

A propósito, o antigo carro de Gugelmin está na foto. É o #11, que foi herdado pelo catarinense Renato Naspolini, que tinha o patrocínio da Carbonífera Metropolitana. Esse carro, construído por Edson Enricone, já fora de Oswaldo dos Santos e ainda seria guiado em 1983 por Átila Sipos. Mas em primeiro plano na imagem, está Luiz Carlos Vilmar Júnior (lembram dele?), que corria com o patrocínio da concessionária Galileo e era um dos remanescentes da Fórmula VW 1300. A velha guarda há de lembrar que o carro do Vilmar era um Kaimann, construído com licença austríaca aqui no Brasil por Alexandre Guimarães e que foi um dos primeiros carros da Super Vê em 1974. Quanta sobrevida teve este carrinho…

Após as duas baterias disputadas na oportunidade em Interlagos, Naspolini venceu, com Vilmar em 2º e Aderbal Grillo em terceiro. O falecido piloto carioca Nelson Balestieri chegou em quarto, seguido por Luiz Zornig, Oswaldo Scheer Fº, Luiz Scarpin, Mário Petrelli, Flávio Pulga e Élcio Prior.

Pena que a Fórmula Fiat tenha tido vida tão curta. A categoria acabou em 1984, mas por ela, além de Gugelmin, Naspolini e Átila Sipos, passaram pilotos como o Zé David, hoje instrutor em escola de pilotagem e chefe de equipe, e o Djalma Fogaça, o “Caipira Voador”.

Há 32 anos, direto do túnel do tempo.

Direto do túnel do tempo (156)

michelealboretoRIO DE JANEIRO – Neste dia 23 de dezembro, se vivo fosse, Michele Alboreto teria completado 57 anos de idade. Graças a Ken Tyrrell, chegou à Fórmula 1 em 1981 quando ainda competia em paralelo no Europeu de Fórmula 2 pela Minardi. Com pouco mais de meia temporada cumprida em seu primeiro ano na categoria máxima, Alboreto conquistou a confiança do velho Ken e tornou-se primeiro piloto em 1982.

Com o Tyrrell 011, desenhado por Maurice Philippe e Brian Lisles, a carreira de “Il Marocchino” decolou, com bons resultados a despeito da situação orçamentária apertada do tradicional time britânico.

Sexto no GP do Brasil, Alboreto foi promovido a quarto, com a desclassificação de Keke Rosberg e Nelson Piquet. Repetiu o resultado em Long Beach, de novo beneficiado com a perda de pontos de um adversário, desta vez de Gilles Villeneuve. E chegou ao primeiro pódio no GP de San Marino, boicotado pela maioria absoluta dos times da Formula One Constructors Association (FOCA) em represália à desclassificação de Piquet e Rosberg no Brasil. A FOCA autorizou ao menos a Tyrrell para poder competir e fazer o número mínimo de carros inscritos para uma corrida válida pelo Mundial de Fórmula 1.

Após um período longe dos pontos, Alboreto voltou a andar bem na segunda metade do campeonato. Foi 6º colocado em Paul Ricard, quarto em Hockenheim e quinto em Monza. E veio Las Vegas, local da decisão do campeonato de 1981 e também de 1982.

No circuito montado no estacionamento do hotel Caesars Palace, Alboreto teve um de seus maiores momentos com a Tyrrell número #3 pintada de verde, por cortesia do patrocínio da Denim. O italiano só foi superado nos treinos classificatórios pelas duas Renault Turbo de Alain Prost e René Arnoux. Na corrida, conservou a 3ª posição até Arnoux abandonar, na décima-nona volta.

Prost, que comandava as ações desde a 15ª passagem, teve problemas em seu carro e perdeu rendimento. Alboreto se aproveitou da situação e assumiu a liderança na 52ª de um total de 75 voltas previstas. De quebra, registrou o recorde da pista em 1’19″539 na 59ª passagem, conquistando merecidamente a primeira vitória na Fórmula 1, coroando um belíssimo campeonato daquele que foi considerado a grande revelação do ano.

A imprensa italiana incensou seu compatriota, desejando que ele fosse o legítimo sucessor de Alberto Ascari. Como todo mundo sabe, Alboreto chegou à Ferrari em 1984, mas com exceção de um vice-campeonato em 1985, não obteve o sucesso esperado e desejado. O piloto perambulou por equipes de médio e pequeno escalão até 1994, quando encerrou sua trajetória na Fórmula 1.

“Il marocchino” correu ainda no ITC/DTM, na Fórmula Indy e depois foi andar de Esporte-Protótipo. Ele, que já havia sido piloto da Lancia no começo de suas atividades na F-1, teve oito aparições nas 24 Horas de Le Mans, com direito a uma vitória em 1997, ao lado de Stefan Johansson e Tom Kristensen. Quando já integrava a Audi no time oficial do construtor alemão, Alboreto sofreu o acidente que o matou aos 44 anos, em 25 de abril de 2001, ao capotar com o R8 da marca de Ingolstadt durante um teste em Lausitzring.

Há 31 anos, direto do túnel do tempo.

Discos eternos – Video Hits (1982)

49RIO DE JANEIRO – A série dos discos eternos resenhados pelo blog pouco a pouco abre honrosas exceções e desta vez quem aparece aqui não é um trabalho de um único artista ou grupo. É uma coletânea. E das boas.

Lançada pela CBS, hoje Sony Music, em 1982, Video Hits é uma reunião de petardos pop que fizeram muito sucesso no mundo inteiro e que ajudou a lançar vários artistas no mercado brasileiro. Foi graças a esse disco que muita gente conheceu o austríaco Falco, o genial Joe Jackson, o excelente Christopher Cross e também o mestre do soul Marvin Gaye.

Os trabalhos são abertos com “It’s Raining Again”, baladinha do Supertramp, a última lançada com Roger Hodgson ainda como frontman do grupo, que a partir daí experimentaria considerável decadência. Essa música tocou bastante nas rádios, assim como “Sexual Healing”, mais uma das matadoras canções interpretadas por Marvin Gaye, ao nível de “Let’s Get It On” e outros clássicos que ele lançou nos anos 70, auge de sua fase Motown. Marvin estava sumido do mainstream e no ano seguinte, em 1º de abril de 1984, morreu aos 44 anos, assassinado pelo próprio pai.

Phil Collins comparece com a sensacional “I Cannot Believe It’s True”. O baterista e cantor do Genesis, então em carreira solo, acertou no milhar com uma de suas grandes canções, com a marca registrada do artista: uma ‘cama’ de sopros e a bateria caprichada do carequinha genial. Um show!

A quarta faixa é um delicioso pop reggae, do cantor nascido na Guiana inglesa Eddy Grant, “I Don’t Wanna Dance” antecede aquela que, na minha opinião, é a melhor música de todo o disco. Joe Jackson compõs uma obra-prima chamada “Steppin’ Out”. Ele concebia discos conceituais e mesmo assim fazia muito sucesso. Mestre da swing music, é dele também o caprichado score musical do subestimado filme “Tucker, um homem e seu sonho”, estrelado por Jeff Bridges.

Christopher Cross, de muito sucesso com “Sailing” e “Ride Like The Wind”, tinha a sua “All Right”, da mesma safra de clássicos lançados no começo dos anos 80 e que desaguou no tema de “Arthur, O Milionário Sedutor”. Voz inconfundível, arranjos caprichados, o gordinho também era um dos gênios do pop. A faixa desta coletânea tem participação de Michael McDonald, que na época estava no Doobie Brothers.

Mas, tão gênio quanto ele – talvez mais do que todos – era Michael Jackson, que com seu Thriller estrondou mundialmente, onde todas as faixas tocaram nas rádios, feito “Billie Jean”, gostoso clássico dançante do artista e que abria o chamado Lado B.

Na sequência, o melhor da música australiana, pau a pau com o ótimo Midnight Oil: Colin Hay e sua rapaziada traziam a clássica “Down Under”, do Men At Work, grupo que também fez muito sucesso por estas bandas entre os anos 80/90. Cantando em vienense, Johann “Falco” Holzer conseguiu explodir com sua “Der Kommissar”, que ganharia um clip alucinado, faria um tremendo sucesso nas rádios e depois versão em inglês, pelo grupo estadunidense After The Fire. Falco também foi outro dos artistas desta coletânea que perdeu a vida tragicamente, num acidente de moto, na República Dominicana.

Integrante do Steely Dan ao lado do grande Walter Becker, o compositor, arranjador e tecladista Donald Fagen arrebenta com a sensacional “I. G.Y” (What a Beautiful World), sigla em inglês para International Geophysical Year, o ano internacional da geofísica. A música é uma delícia de se ouvir, com fusões de blues e jazz. Sempre bom ouvi-la.

O genial e genioso Prince, então com 25 anos, estava representado pela futurista “1999”, com direito a bateria eletrônica e o vocal característico do baixinho de Minneapolis. É a penúltima faixa do disco, que termina com a melosa “I Won’t Let You Down”, do grupo PhD, que tinha como frontman o cantor Jim Diamond. Talvez a mais fraca das 12 canções escolhidas para uma coletânea verdadeiramente espetacular.

Ficha técnica de Video Hits
Selo: CBS Discos/Sony Music
Lançada em novembro/dezembro de 1982

Músicas:

1. It’s Raining Again (Supertramp)
2. Sexual Healing (Marvin Gaye)
3. I Cannot Believe It’s True (Phil Collins)
4. I Don’t Wanna Dance (Eddy Grant)
5. Steppin’ Out (Joe Jackson)
6. All Right (Christopher Cross)
7. Billie Jean (Michael Jackson)
8. Down Under (Men At Work)
9. Der Kommissar (Falco)
10. I.G.Y. (Donald Fagen)
11. 1999 (Prince)
12. I Won’t Let You Down (PhD)

Esporte-Protótipos Inesquecíveis – Lancia LC1 Spyder (1982)

1982-lancia-lc1-group-6RIO DE JANEIRO – Vamos dar início aqui no blog a uma nova série para lembrar de carros históricos – agora entre os Esporte-Protótipos. O primeiro é este exemplar da foto: o Lancia LC1 Spyder, que disputou o Mundial de Endurance (World Sportscar Championship) em 1982.

Com as cores da Martini & Rossi e dos cigarros MS, este protótipo fez estardalhaço ao competir contra os Porsche 956 nas corridas longas. Originalmente um Grupo 6, este Lancia LC1 foi concebido pela Dallara e construído para receber um motor 4 cilindros em linha com 1.425cc turbocomprimido, ‘calçado’ com pneus Pirelli.

O LC1 era muito veloz, mas tinha problemas de confiabilidade. Logo nos 1000 km de Monza (Trofeo Filippo Caracciolo), primeira corrida do Mundial, fez a pole com Riccardo Patrese/Michele Alboreto, mas tanto este carro quanto o de Piercarlo Ghinzani/Teo Fabi acabaram pelo caminho. Nas 6 Horas de Silverstone (Pace Petroleum), Alboreto/Patrese venceram com três voltas de vantagem para o segundo colocado.

A terceira etapa foi os 1000 km de Nürburgring (Troféu Rudi Caracciola), ainda no velho Nordscheleife. E o protótipo italiano venceu, mais uma vez com Michele Alboreto e Riccardo Patrese, que tiveram a companhia de Teo Fabi. Em Le Mans, com Hans Heyer e Rolf Stommelen reforçando a esquadra italiana de pilotos, nada pôde ser feito para derrotar a Porsche, que venceu com sobras: os dois Lancia quebraram.

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Em Spa-Francorchamps, na 5ª corrida do campeonato (Troféu Diners Club), Teo Fabi passou a dividir o carro #50 com Riccardo Patrese e Michele Alboreto foi para o #51 com Pier Carlo Ghinzani. A pista belga já tinha sofrido uma redução de traçado de 14,1 km para 6,94 km e os Lancia LC1 até que foram bem: chegaram em 3º e quarto, respectivamente. Alboreto/Ghinzani conquistariam a terceira vitória em seis etapas nos 1000 km de Mugello (Trofeo Banca Toscana), na segunda corrida “caseira” do fabricante em 1982.

Nos 1000 km de Fuji, Patrese/Fabi chegaram em 2º lugar, enquanto Alboreto/Ghinzani, que partiram da pole position, abandonaram por batida. Na última corrida do campeonato de 1982, os Shell Oils 1000 km de Brands Hatch, novo segundo posto para Fabi/Patrese e mais um abandono, desta vez por falha mecânica, para Alboreto/Ghinzani.

Como o Lancia LC1 era um Grupo 6, a marca não pôde pontuar no Mundial de Marcas que, teoricamente, tinha mais peso que o certame paralelo de pilotos. A Porsche, com seu modelo 956, levou o título entre os construtores com 75 pontos somados nas cinco provas que contaram para o Mundial de Marcas, contra 70 da Ford-Rondeau e 24 da Aston Martin Nimrod.

Já entre os pilotos, quase deu para Riccardo Patrese: com 87 pontos, ele foi vice-campeão mundial do World Sportscar Championship em 1982. O campeão foi Jacky Ickx, com 95. Teo Fabi somou apenas três pontos a mais que Michele Alboreto (66 a 63) e acabou o campeonato em 4º lugar. Pier Carlo Ghinzani foi o 15º, com 21 pontos somados.

Samurai

RIO DE JANEIRO – Com auxílio luxuoso de Stevie Wonder, que gravou os trechos com gaita da canção, Djavan estrondou em 1982 com sua “Samurai”, vista aqui num protoclipe do Fantástico. O alagoano, cuja carreira começou com uma boa forcinha de uma emissora de televisão, que pôs música dele em trilha sonora de novela (“Alegre menina”), despontou em 1975 com “Fato consumado” – 2ª colocada do festival Abertura e depois com “Flor de Lis”.

“Samurai” é o clip da semana, pois.

Direto do túnel do tempo (101)

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RIO DE JANEIRO – Em tempos onde se fala de boicote ao GP da Alemanha de Fórmula 1 pela questão da falta de segurança dos pneus Pirelli, no Mundial de Motovelocidade lembro de duas corridas da categoria 500cc onde os principais pilotos se recusaram a competir. Uma foi o GP das Nações de 1989 em Misano Adriático, corrida vencida pelo italiano Pierfrancesco Chili debaixo de muita chuva. A outra foi o GP da França de 1982, em Nogaro, ganho por esta moto e pelo piloto que está a bordo dela: Michel Frutschi.

Com uma Sanvenero, motocicleta de fabricação italiana, Frutschi somou 17 pontos no Mundial de Pilotos daquele ano. Além dos quinze marcados em Nogaro, o suíço fez um 9º lugar em Spa-Francorchamps.

Frutschi deixou a Sanvenero e entrou no campeonato de 1983 com uma Honda, com a qual morreria após acidente em 3 de abril, no circuito francês de Le Mans Bugatti. Em toda sua carreira, o melhor resultado foi um 5º lugar no Mundial de 1979, na classe 350cc.

Há 31 anos, direto do túnel do tempo.

“It’s raining again…”

RIO DE JANEIRO – O Alexandre Carvalho deu a dica de pôr no blog no clip da semana todos os vídeos de músicas aludindo a coletânea Video Hits, lançada em fins de 1982 pela CBS – e que eu tive em fita cassete. Mas, como hoje chove a cântaros no Rio de Janeiro, vou apelar para essa aqui: “It’s raining again”, do Supertramp, antes de Roger Hodgson deixar o grupo, é o clip da semana.

Tal filho, tal pai…

RIO DE JANEIRO – … ou, quem sai aos seus, não degenera. Os Piquet gostam mesmo de uma briga. Apesar de serem amigos hoje, Nelsão, o pai, perdeu as estribeiras com o chileno Eliseo Salazar no GP da Alemanha de 1982, em Hockenheim. Hoje, foi a vez de Nelsinho, o filho, ser tirado do sério pela primeira vez na Nascar.

Na corrida de hoje disputada em Richmond pela Nationwide Series, Piquet Jr. foi às vias de fato com Brian Scott, bem ao estilo do que o pai mostrou ao mundo inteiro há 31 anos. Os ianques não têm muito o que dizer sobre pancadaria na Nascar. Até arremesso de capacete vale, então o que Nelsinho fez não diferiu de muita gente na Stock Car.

E nem do pai. Até porque… tal filho, tal pai.

Discos eternos – Thriller (1982)

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RIO DE JANEIRO – Em 1982, Michael Jackson presenteou o mundo da música com um videoclip histórico e um disco idem. Três anos após o excepcional Off The Wall, de músicas maravilhosas como “Rock With You” e “Don’t Stop ‘Til Get Enough”, o artista estrondava com seu sexto álbum, Thriller.

Para quem pensa que foi um disco fácil de ser produzido, nada menos exato: foram 30 canções trabalhadas por ele e Quincy Jones durante um período de seis meses. Dessas trinta, apenas nove foram usadas – porque ainda não havia o Compact Disc e a primeira fornada de Thriller foi lançada mesmo em vinil. Some-se a isso o desgaste natural provocado por egos em fúria e pela constante busca de Jacko pela perfeição, mais preocupado em ensaiar passos e coreografias do que, propriamente, gravar o sexto disco de sua carreira-solo.

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One on one

RIO DE JANEIRO – Música de 1982 que adoro ouvir e cujo nome não sabia. Até ontem. Tinha certeza que era da dupla Darryl Hall & John Oates, pois sua linha melódica remete a “I can go for that (No can do)”, gravada por eles um ano antes e lançada no disco Private Eyes. A matadora baladinha “One on one” foi o carro-chefe do trabalho dos artistas há 31 anos atrás, o álbum H2O.

Então curtam Hall & Oates e a clássica “One on one” no clip da semana.

SCIENCE!

RIO DE JANEIRO – Três décadas atrás, um movimento musical chamado Synthpop foi o responsável pelo surgimento da música do vídeo acima e do surgimento de Thomas Dolby, ou melhor, Thomas Morgan Robertson.

Em 1982, ele conquistou as paradas de sucesso com sua “She blinded me with Science”, chegando a #5 no Top 100 da Billboard. Mas nunca mais conseguiu repetir o êxito inicial – embora tenha conseguido fazer alguma fama como produtor de trilhas para celulares e videogames.

Thomas quase foi processado pelo laboratório Dolby (aquele mesmo que vocês estão pensando), pelo uso indevido do nome. Mas chegou-se a um acordo e ele pôde continuar com o nome artístico – até hoje. Aos 54 anos, ele planeja lançar um novo disco.

Com vocês, “She blinded me with Science”, no clip da semana.

Saudosas pequenas – Theodore, parte II

RIO DE JANEIRO – A Theodore Racing aprendeu a conviver com os fracassos de todas as experiências anteriores na construção e desenvolvimento de carros de Fórmula 1. E por isso, Teddy Yip não quis brincar em serviço quando voltou com sua escuderia no Mundial de 1981. Contratou Tony Southgate, ex-BRM, Shadow e Arrows, para projetar o modelo TY01, visto pela primeira vez no GP da África do Sul, extracampeonato, com o piloto britânico Geoff Lees. Naquela corrida, ele acidentou-se e perdeu a chance de ser titular da equipe.

Yip chamou Patrick Tambay para o cockpit, contratou Jo Ramirez para ser o chefe de equipe e o lançamento do carro teve direito a coristas do famoso Moulin Rouge, que era um dos patrocínios pessoais de Tambay e teria seu logotipo estampado nas laterais do Theodore. Aliás, e a propósito, o TY01 apareceria com patrocínios assim o ano inteiro, como mostra a foto abaixo em Jacarepaguá, onde a equipe teve os logotipos do Condomínio Santa Mônica e da empresa de processamento de dados Racimec.

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Logo na primeira corrida, Tambay fez uma boa apresentação: largou em 17º e chegou em sexto, somando o primeiro pontinho da história da Theodore Racing. O francês chegou em 10º no Brasil e 11º em San Marino, abandonando com o motor quebrado na Argentina.

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Em Zolder, não se qualificou para a largada e no GP de Mônaco, Tambay acabou sendo o protagonista involuntário do acidente sofrido por Nelson Piquet na Curva da Tabacaria enquanto o brasileiro da Brabham liderava a caminho de uma vitória – que nunca aconteceu. O francês chegou em sétimo e depois faria sua última corrida pela equipe na Espanha, onde chegou em 13º. Com a aposentadoria definitiva de Jean-Pierre Jabouille, acabou convocado para correr na Talbot-Ligier até o fim do ano. Em seu lugar, entrou Marc Surer, que perdera a vaga na Ensign para Eliseo Salazar.

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A partir do GP da França, a Theodore trocou os pneus Michelin pelos Avon e o rendimento do carro nunca mais foi o mesmo. Mas mesmo saindo entre os últimos no grid, Surer conseguia chegar ao fim das corridas: foi 12º em Dijon-Prenois, 11º em Silverstone (era o sétimo quando acabou o combustível) e 12º em Hockenheim. O melhor resultado do helvético acabou sendo o oitavo posto no GP da Holanda, em Zandvoort.

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Para o Mundial de 1982, a Theodore preparou um novo carro, o TY02, mas foi o TY01 modificado que fez a primeira corrida do ano com Derek Daly, que completou o GP da África do Sul em décimo-quarto. Já a bordo do novo modelo da equipe de Teddy Yip, o irlandês teve um pneu furado em Jacarepaguá e bateu em Long Beach.

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Com a aposentadoria de Carlos Reutemann, a Williams convocou Daly para ocupar o cockpit do carro #5 a partir do GP da Bélgica e quem chegou para substituir o antigo titular foi o holandês Jan Lammers, que passou em branco nas três primeiras corridas em que dirigiu o TY02, com direito a uma bela porrada em Detroit, que o impediu de disputar o GP do Canadá.

Geoff Lees foi o seu substituto, largou em 25º mas envolveu-se na carambola onde Riccardo Paletti morreu a bordo de sua Osella. Sem carro-reserva, Lees não voltou para a segunda largada. Lammers voltou e classificou-se no GP da Holanda, em último. Fez uma corrida honesta, chegando a andar em 15º até o motor quebrar na 42ª volta.

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Lammers não se qualificaria nas corridas da Grã-Bretanha e da França, dando lugar a Tommy Byrne, que venceria o Campeonato Inglês de Fórmula 3. Sem muita experiência, o piloto britânico, então com 24 anos na época, só conseguiu largar nas corridas da Áustria e de Las Vegas, ambas em último. Rodou e abandonou em ambas, também.

Amanhã, no blog, o último post da história da Theodore Racing na série Saudosas Pequenas.

Saudosas pequenas – Ensign, parte V (final)

RIO DE JANEIRO – Em 1981, a Ensign começou o campeonato de Fórmula 1 de forma polêmica. Com a saída da Unipart como patrocinadora principal, a equipe aceitara dar sua vaga a um obscuro piloto colombiano chamado Ricardo Londoño-Bridge, mesmo após Marc Surer ter sentado no modelo N180B durante o GP da África do Sul, que acabou não valendo pontos para o campeonato.

A questão que envolvia a presença do sul-americano era relativa à superlicença, o documento que era referendado pela Féderation International du Sport Automobile (FISA), presidida por Jean-Marie Balestre, que vivia se bicando nos bastidores com Bernie Ecclestone, o todo-poderoso da Formula One Constructors Association (FOCA), com quem todos os ‘garagistas’ ingleses – Nunn, inclusive – se associavam. Os aliados de Balestre eram Ferrari, Renault, Talbot-Ligier, Alfa Romeo, Osella e a recém-chegada Toleman. Nenhuma destas equipes foi à referida corrida sul-africana, é bom lembrar.

Muito bem: a FISA argumentava que Londoño não tinha a experiência suficiente para assegurar um lugar cativo na Fórmula 1 e até que a discussão se resolvesse, a Ensign chamou de novo Marc Surer para a primeira corrida do campeonato, em Long Beach. O helvético largou em 19º e abandonou com problemas elétricos.

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Para o Brasil, Mo Nunn efetivamente inscreveu o colombiano, que apareceu com o carro cheio de patrocinadores de seu país, a fim de participar dos primeiros treinos livres em Jacarepaguá. No treino extra de quinta-feira, Londoño conseguiu uma façanha que certamente jamais esqueceu enquanto vivo – já que morreu assassinado em julho de 2009: ficou na folha de tempos entre o brasileiro Nelson Piquet e o canadense Gilles Villeneuve.

Mas a FISA entrou em ação e a entidade, que já vetara o Lotus 88, projeto inovador de Colin Chapman, por achar que ele subvertia o regulamento que bania o efeito-solo, também disse “não” e desautorizou a participação de Ricardo Londoño não só no Brasil, como em todo o campeonato de 1981.

O quartel-general da F-1 no Rio era o Hotel Intercontinental, em São Conrado. Nunn chegou esbaforido e foi logo comunicando a Marc Surer que a vaga seria dele enquanto pudesse mantê-lo no carro sem patrocinadores – pois Londoño tirou, com razão, todos os adesivos dos seus apoiadores.

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Com um dia a menos de treino que todo mundo, Surer conseguiu a 18ª posição no grid, o que para as circunstâncias, era ótimo. Choveu no dia da corrida e o suíço fez uma exibição de gala no piso molhado: passou em nono na primeira volta, figurou entre os seis primeiros desde o 29º giro, fez a melhor volta da disputa e chegou em quarto – na mesma volta do argentino Carlos Reutemann, que venceu. Desempenho épico e o melhor resultado de um Ensign na Fórmula 1.

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Mo Nunn só conseguiu manter Marc Surer na equipe por mais quatro corridas. Em Mônaco, o piloto despediu-se do time com a 6ª posição. A partir do GP da Espanha, entrou na equipe o chileno Eliseo Salazar, que trouxe seus patrocínios pessoais e vinha da March, que decidira reduzir seu esquema para apenas um carro para o resto do campeonato.

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Salazar invariavelmente classificava o N180B em último (cinco vezes, aliás, sendo quatro de forma consecutiva) ou entre os últimos. Ele só terminou duas corridas e numa delas, em Zandvoort, na Holanda, conquistou um inesperado 6º posto, deixando a Ensign em 11º no Mundial de Construtores – o que não foi suficiente para assegurar o transporte gratuito dos equipamentos do time para as provas fora da Europa em 1982.

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O jeito foi trazer outro pay driver para o time e desta vez Mo Nunn contratou um colombiano que vinha bem credenciado por desempenhos interessantes na Fórmula Ford, Fórmula 3 inglesa e Fórmula 2 europeia: com 22 anos apenas, Roberto Guerrero se credenciou para guiar o N181, projeto de Nigel Bennett para o time britânico.

Não foi fácil para Guerrero começar na Fórmula 1. Nas cinco primeiras corridas em que tomou parte, só conseguiu qualificação em Long Beach, onde largou em 19º e bateu. Os pneus Avon eram o ponto fraco do conjunto e a partir de Detroit, uma cota dos Pirelli foi destinada à Ensign.

Ensign N181

O desempenho do carro melhorou bastante: Guerrero conseguiu o 11º lugar no grid em Detroit, mas foi tirado da corrida por Elio de Angelis. Sem muita experiência, o colombiano ficou de fora em várias corridas, mas mesmo assim fez uma ótima corrida em Hockenheim e chegou em oitavo. No fim do ano, o piloto já se classificava com frequência no meio do pelotão, mas a equipe já se encontrava em processo terminal e em 1983, a Ensign foi desfeita, passando às mãos de Teddy Yip, da Theodore.

Como construtor dos seus próprios bólidos, em dez temporadas, Mo Nunn viu a equipe largar 99 vezes, somando uma melhor volta e 19 pontos em sua história. Após deixar a Fórmula 1, o engenheiro britânico mudou-se para os EUA, onde foi o principal engenheiro da Chip Ganassi Racing, estabelecendo uma profícua parceria com Alessandro Zanardi.

Em 2000, ele voltou ao status de dono de equipe: formou a Mo Nunn Racing, que correu na CART e na IRL por alguns anos. Ele trabalhou com os brasileiros Tony Kanaan e Felipe Giaffone e foi num dos carros do time que Zanardi sofreu o monstruoso acidente que lhe custou a amputação das pernas em Lausitzring, na Alemanha. A última aparição de sua equipe numa temporada completa foi em 2004, na IRL, com o japonês Tora Takagi e com Jeff Simmons a bordo somente nas 500 Milhas de Indianápolis.

Aos 74 anos, Mo Nunn curte sua aposentadoria, depois de ter colaborado mais uma vez com Chip Ganassi, desta vez como consultor.

Direto do túnel do tempo (31)

RIO DE JANEIRO – O vídeo acima é histórico. Trata-se do registro do primeiro reabastecimento da era moderna da Fórmula 1 feito no meio de uma corrida – o GP da Áustria de 1982, no circuito de Zeltweg, após várias tentativas frustradas por quebras de motor (Inglaterra e França) ou acidentes (Alemanha). Ideia egressa da Fórmula Indy trazida por Gordon Murray e comprada por Nelson Piquet na Brabham, então dirigida pelo todo-poderoso Bernie Ecclestone.

Em matéria de passos à frente e leitura de regulamento, a dupla foi talvez a mais criativa daqueles tempos. Basta dizer que, no ano seguinte, como a tática dos reabastecimentos começou a dar certo, todo mundo copiou. A FIA permitiria os pit stops a partir de 1984, somente para troca de pneus. O reabastecimento, tal como conhecemos, foi banido por uma década e só regressou em 1994.

Há 31 anos, direto do túnel do tempo.

Saudosas pequenas – Toleman, parte I

RIO DE JANEIRO – Muita gente acha graça quando dizemos que a Lotus da Fórmula 1 dos dias de hoje nada tem a ver com a de Colin Chapman e que existiu entre 1958 e 1994. E não tem mesmo, a começar por sua gênese.  A Lotus já foi a Renault, que já tinha sido a Benetton, que por sua vez foi, entre 1981 e 1985, uma equipe britânica chamada Toleman.

A história da Toleman começa nos anos 20, não como escuderia automobilística, claro, mas como uma companhia de transporte e entregas sediada na região de Old Trafford, em Manchester. Fundada por Edward Toleman em 1926, a empresa mudou-se em dois anos apenas para Dagenham, em Londres. Nos anos 50, o filho de Edward, Albert, tomou as rédeas da companhia, mas quando o patriarca morreu em 1966, Ted Toleman tornou-se o chefão da Toleman Group.

Em 1977, Ted conheceu Alex Hawkridge, um entusiasta do automobilismo e a Toleman começou o seu envolvimento com o esporte a motor, primeiro na Fórmula Ford 2000. No ano seguinte, a recém-criada Toleman Motorsport alinhou um chassi March 782 com motor BMW para Rad Dougall.

864240173d301cccdcbb66518ddbc2456a00be16d97bed14cc3adc20Em 1979, ainda comprando chassis de outros fornecedores, Hawkridge contratou um sul-africano de nome Rory Byrne, para desenhar um Fórmula 2 próprio e, enquanto o carro não ficava pronto, Brian Henton disputou palmo a palmo com Marc Surer (March) e Eddie Cheever (Osella) o título europeu daquele ano, enquanto Dougall alinhava o velho March 782. O britânico acabou com o vice-campeonato, guiando um Ralt RT2 com motor Hart.

bh-mug80Na temporada de 1980, a Toleman alçou voo de cruzeiro: além de construírem carros para o time oficial, tiveram a Docking & Spitzley como clientes, além da San Remo Racing. O modelo TG280, o primeiro monoposto com a griffe Toleman, foi um sucesso. Aliado ao motor Hart e aos pneus Pirelli, com o suporte da British Petroleum, o desempenho da Toleman Motorsport foi excelente.

Brian Henton sagrou-se campeão europeu de Fórmula 2 com 61 pontos, três vitórias e nove pódios em 12 corridas daquele ano. Derek Warwick, seu companheiro de equipe, foi o vice-campeão, somando 42 pontos, uma vitória e sete pódios. Os pilotos dos times-clientes também conseguiram algum sucesso: Siegfried Stohr venceu em Enna-Pergusa, na Itália e Huub Rothengatter em Zolder, na Bélgica – corrida onde, aliás, quatro TG280 ficaram nas quatro primeiras posições. Ao todo, a Toleman venceu 50% das corridas de F-2 em 1980. Os chassis March ganharam quatro corridas e a AGS faturou duas etapas.

Isto motivou Ted Toleman e Alex Hawkridge a tentarem um baita salto no escuro: transformar a Toleman Motorsport numa equipe de Fórmula 1. No início das discussões, chegou-se a cogitar um acordo com a Lancia, que construía protótipos do World Sportscar Championship e preparava carros do Mundial de Rali. Mas a Toleman decidiu manter a parceria com Brian Hart e deu a oportunidade ao antigo piloto e então construtor de motores para estrear junto com o time britânico na categoria máxima do automobilismo.

Outra novidade a reboque da estreia da Toleman foi o retorno da Pirelli como fornecedora de pneus na Fórmula 1, o que não acontecia oficialmente desde o ano de 1958 – portanto, 23 anos desde a participação anterior dos italianos.

1182193593_fO primeiro chassis concebido por Rory Byrne para a equipe foi o TG181. Não era, logicamente, um primor de construção. O carro era muito mais pesado que todos os outros naquele ano – tinha 640 kg. E para completar, o motor Hart dotado de turbocompressor, alcunhado 415T (quatro cilindros e 1,5 litro de capacidade cúbica), não tinha a potência desejada. Debitava menos de 500 cavalos a menos de 10 mil rotações por minuto. Previa-se um ano duro pela frente.

Ausente das três primeiras corridas – EUA-Oeste, Brasil e Argentina – a Toleman fez sua primeira aparição no GP de San Marino, em Imola. Warwick e Henton foram os mais lentos na qualificação entre 30 pilotos. O que eles e a equipe não poderiam adivinhar é que isto seria uma triste rotina em várias corridas, com nenhum dos dois pilotos se qualificando.

Após nove fracassos consecutivos, a Toleman teve enfim uma alegria quando Brian Henton finalmente qualificou o TG181 para uma corrida: foi em Monza, para o GP da Itália. O britânico alinhou em 23º e penúltimo para terminar em décimo lugar.

2272509952_856b83e8aeFoi um resultado que injetou algum ânimo ao time e, embora no Canadá os dois pilotos tenham falhado a qualificação, Derek Warwick finalmente fez sua estreia na última corrida do ano, em Las Vegas. Largou em 22º e abandonou após 43 voltas por quebra de câmbio.

Ao mesmo tempo, os velhos Toleman TG280 ainda tinham uma sobrevida na Fórmula 2 europeia em 1981 – contudo sem serem tão competitivos quanto no ano anterior. Stefan Johansson, que competia na equipe Docking & Spitzley, associada à Toleman, alinhava por exemplo o modelo Lola T850. Com ele, o sueco venceu duas corridas naquela temporada.

Em 1982, a Toleman permaneceu na Fórmula 1 com o mesmo pacote técnico e o novato italiano Teo Fabi, então com 26 anos, sucedendo Brian Henton. O chassi TG181 foi adaptado à volta do efeito-solo e virou TG181C, com 50 kg a menos. O motor Hart, que não rendeu nada na temporada de estreia, ganhou mais potência – debitava 580 HP, e a equipe começou razoavelmente bem o ano. Warwick classificou-se em 14º no grid do GP da África do Sul em Kyalami e abandonou por batida.

Após a desclassificação de ambos os pilotos no Brasil e em Long Beach, a Toleman teve uma oportunidade ótima para marcar seus primeiros pontos no esvaziado GP de San Marino, em Imola. Sem muita oposição dos times britânicos, a equipe – que era do bloco da FISA, de Jean-Marie Balestre – poderia ter alcançado um bom resultado. Warwick abandonou com pane elétrica e Fabi, mesmo tendo recebido a quadriculada, não completou o número de voltas necessário para ter direito a classificação.

No GP da Bélgica, os dois pilotos não terminaram e em Mônaco, a velha rotina: Warwick e Fabi ficaram de fora. Alex Hawkridge sugeriu uma pausa para reavaliar o desempenho da equipe e a Toleman não viajou para a corrida de Detroit e muito menos ao GP do Canadá, em Montreal.

6802077699_d3c386eab4_oO GP da Holanda marcaria um turning point na história da escuderia. Derek Warwick qualificou-se em 13º e abandonou com um vazamento de óleo. Mas o piloto entrou para a história ao fazer a volta mais rápida em prova com o tempo de 1’19″780. Soube-se, tempos depois, que o TG181C de Warwick estava, de fato, com pouco combustível e pneus Pirelli de composto macio. Uma artimanha bem-sucedida para angariar simpatia para a recém-chegada equipe.

Não tanto quanto o desempenho do GP da Inglaterra, em Brands Hatch. O que aconteceu naquela corrida em 18 de julho de 1982 foi absolutamente inesperado: décimo-sexto no grid, Warwick passou a primeira volta em décimo e galgou posições ultrapassando – pela ordem – Alain Prost, Michele Alboreto, Bruno Giacomelli e Andrea De Cesaris nas 10 primeiras voltas, sem contar a quebra da Brabham BMW de Nelson Piquet, que era o líder.

Inspirado, possuído ou talvez tudo isso junto, Warwick ganhou mais uma posição ao superar a Lotus de Elio de Angelis na 12ª volta e seis passagens mais tarde, o britânico já estava em terceiro, ao superar Derek Daly, da Williams.

82 35 Warwick TG181C Har (Pironi, de Angelis) BRI01A segunda posição era de Didier Pironi e a liderança de Niki Lauda, com McLaren. Pironi guiava para a Ferrari, a poderosa equipe italiana que seria campeã mundial de Construtores. Quem iria prever que, tal como Davi diante de Golias, a Toleman conseguiria a façanha de ultrapassar um carro vermelho? Pois Warwick deixou Pironi para trás e confortavelmente se instalou em segundo até a altura da 41ª volta, quando quebrou algo no Toleman TG181C e a torcida que lotava Brands Hatch – e se emocionou com o esforço do piloto – ficou triste.

Muita gente suspeitou que o desempenho fora do normal do piloto britânico naquela corrida tinha a ver com o fato do TG181C estar fora do regulamento. Como Warwick desistiu, isso nunca foi provado. Mas o bom desempenho do carro em Brands Hatch traria uma segunda metade de campeonato bem mais promissora do que o esperado.

8235warwicktg183harita0Muito embora o melhor resultado do ano tenha sido um 10º lugar no GP da Alemanha, a Toleman mostrou evolução, especialmente nos treinos classificatórios. No fim do ano, foi apresentado o TG183, o primeiro chassi da equipe concebido em compósito de fibra de carbono em detrimento do alumínio usado no TG181 e seus derivados. Só Warwick andou no modelo novo nas duas corridas finais em Monza e Las Vegas, onde conseguiu um ótimo 10º lugar no grid. Mas na Itália, o britânico bateu na primeira volta – ironicamente – com o antigo colega de equipe Brian Henton e em Vegas um problema nas velas do motor Hart tirou o piloto da disputa.

No próximo post, veremos como a Toleman conseguiu crescer em 1983 e impressionar em 1984 graças a um certo Ayrton Senna…

Direto do túnel do tempo (27)

303589329_fb5e5aa5dc_zRIO DE JANEIRO – Numa época onde era bastante comum a passagem de construtores de Fórmula 2 para a Fórmula 1, o alemão Willy Maurer talvez tenha sido uma rara exceção à regra. Com seus carros, ele disputou a categoria intermediária entre 1979 e 1983, tendo sido o responsável pelo lançamento do piloto do carro acima.

Pela Maurer, Stefan Bellof disputou o Europeu de F-2 em 1982 e 1983, conquistando duas vitórias em seu primeiro ano na categoria, nos circuitos de Silverstone e Hockenheim (foto). O piloto foi 4º colocado com 33 pontos e em 1983, com apenas dois resultados entre os seis primeiros, terminou em 9º com nove pontos.

O construtor alemão teve, infelizmente, o desprazer de ver acontecer em 1980 o acidente fatal que ceifou a vida do austríaco Markus Höttiger. Ao todo, em cinco temporadas, a Maurer somou quatro vitórias e contou com dezesseis pilotos em sua trajetória na Fórmula 2.

Há 31 anos, direto do túnel do tempo.

Saudosas pequenas – Arrows, parte III

RIO DE JANEIRO – A Arrows entrou no campeonato de 1981 com novidades técnicas e desportivas. O modelo A3 do ano anterior foi redesenhado por Dave Wass para funcionar dentro do regulamento daquele ano, que bania o efeito-solo. Com a introdução de radiadores de alumínio, para deixar o “novo” A3B melhor e mais leve, a equipe pretendia dar um salto em relação ao ano anterior. Veio também o patrocínio da Cerâmica Ragno, mudando o visual do carro com uma pintura alaranjada e Riccardo Patrese ganhou um novo companheiro de equipe: o também italiano Siegfried Stohr, formado em psicologia e que vinha da Fórmula 2 europeia.

1981_Arrows_1Com a Goodyear fora da Fórmula 1 e todas as equipes – exceto a Toleman –  usando os pneus Michelin de construção diagonal, a Arrows começou o ano muito bem. Patrese conquistou a pole position para a corrida inaugural do campeonato em Long Beach (houve um GP na África do Sul, que não valeu) e liderou a corrida por 24 voltas até a pressão do óleo cair e o motor quebrar.

As boas performances de Patrese continuaram nas etapas seguintes: ele foi 3º na chuva de Jacarepaguá, sétimo na Argentina e segundo em Imola, na estreia do GP de San Marino. Ainda aprendendo a lidar com um F-1, Stohr não se qualificou em Long Beach e Imola, bateu na largada do GP do Brasil e foi 9º em Buenos Aires.

No GP da Bélgica, em Zolder, a Arrows passou por um momento terrível na temporada. O carro de Riccardo Patrese não se moveu quando a largada foi autorizada e Stohr, que vinha de 13º no grid, atropelou o mecânico-chefe da equipe, Dave Luckett, que sofreu lesões nas duas pernas e comoção cerebral (vídeo abaixo). Em Mônaco e Jarama, na Espanha, os dois pilotos andaram bem, dentro de suas possibilidades, mas abandonaram com problemas mecânicos.

Entretanto, a Goodyear voltou à categoria fornecendo pneus primeiro para Williams e Brabham, depois atendendo Lotus e Tyrrell – esta por influência de Jackie Stewart. Era o recomeço da chamada “guerra dos pneus” e a Michelin privilegiou Ferrari, Renault e Talbot-Matra, relegando a segundo plano as outras equipes “clientes” da marca. Tanto que a Arrows teve que se socorrer de pneus usados por Patrese no GP de Long Beach para pelo menos correr com um carro em Dijon-Prenois, na França, antes que o time se arranjasse com outro fornecedor no mercado.

ss-d81A Arrows convenceu os italianos da Pirelli, que só tinham a Toleman como cliente, a fornecer pneus até o fim do campeonato. Patrese ainda conseguiu alguns desempenhos honestos nos treinos classificatórios, mas uma série de abandonos jogou por terra todas as possibilidades da equipe na segunda metade do ano. Stohr, quase sempre largando entre os últimos, não colaborava. Após não se qualificar no GP da Itália, em Monza, perdeu a vaga no time para as duas últimas corridas para Jacques Villeneuve, irmão de Gilles Villeneuve e tio do campeão mundial de Fórmula 1 em 1996, também chamado Jacques. Não resultou em nada: apesar de carregar o sobrenome famoso, o substituto de Stohr também não se classificou.

5764625778_760f2da6b8_zCom o 8º lugar no Mundial de Construtores, somando 10 pontos e empatada com Alfa Romeo e Tyrrell, a Arrows precisou trocar seus pilotos para o Mundial de 1982. Riccardo Patrese foi embora para a Brabham e em seu lugar, como primeiro piloto, entrou o suíço Marc Surer. No segundo carro, veio o italiano Mauro Baldi, campeão europeu de Fórmula 3 em 1981. O carro, de novo explorando o efeito-solo, era o A4, mais uma vez concebido por Dave Wass.

A temporada começou com percalços: Marc Surer – de novo! – sofreu um sério acidente em Kyalami e foi substituído de última hora por Brian Henton nas corridas iniciais do campeonato. Mauro Baldi alternou ausências na África do Sul e Long Beach com o 10º lugar no GP do Brasil. A volta de Surer no GP da Bélgica, em Zolder, injetou um pouco de ânimo na equipe e os resultados começaram a aparecer.

No Canadá, na tumultuada corrida marcada pela morte de Riccardo Paletti, Surer chegou em quinto. Baldi fez uma ótima corrida na Holanda, no circuito de Zandvoort e somou seu primeiro pontinho na Fórmula 1. Em Hockenheim, Surer largou de último para chegar em 6º e Mauro Baldi repetiu o resultado em Zeltweg, na Áustria.

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Nas três últimas etapas de 1982, a Arrows lançou mão tardiamente do modelo A5, uma evolução do carro usado ao longo de todo aquele ano. Os dois pilotos se revezaram na condução do bólido – Surer andou com ele na Suíça e Las Vegas e Baldi, por uma questão óbvia, guiou o carro na Itália. Um 7º lugar de Surer em Vegas foi o melhor resultado do A5, que chegou a ser testado com vistas à temporada de 1983 (inclusive já com os pneus Goodyear) com um aerofólio traseiro montado na dianteira, para acabar com os insolúveis problemas de aderência que o carro apresentou em sua curta presença na categoria.

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Na próxima postagem, vamos conhecer a trajetória da equipe nos campeonatos de 1983 e 1984.